Crowd no palanque

Bukão apresenta novo julgamento

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Novo sistema de julgamento foi testado durante o ISA Junior 2007, em Costa de Caparica, Portugal. Foto: Maurício Filgueiras.

Qual carro é mais bonito: um DKW Vemag 1965 ou uma Ferrari Testarossa 2007? Se você basear a pesquisa na resposta de apenas duas pessoas e uma delas for um ?sessentão? saudosista e fanático por caros antigos, talvez a conclusão seja de que 50% das pessoas considerem o DKW mais bonito do que a Ferrari.


Porém, se você entrevistar mil pessoas, certamente o resultado favorecerá a Ferrari. Este exemplo é apenas para demonstrar que uma análise (ou julgamento) sobre algo subjetivo – que não se pode medir, pesar ou contar unitariamente – depende do número de opiniões para se chegar o mais próximo possível do conceito aceito como correto.


Dentro desta premissa, e seguindo também o exemplo de esportes com julgamento subjetivo dentro das Olimpíadas, a ISA realizou uma experiência histórica durante as fases finais do Quiksilver ISA World Junior Surfing Championships, mundial para atletas de até 18 anos realizado em Portugal.


Aproveitando-se do fato de a competição iniciar em dois palanques e no seu final se concentrar em apenas um, o quadro de juízes, que normalmente é de cinco pessoas, foi aumentado para oito juízes.
 
Em vez de para cada onda serem cortados dois juízes (a maior e a menor nota), foram cortados os dois juízes com as notas mais baixas e o juiz com a nota mais alta, sobrando cinco juízes para compor a média de cada onda.


Por que cortar dois na mais baixa e só um na mais alta? Duas razões: a primeira é que, sobrando cinco juízes (número ímpar), a possibilidade de empates é minimizada. 
E cortar apenas um juiz na parte alta das notas atende ao pedido da maioria esmagadora dos head-judges que desejam uma escala mais aberta, evitando que notas comprimidas formem a média final.


Outra novidade: na planilha impressa pelo computador aparecem somente as cinco notas que compuseram a média final, sendo que os três juízes que foram cortados têm suas notas suprimidas por não interessarem à média final.


O resultado foi excelente e pôde ser medido pelo número de protestos recebidos durante a prova – apenas um, e relativo à marcação de interferência, não tendo sido registrado nenhum protesto com relação a scores.


A análise das papeletas de juízes mostrava claramente que, quando se considera apenas cinco de oito juízes, naturalmente as flutuações entre as notas ficam menores.

Além disso, mesmo que algum juiz que fique entre os cinco ainda tenha uma nota fora da média, esta diferença é ?absorvida? pelas notas dos outro quatro juízes, não implicando em variação sensível no score final.


Outro ponto bastante positivo é que a necessidade de o head-judge ?pilotar? a bateria, fazendo eventuais correções, fica bastante reduzida, pois a média final sempre reflete a realidade dentro d?água.


Portanto, o head fica livre para sua tarefa real, que é a de ser o ?maestro? da banda, apenas ditando o ritmo, mas sem precisar tocar no lugar dos músicos. Infelizmente este novo formato dificilmente irá vingar em eventos fora da ISA por questões óbvias de orçamento, pois é praticamente inviável aumentar o número de passagens, salários e estadias de sete para doze juízes.

De qualquer maneira, a experiência foi feita e mostrou um caminho que, talvez de futuro a médio prazo, seja a resposta para um dos pontos mais delicados e importantes do nosso esporte.