Bodyboard no Velho Mundo

Caminhos de Portugal

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Com a realização da etapa portuguesa do Circuito Mundial de Bodyboard, que aconteceu na Praia Grande, Sintra, no final do mês de agosto, resolvi enviar este texto e algumas fotos pra passar um pouco do que vivi em terras lusitanas.

 

Que Portugal tem altas ondas, além de cultura do mar e mercado do esporte desenvolvido eu já tinha escutado e lido em diferentes publicações por aí.

 

Para comprovar estas informações, bastava acessar os sites de busca da internet, procurar vídeos, revistas e dicas de ondas que facilmente encontraria bons conteúdos. Mas, viajar em busca de ondas e culturas diferentes é algo que aprecio e para minha satisfação pude comprovar que, mesmo não sendo a melhor época (verão), tudo o que li e ouvi falar é verdade.

 

Segundo a revista portuguesa Vert, uma das mais conceituadas no mundo do bodyboard, as primeiras pranchas para prática do esporte surgiram por aqui em meados de 1982 (Revista Vert, edição nº 100, jun/jul 2010, página 53).

 

Ou seja, pouco tempo atrás. De lá pra cá o mercado cresceu e segue em expansão, isto pode ser observado na presença de portugueses no ranking mundial, pelo alto nível de performance de alguns bodyboarders em algumas praias, também com a divulgação constante de novos picos de ondas cavadas, tubulares e fortes espalhadas pela costa.

 

Além disso, há uma enorme quantidade de bodyboard shops, de escolas especializadas e praticantes de diferentes idades (é normal ver pessoas entre os 40 e 50 anos, bem como crianças e adolescentes) de Norte a Sul. Também vale ressaltar a alta produção de filmes locais (forte influência australiana), a variedade de equipamentos a disposição e a realização do Sintra Pro.

 

Mas, como se sabe, uma semente só floresce em terra boa e sem ondas propícias para o bodyboard o desenvolvimento visto não teria acontecido. Para citar algumas que conheci (até o momento) e gostei muito: Costa de Caparica, Leça da Palmeira na região da cidade do Porto, Supertubos em Peniche, os fundos de pedra da Ericeira (são vários), a Ponta do Ruivo, próxima a Sagres (quase no mediterrâneo) e a Praia do Norte, em Nazaré.

 

Conversando com as pessoas nas praias que visitei, ouvi falar de tantas outras escondidas que dependem das condições específicas para quebrar, entre elas o Zavial (Sagres), Mini Pipe em Peniche e a Foz (esta é melhor não contar onde fica).

 

O Velho Mundo guarda segredos inimagináveis e seus caminhos são convidativos! Em muitas destas praias há atletas que são referência e destacam-se nas ondulações que encostam em seus home breaks.

 

Vale ressaltar que a economia estável é um fator que influencia na solidez do mercado, bem como na qualidade de vida da população. As boas estradas, o baixo índice de assaltos, roubos e violência convidam a viajar pelo país em busca das melhores condições do mar!

 

É possível acessar câmeras ao vivo em mais de 40 praias pela internet e decidir para onde ir, já que aproximadamente 6 horas são suficientes para atravessar o País de Norte a Sul. Nas regiões metropolitanas é possível encontrar pousadas da juventude que oferecem os preços mais acessíveis, nas praias afastadas das cidades os campings (ou a própria praia) são a melhor pedida para estadia. Com € 5 tem-se uma refeição muito boa, com direito a vinho (muito bons por sinal).

 

Trens, ônibus e metrôs dão acesso as ondas próximas aos centros urbanos, porém um carro possibilita explorar ondas escondidas e sem crowd.

 

Concordando ou não com o processo de colonização / exploração que os portugueses desenvolveram no nosso pais, vale a pena visitar os sítios históricos e aprender sobre a cultura local, suas construções, guerras, expansão territorial. Por vezes sente-se como em um filme medieval e fica fácil imaginar como eram as expedições, o comércio e a vida de um modo geral. Considero um bom exercício para o cérebro entre umas ondas e outras, a riqueza cultural é realmente fascinante.

 

Tive a oportunidade de encontrar com o amigo Tiago Wolter, bodyboarder catarinense radicado em Lisboa. Alem de um grande parceiro para as “sessions” é o guia turístico das barcas nas suas horas vagas.

 

Seguem algumas fotos das ondas, pequenas é verdade, pois aqui é verão e assim como no nosso país as maiores aparecem no inverno ou meia estação, porém, se encontra boa qualidade e formação de ondas se optar pela época de calor.

 

Para aqueles que querem conhecer Portugal, digo com convicção que é muito válido e para pegar altas ondas basta querer. Se respeitar as regras básicas do mar será recebido no outside com um sorriso e a frase “Epá, ta-se bem?”.