Muitas Águas

Acampado sobre milhões

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Motaury Porto e sua lendária barraca em Morro de São Paulo, no ano de 1982 Foto: Arquivo pessoal MP.

Bons tempos!!! Acho que gostaria de congelar o tempo em determinadas situações… Num mundo cada vez mais violento, poder viver momentos de paz, até no surf, parece cada vez mais um oásis no deserto em que a vida na Terra está se tornando.

 

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Passei muitos e muitos anos, praticamente toda a década de 80, surfando pelo Brasil e até no exterior com uma mochila nas costas, a prancha debaixo dos braços, o pé num ônibus ou de carona e, mesmo depois, com meu próprio carro e… minha querida barraca!!! Ah, minha barraca!!! Além de muitos sonhos no coração e na mente…

 

Cara, como sonhar é bom e nos move, nos ejeta pra frente! Foi assim que surfei por todo o Nordeste, desde Paracuru, Ceará, até o Farol de Santa Marta, em Santa Catarina, Sul do Brasil.

 

Motaury em ação na perfeita bancada de coral de Itacaré (BA). Foto: Arquivo pessoal MP.

Foram muitos e muitos amigos, centenas de ondas surfadas, muitas aventuras e noites em minha aposentada barraca.


Precisaria de muitas páginas para descrever cada uma destas experiências, mas o que me intriga é que na maioria dessas praias, que poucos transitavam, hoje cada metro quadrado nesses ?paraísos? da costa tupiniquim vale milhares de reais e até mesmo dólares ou euros!!!

 

Praticamente avistava as ondas debruçado sobre a varanda, na minha ?sala-dormitório?. Quanto me custou???  Nada em reais, ou melhor, cruzeiros. Apenas disposição e uma paixão pelo surf muito profunda.

 

Alguns desses lugares hoje estão tão lotados que ficaram irreconhecíveis!! Tive o privilégio de acampar em Maresias (SP) completamente vazia, Tiririca, Itacaré (BA) entocada, Pipa (RN), Paracuru (CE), Morro de São Paulo, Ilha de Tinharé, Pé de Moleque (BA), Condomínio Laranjeiras (litoral sul fluminense), Ilha do Mel (PR), Lagoa da Conceição (Florianópolis) e outros picos deste litoral maravilhoso que temos. Quer dizer, até quando???

 

Agradeço a Deus por tudo o que pude vivenciar naqueles anos com a estrutura que dispunha e por nunca ter sido roubado (à exceção de um furto dentro da casa de um conhecido, em Floripa, que abriu minha carteira para usar meus recursos para comprar droga, evento este que nem sequer ofuscou tudo o que passei de bom!).

 

Hoje, tenho alguns amigos corretores de imóveis e seria até interessante fazer um levantamento do metro quadrado dessas praias ou quanto eu gastaria para me hospedar de frente ao pico!

 

Mas, se tem algo que não pode valer em dinheiro são estas experiências, verdadeiras dádivas que o Senhor me proporcionou e que levarei comigo por toda a vida.

Viver nossos sonhos e buscar realizá-los é um grande tesouro! Tudo bem que o mundo mudou, o Brasil também, mas com certeza ainda tem muito o que se sonhar e viver.

 

Sonhe, viva, realize ou pelo menos tente. Isto não tem preço, nem milhões podem comprá-los…