Quem eram os melhores?

Top 16 anos oitenta

Nos anos 80, antes de Slater, antes do Top 44, elite da ASP dominava surfe mundial. Nenhum brasileiro nos top 16 da época, mas nível era surreal.

0

Antes da era WSL, antes mesmo do estrelato de Kelly Slater, o circuito mundial era comandado pela ASP (Association of Surfing Professionals) — e estar entre os Top 16 do Circuito Mundial era o sonho máximo de qualquer surfista profissional.

O ano era 1986, Tom Curren havia acabado de conquistar seu primeiro título mundial, Mark Occhilupo era o único capaz de vencê-lo com consistência, e brasileiros? Nenhum entre os principais nomes do ranking.

Mark Occhilupo marcou a segunda maior média do dia, atrás apenas de Andy IronsRicardo Macario
Mark Occhilupo marcou a segunda maior média do dia, atrás apenas de Andy Irons

Naquela época, a estrutura do tour era diferente: entre 20 e 30 eventos por temporada, com níveis distintos de pontuação (classificações A e AAA).

Cada etapa oferecia uma bateria de triagem (os “trials”), aberta a qualquer profissional determinado o suficiente para tentar um lugar ao sol.

Poucos conseguiam atravessar essa barreira e, caso passassem, enfrentariam os ranqueados do top 30.

Gary Elkerton Masters 2003.Ellis/ASP
Gary Elkerton Masters 2003.

Já os Top 16 tinham o privilégio de estrear direto na segunda fase, o que significava que duas vitórias bastavam para chegar às quartas de final. Um atalho estratégico que se conquistava surfando o tour inteiro no ano anterior.

O nível de surfe, mesmo em ondas medianas, era altíssimo. A geração que dominava os line-ups misturava técnica, instinto e carisma.

Além de Curren e Occy, figuravam entre os melhores Tom Carroll, campeão mundial em 1983 e 1984, Martin Potter, Gary Elkerton (o “Kong”), Shaun Tomson e os futuros campeões mundiais Damien Hardman, Derek Ho e Barton Lynch.

Todos na casa dos 20 e poucos anos, todos levando o surfe a um novo patamar. Nomes como Mitch Thorson, Charlie Kuhn, Gary Green, Glen Winton, Hans Hedemann e Brad Gerlach também apareciam entre os destaques daquele ano.

Damien Hobgood, Billabong Pipeline Masters 2007, Pipeline, HawaiiASP Chang / Covered Images
Damien Hobgood, Billabong Pipeline Masters 2007, Pipeline, Hawaii

Era uma era onde estilo, potência e atitude pesavam tanto quanto resultados. Enquanto isso, o Brasil ainda caminhava à margem. Surfistas brasileiros participavam dos trials e, ocasionalmente, apareciam no evento principal, mas ainda estavam longe de alcançar o Top 16.

A hegemonia era australiana, americana e sul-africana. A chamada Brazilian Storm ainda levaria mais de uma década para se formar.

Brad Gerlach, ASP World Masters 2011, Arpoador, Rio de Janeiro (RJ)Fábio Gouveia
Brad Gerlach, ASP World Masters 2011, Arpoador, Rio de Janeiro (RJ)

Essa fase do circuito é um lembrete poderoso de quanto o surfe evoluiu — e de onde o Brasil veio.

Ver esse material histórico com surfistas como Curren e companhia em ação, é mergulhar num passado onde o surfe mundial ainda não tinha sotaque português, mas já mostrava as pistas do que viria.

Destaques do vídeo (por ordem de aparição)

00:06 – Mitch Thorson

00:35 – Charlie Kuhn

02:27 – Gary Green

03:41 – Derek Ho

06:10 – Barton Lynch

08:17 – Michael Burness

10:37 – Brad Gerlach

12:30 – Shaun Tomson

14:36 – Glen Winton

18:45 – Hans Hedemann

20:02 – Damien Hardman

22:55 – Martin Potter

26:37 – Gary Elkerton

30:34 – Mark Occhilupo

36:05 – Tom Carroll

40:11 – Tom Curren

Fonte 2 HitWonder