Desabamentos no Rio

Bob Hurley abraça causa

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Motivados pelas tragédias da região serrana do Rio, Jon Rose e Bob Hurley apresentam movimento Waves for Water na capital carioca. Foto: Gustavo Cabelo.

Kit básico conta com sistema de filtragem de água e previne doenças como malária, febre amarela e cólera. Foto: Gustavo Cabelo.

Em praticamente todas as catástrofes naturais, guerras ou tragédias enfrentadas pela raça humana, ter água potável é o mesmo que possuir ouro.

 

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Com a intenção de diminuir o sofrimento de quem passa por esta situação, o surfista profissional Jon Rose idealizou o movimento Waves for Water.

 

Na última sexta-feira, em uma rápida passagem pela cidade do Rio de Janeiro (RJ), Rose apresentou o projeto para jornalistas ao lado do lendário Bob Hurley, fundador da Hurley International e padrinho da iniciativa.

 

O evento aconteceu no restaurante Pe’ahi, localizado na Barra da Tijuca, onde Rose explicou como um simples filtro de água pode ajudar as milhares de vítimas dos desabamentos na região serrana do estado.

 

O Waves for Water consiste em um kit básico com sistema de filtragem simples. Considerado eficaz e barato, ele possui filtro, alguns tubos, um balde e pequenas conexões.

 

Apesar da simplicidade que beira o rudimentar (não fosse o filtro fabricado nos EUA a tecnologia seria à base de um balde simples e borrachinhas), a filtragem da água é perfeita e intercepta micro-organismos que transmitem doenças como malária, febre amarela e cólera.

 

Jon Rose veio ao Brasil motivado pelas tragédias do último mês na região serrana do Rio de Janeiro. O surfista comunicou-se com amigos brasileiros e em pouco tempo desembarcou no país com vários filtros na mochila.

 

No Rio de Janeiro, Rose pôde explicar como funciona o produto, onde tudo começou e o trabalho semelhante que seu pai já realizava em países africanos. Segundo ele, o Waves for Water começou há cerca de dois anos, quando fora acometido por uma espécie de crise existencial.

 

“Eu queria saber o que realmente faria na minha vida. Meu pai já tocava um projeto de beneficiamento de água na África e resolvi que faria algo também”, conta Rose.

 

O projeto cresceu e ganhou adeptos, na maioria surfistas, que levam uma vida nômade em busca de ondas. “O que nós fazemos é basicamente conectar as pessoas com a tecnologia. Em todos os lugares pelos quais passamos – não só os afetados por tragédias – percebemos que havia necessidade de ter água potável”, diz.

 

Por aqui a iniciativa teve apoio de amigos brasileiros, além de uma empresa que doou 100 kits direcionados às vitimas da catástrofe das cidades de Nova Friburgo e Teresópolis.

 

Quando chegava aos lugares, Jon precisava esclarecer que não estava ali para vender nem promover nenhum produto. Ele afirma que com o projeto teve a oportunidade de levar uma grande e boa notícia aos nativos de cada região visitada.

 

“Algumas pessoas não acreditavam que estávamos ali para simplesmente ajudar. Nós fizemos algumas demonstrações, pegando uma água bem suja, filtrando e bebendo posteriormente”, diz Rose.

 

“Conversamos com o pessoal que trabalhou na tragédia. Ao saberem qual era nosso intuito, as pessoas vibravam”, conta Rose, que tornou-se um dos responsáveis pelo direcionamento da ajuda humanitária, que chegava de todos os cantos do país.

“Eles explicaram que a quantidade de roupas recebidas era incrivelmente grande. Mas a logística de distribuição era muito difícil e a água era um dos problemas mais agudos”, afirma o surfista profissional.

Bob Hurley afirma que a iniciativa de Jon inspira uma atitude das pessoas locais, deixando o assistencialismo de lado.

“Nossa intenção é inspirar as pessoas para que elas próprias filtrem sua água e assim consigam ter uma vida mais digna”, diz Bob Hurley, ao lembrar que os líderes das comunidades são os responsáveis por distribuir a ideia entre os moradores.

 

“Há muita gente morrendo por causa de água. Não precisamos ir muito longe para perceber isso. Com este projeto esperamos inspirar muita gente a fazer algo parecido”, conclui Hurley.

Sobre o filtro O equipamento é basicamente composto por um balde, um filtro de carvão com microfibras e algumas mangueiras. O custo varia entre R$ 70 e R$ 80.

 

“Não é uma tarefa fácil conquistar a confiança, mas depois de feito as pessoas operam com facilidade e o filtro consegue atender cerca de 100 pessoas com água limpa”, ressalta Jon Rose.

 

“Isso não é uma coisa que você tenha que parar o que faz. Você tem, sim, que incorporar ao seu dia a dia”, finaliza o idealizador.

Para obter mais informações sobre o projeto, acesse o site Waves for Water.