Open J-Bay

Filipe é tricampeão em Jeffreys

Filipe Toledo derrota Ethan Ewing na decisão com direito a nota 9.93 pontos e vence pela terceira fez o Open J-Bay. Brasileiro conquista 10.000 pontos e amplia vantagem na liderança do ranking.

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Filipe Toledo é tricampeão do Open J-Bay.

O resultado do Open J-Bay nos anos de 2017 e 2018 se repetiu em 2023. Filipe Toledo venceu três baterias nesta quarta-feira (19), todas com nota no critério excelente, sendo duas na decisão, e faturou o tricampeonato da etapa do CT realizada na África do Sul. Com os 10.000 pontos conquistados ele abre ainda mais vantagem na liderança do ranking. O brasileiro sai da África do Sul já garantido no WSL Finals, assim como Ethan Ewing, vice no evento. Gabriel Medina (3º) e Yago Dora (5º) também competiram no último dia da competição.

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As finais do Open J-Bay foram realizadas em ondas lisas de 1 a 1,5 metro. As direitas foram diminuindo com o passar das horas e as séries ficaram cada vez mais demoradas. As baterias das quartas tiveram 35 minutos de duração. Já na semi foram 40 e na final 45.

O primeiro a surfar na decisão foi Ethan. Aos cinco minutos o australiano executou quatro manobras e largou com 5.67 pontos. Filipe atuou aos 13. O brasileiro subiu o nível e chegou no critério excelente. O atual campeão mundial dropou e bateu pra ganhar a seção. Na sequência ele executou outra pancada, depois rasgou, bateu pra frente, fez um cutback e agrediu o lip duas vezes seguidas passando a rabeta por cima da crista. A performance valeu 8.83.

Depois de algumas atuações sem destaque dos dois surfistas, Filipinho mostrou mais uma vez como surfar em alto nível a direita de Jeffreys Bay. O brasileiro rasgou com amplitude, executou um snap forte, seguido de uma batida passando as quilhas por cima do lip, depois rasgou invertendo a direção da prancha e ainda fez um forte ataque à junção. Três dos cinco juízes deram 10 e ele ficou com a nota 9.93 pontos. A atuação deixou o australiano em situação complicada na bateria, precisando de duas ondas que dessem no mínimo 18.76 pontos. Ethan até chegou a trocar de nota, mas não melhorou sua situação e perdeu pelo placar de 18.76 a 12.60.

Com a vitória Filipe sai da África do Sul na liderança do ranking, com 54.980 pontos, já classificado para o WSL Finals e para as Olimpíadas de Paris 2024. Ethan subiu da terceira para a segunda posição e também está garantido no evento de Paris e na etapa que definirá os campeões mundiais da temporada.

“Eu sinto que, hoje em dia, disputar as Olimpíadas é o auge do nosso esporte também”, disse Filipe. “Ganhar um título mundial é uma sensação indescritível, mas ser um atleta olímpico é muito especial e vou fazer de tudo para representar bem o meu país, minha família e tentar ganhar mais uma medalha para o Brasil”.

“J-Bay ocupa um lugar muito grande no meu coração”, confessou Filipinho. “Eu adoro a vibe daqui, as pessoas e, especialmente, essas ondas incríveis. Eu lesionei o joelho no Brasil e achava que nem ia conseguir surfar nesse evento, mas deu tudo certo e agradeço muito a minha equipe, minha família e toda glória a Deus. Chegar no Taiti com a lycra amarela e já classificado para o WSL Finals, é muito especial e farei de tudo para ir para Trestles em primeiro lugar, que será muito importante para tentar mais um título mundial”.

Caminho até a final – Filipe precisou vencer duas baterias para chegar na decisão do Open J-Bay. Ele competiu pela quartas de final contra Jack Robinson e venceu pela primeira vez na carreira o australiano numa disputa homem a homem na elite.

Jack começou ativo e em dois minutos surfou duas ondas. A primeira foi fraca, mas na segunda ele executou três manobras para largar com 6.17 pontos. Filipe também começou com uma direita ruim, porém aos cinco minutos ele aproveitou uma série. O brasileiro fez oito manobras. Na atuação ele variou rasgadas e batidas, sendo a de finalização uma que ele jogou a rabeta por cima do lip. O australiano também atuou na mesma série e executou cinco ataques. Filipinho voltou a marcar 9.63 no Open J-Bay, e Jack colocou 7.83 no somatório.

Os dois voltaram a surfar aos 29 minutos. Filipe não tinha a prioridade e pegou a primeira onda da série. Ele ficou um pouco preso no lip no primeiro ataque, depois rasgou, desenhou um cutback e esperou a parede da onda levantar. Na sequência ele executou duas rasgadas e um floater. Jack veio na direita seguinte e fez boa apresentação. O aussie executou duas rasgadas e duas batidas. O brasileiro marcou 5.67 e foi pra liderança. Jack passou a precisar de 7.48 para reassumir o primeiro posto e conquistou 7.23.

Sem a prioridade, Filipe passou a tentar trocar sua menor nota (5.67). A primeira tentativa aconteceu numa onda ruim, mas na segunda ele encontrou várias seções para manobras. O brazuca distribuiu rasgadas estilosas e fortes, além de batidas potentes em seis ataques para anotar 6.70 e aumentar a diferença para 8.51 pontos.

Jack seguiu sentado no pico na espera de uma série, porém ela não apareceu e ele foi eliminado. Essa foi a terceira bateria homem a homem entre os dois em etapas do CT, e a primeira vitória do brasileiro.

Filipe Toledo bate Jack Robinson pela primeira vez em baterias homem a homem.

Filipe x Kanoa – Na semifinal o brasileiro mostrou habilidade em encontrar oportunidades num mar de poucas ondas, e também muito surfe no pé para fabricar pontuações altas. Autor de uma nota no critério excelente logo no início da disputa, Kanoa Igarashi sentou no pico esperando por outra onda boa e viu o brasileiro crescer no duelo e sair da água vitorioso.

A bateria começou com Kanoa conquistando 8.00 pontos. O japonês rasgou duas vezes, depois bateu, fez outra curva, um layback e outra pancada. Depois de uma atuação fraca, Filipe voltou a surfar, ainda no início da disputa. O brasileiro rasgou, bateu pra ganhar a seção, acertou outra batida, porém perdeu um pouco do equilibrou e pulou da prancha quando viu que não chegaria na seção seguinte. A nota foi 4.83.

Filipe fez cinco ataques aos 13 minutos. O brasileiro achou a onda num momento que não tinha a prioridade, executou três snaps e duas batidas para assumir a liderança com 6.83 pontos. Três minutos depois ele voltou a surfar. Filipinho rasgou, bateu e caiu num reverse. O placar não foi alterado.

Filipe Toledo agressivo em Jeffreys Bay.

Com uma nota no critério excelente no somatório, Kanoa precisava de pouco (3.66) para reassumir o primeiro posto. O japonês então decidiu continuar com o direito de escolha de onda e esperar por uma boa série. Enquanto Kanoa ficava sentado no pico, Filipe seguia buscando melhorar sua pontuação.

Filipinho chegou no critério excelente aos 30 minutos. O brazuca dropou e fez uma curva em direção a espuma, depois bateu e acelerou. Após passar uma seção, ele chegou na parece aberta e radicalizou com um layback poderoso, e logo após ele ainda acertou uma pancada chutando a rabeta. A performance valeu 850 pontos e ele finalmente se distanciou do adversário placar. Kanoa passou a necessitar de 7.34 para vencer.

Nos minutos finais o japonês tentou acordar, mas as duas ondas que surfou não chegaram perto da nota que precisava e ele acabou eliminado.

O caminho de Ethan – Ethan eliminou um conterrâneo e um brasileiro no caminho até a final. O australiano chegou na semi após passar por Connor O’Leary. Connor, que chegou na metade do duelo precisando de 8.00 pontos, levou um duro golpe aos 21 minutos. Naquele momento Ethan usou a prioridade e executou três manobras. Ele começou a apresentação com uma rasgada invertendo totalmente a direção da prancha, depois linkou um floater com uma batida. A performance valeu 7.83 e dessa forma ele deixou o adversário precisando de duas ondas que somassem no mínimo 14.33 pontos.

Connor até conseguiu diminuir o prejuízo com 5.87, mas Ethan voltou a trocar de nota (6.77) e venceu pelo placar de 14.60 s 9.87. Com a derrota Connor terminou o Open J-Bay em quinto lugar.

Medina para na semi – Na semifinal não deu para Gabriel Medina. Ethan soube aproveitar melhor as poucas oportunidades nos 40 minutos de disputa e venceu pelo placar de 13.50 a 12.04 pontos.

O duelo aconteceu em séries demorada de até 1 metro no pico sul-africano de Jeffreys Bay. Ethan marcou 7.50 pontos logo aos quatro minutos de bateria. Ele rasgou forte, executou um snap, uma rasgada e um layback expressivo. Medina, que tinha uma nota fraca, atuou três minutos depois. O campeão da etapa em 2019 bateu, fez um floater, uma rasgada curta, uma batida e caiu na tentativa de outra pancada. A atuação valeu 5.17.

O australiano ampliou a vantagem aos 13 minutos. Ethan rasgou com força, fez um snap e subiu no lip com um floater. Com a performance ele conquistou a nota 6.00 e deixou Medina na necessidade de 8.33 pontos para chegar na decisão do Open J-Bay. O brasileiro ameaçou uma reação aos 24 minutos. Ele bateu forte, passou uma seção com um floater, fez uma batida pra frente, rasgou e executou outra pancada. A performance valeu 6.87 e Medina passou a necessitar de 6.64 para assumir a liderança.

Uma outra série apareceu na Baía de Jeffreys após 14 minutos de flat. Ethan usou a prioridade na primeira onda, mas não trocou de nota. O brasileiro entrou na segunda direita, mas caiu na tentativa de um aéreo após executar duas manobras. Fim de bateria e vitória de Ethan pelo placar de 13.50 a 12.04 pontos.

“Este lugar é superespecial para mim”, disse Ethan Ewing. “A primeira vez que vim para cá, já senti uma conexão incrível aqui e tive uma ótima semana com meu pai junto comigo dessa vez. Fazer finais consecutivas é muito legal, mas o Filipe (Toledo) é muito bom nessas ondas. Para mim, ele é o melhor surfista do mundo hoje, então desejo bom trabalho para ele e bom trabalho para as meninas também, que foram super inspiradoras”.

Medina nas quartas – Medina superou o havaiano Ian Gentil na bateria de abertura das quartas. Os dois começaram acelerados e logo surfaram ondas longas. Medina executou nove manobras e Ian fez cinco. Os dois largaram com 6.50 pontos. O brasileiro usou a prioridade numa direita ruim aos sete minutos. Ian surfou na mesma série. O havaiano começou a apresentação com uma batida e depois acelerou. Quando chegou numa seção mais limpa ele rasgou, depois fez uma curva curta, rasgou com amplitude e bateu na junção. A nota foi 5.17.

O brasileiro também seguiu ativo na disputa e rapidamente voltou a atuar. Medina rasgou, subiu no lip duas vezes pra ganhar seções, depois bateu, rasgou novamente e fechou a atuação com outra pancada. Ele precisava de 5.17 para assumir a liderança e marcou 7.00 pontos. Ian passou a necessitar de uma nota igual para vencer.

Gabriel Medina para nas semifinais do Open J-Bay.

Uma série entrou na Baía de Jeffreys aos 15 minutos e Ian usou a prioridade. O havaiano bateu, executou um snap, acertou outra pancada e caiu no ataque seguinte. Medina surfou na sequência. A onda foi menor e espumada. O brasileiro acertou um floater e surfou um tubo. Ele saiu e entrou em outro canudo, mas não achou a saída. Ian recebeu 5.43 e não alterou sua situação confronto. Medina não trocou de nota (3.33).

Ian segurou a prioridade até os 26 minutos. O havaiano entrou numa direita pequena que não ofereceu muita área e ele não conseguiu trocar de nota. Dois minutos depois Medina achou uma direita um pouco maior. Ele usou o direito de escolha e fez a onda, porém também não melhorou seu somatório (5.13).

Nenhuma outra série entrou até o final. Os dois até voltaram a atuar, porém em ondas muito pequenas que não alteraram o resultado. Ian ainda tentou um Alley Oop, mas não acertou. Ian terminou em quinto lugar no Open J-Bay.

Yago termina em quinto – Yago Dora foi o outro brasileiro que competiu no dia. Ele caiu nas quartas de final. O brasileiro competiu na última bateria da fase contra Kanoa Igarashi, japonês que soube aproveitar as ondas no início para vencer um duelo de poucas oportunidades.

Kanoa deu um gás no começo e nos cinco minutos iniciais marcou 5.33 e 6.67 pontos. A sua melhor atuação teve duas rasgadas e um snap. Ele ainda errou uma batida. Yago surfou duas ondas e tinha 2.33 como maior nota.

O mar ficou calmo até os 23 minutos, quando Yago usou a prioridade. A direita não foi boa e ele só conseguiu espaço para uma rasgada e um floater. O brasileiro marcou 2.93 pontos e passou a precisar de 9.07 para chegar na semifinal.

Yago ameaçou entrar numa onda aos 27 minutos, mas Kanoa usou a prioridade e bloqueou o brasileiro. O japonês fez três manobras, nenhum muito expressiva, e abandonou a direita. Ele não trocou de nota. O brasileiro surfou três minutos depois. Yago rasgou e teve que acelerar para passar duas seções. Na sequência ele rasgou e bateu. Com a nota 4.17 ele diminuiu o prejuízo para 7.83 pontos. Cada um dos surfista ainda surfou uma onda no minutos finais, mas o placar não foi alterado.

Yago Dora segue em quinto lugar no raking.

Próxima etapa – A próxima etapa e última da fase classificatória do CT 2023 acontece nas esquerdas de Teahupoo, Taiti, entre os dias 11 e 20 de agosto.

Open J-Bay 2023

Final Masculina

Filipe Toledo (BRA) 18.76 x 12.60 Ethan Ewing (AUS)

Semifinais

1 Ethan Ewing (AUS) 13.50 x 12.04 Gabriel Medina (BRA)

2 Filipe Toledo (BRA) 15.33 x 10.50 Kanoa Igarashi (JAP)

Quartas de final

1 Gabriel Medina (BRA) 13.50 x 11.93 Ian Gentil (HAV)

2 Ethan Ewing (AUS) 14.60 x 9.87 Connor O’Leary (AUS)

3 Filipe Toledo (BRA) 16.33 x 15.06 Jack Robinson (AUS)

4 Kanoa Igarashi (JAP) 12.00 x 7.10 Yago Dora (BRA)

Final Feminina

Lakey Peterson (EUA) 14.77 x 13.50 Molly Picklum (AUS)

Semifinais

1 Lakey Peterson (EUA) 11.47 x 10.00 Tyler Wright (AUS)

2 Molly Picklum (AUS) 10.00 x 9.40 Carissa Moore (HAV)

Quartas de final

1 Tyler Wright (AUS) 12.93 x 12.60 Gabriela Bryan (HAV)

2 Lakey Peterson (EUA) 14.50 x 7.50 Caroline Marks (EUA)

3 Carissa Moore (HAV) 14.50 x 8.50 Sarah Baum (AFR)

4 Molly Picklum (AUS) 15.67 x 15.10 Stephanie Gilmore (AUS)

Ranking Masculino do CT 2023 após a etapa de Jeffreys Bay

1 Filipe Toledo (BRA) 54.980

2 Ethan Ewing (AUS) 47.815

3 Griffin Colapinto (EUA) 47.540

4 João Chianca (BRA) 42.960

5 Yago Dora (BRA) 36.865

6 Gabriel Medina (BRA) 35.440

7 John John Florence (HAV) 34.290

8 Jack Robinson (AUS) 33.950

9 Leonardo Fioravanti (ITA) 31.900

10 Ryan Callinan (AUS) 31.815

11 Connor O’Leary (AUS) 29.705

12 Italo Ferreira (BRA) 28.485

13 Kanoa Igarshi (JAP) 26.770

14 Barron Mamiya (HAV) 24.865

15 Ian Gentil (HAV) 24.780

16 Jordy Smith (AFR) 24.005

17 Caio Ibelli (BRA) 22.790

17 Liam O’Brien (AUS) 22.790

19 Matthew McGillivray (AFR) 21.450

20 Callum Robson (AUS) 21.365

21 Rio Waida (IDN) 18.960

22 Seth Moniz (HAV) 17.535

23 Kelly Slater (EUA) 13.555

Ranking Feminino do CT 2023 após a etapa de Jeffreys Bay

1 Carissa Moore (HAV) 54.745

2 Tyler Wright (AUS) 55.980

3 Caroline Marks (EUA) 49.870

4 Molly Picklum (AUS) 49.325

5 Caitlin Simmers (EUA) 41.270

6 Lakey Peterson (EUA) 38.150

7 Stephanie Gilmore (AUS) 36.370

8 Tatiana Weston-Webb (BRA) 34.235

9 Gabriela Bryan (HAV) 32.895

10 Bettylou Sakura Johnson (HAV) 30.760

11 Johanne Defay (FRA) 18.320