Fernanda Daichtman

Austrália com estilo

0

Charles Justin Snowy McAlister foi o pai do surf na Austrália.

Inspirado pela visita do havaiano Duke Kahanamoku a Sidney em 1915, primeiro relato de surf na terra dos cangurus, ele revolucionou o estilo das pranchas e o estilo de surfar, desenvolvendo também surf competitivo no país.

 

A 26a edição do Snowy Mcalister Festival, festival que leva o nome do pioneiro do surf australiano, aconteceu em Mainly Beach, costa norte de Sydney, região que costuma apresentar boas condições de surf durante o inverno. Fo um campeonato pra lá de histórico.

 

Nesta época o clima costuma ser muito frio, mas estava quente para os padrões de Sydney. Consegui surfar de shorts, mas só enquanto tinha sol e não por mais de 25 minutos.

 

É nítida a valorização das raízes e como se tenta conservar o longboard tradicional. A Log, única categoria profissional da disputa, só permite manobras de bico e teve premiação premiação de AUS$ 20 mil. 

 

É um resgate dos anos 60. Apenas monoquilhas são aceitas e as bordas devem ser suaves. As pranchas devem pesar pelo menos 8 quilos e são pesadas numa balança junto aos surfistas antes de começar o evento. 

 

Mais uma vez pude presenciar de perto a performance de feras do surf clássico como Alex Knost, Taylor Jansen, Josh Constable, Harrison Roach, entre outros.

 

Já a categoria Feminina surpreendeu o organizador do evento, que teve de aumentar o número de vagas graças ao repentino número de inscritas.

 

Com baterias de seis meninas, confesso que nunca dividi o outside com tantas competidoras.

 

Todas deram show de surf, mas quem se destacou foi a havaiana Honolua Blomfield, de apenas 14 anos, que mostrou muita constância e fluidez. 

 

Já haviamos competido juntas em Noosa Heads e a vi sufando em Snapper Rocks de pranchinha. Ela arrebenta e vai dar trabalho se resolver correr o circuito mundial.

 

A única notícia ruim é que meu joelho realmente está precisando de cuidados. Tive um rompimento parcial do ligamento, resultado dos dois meses que passei na Indonésia.

 

Treinei um dia antes do campeonato, depois de mais de 15 dias sem surfar para poupar o joelho, e senti muita dor dentro da água.

 

Enrolei o joelho com bastante fita e usei uma joelheira para deixar bem firme e consegui surfar nas minhas baterias com muito esforço. Parei na semifinal, mas fiquei muito feliz só em poder conseguir participar.

 

Agora é voltar para Gold Coast e tratar desse joelho.

 

Quero fazer uma observação: dos três campeonatos que participei, dois foram profissionais, com premiação de AUS$ 2 mil, sendo que um deles foi um evento da ASP. 

 

Fazendo uma comparação grosseira com os campeonatos do Brasil, quero ressaltar um detalhe sobre a premiação. O mínimo é R$ 5 mil para colocar o Feminino na água (sem fazer conversões de dólar australiano para o real).

 

Isto é o resultado de um movimento organizado pelas atletas, que exigem mudanças e mostra que, se tivermos união, podemos trazer mudanças. Porém, não acho que a premiação seja a ideal.

 

O surf feminino deveria ser mais valorizado. Temos despesas como os homens, entramos nas mesmas condições de mar, só não damos um show de manobras progressivas, aéreos e batidas, porque não é de nossa natureza.

 

Mas em se tratando de leveza e graciosidade, características indispensáveis para o surf do longboard, não deixamos nada a desejar.

 

Quero agradecer a Holistic Pro Health Performance, que tem me ajudado muito na recuperação de minha lesão; Queensland International Business Academy; Playground Surf Resort; Prefeitura de Curitiba; Evoke e Hurley.

 

Para obter mais informações acesse o blog Na Praia Delas.