Johnny Cabianca

Rabeta, para que te quero

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Squash? Round Pin? Swallow? Square? Diamond? Bons surfistas, mesmo com uma compreensão sólida sobre teoria de design, podem ficar confusos com a variedade de rabetas que há. Outros podem ter preferência por uma determinada forma, mas não têm idéia real do porquê. Então, pedimos a Johnny Cabianca (uma enciclopédia de hidrodinâmica) para explicar os fundamentos das formas das rabetas – sem dúvida um aspecto crítico de como uma prancha funciona nas ondas.

 

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Johnny, mostrando a prancha na foto, e Medina optaram por fazer quase todo novo quiver round pin, uma rabeta mix de pin e esquash, pau para toda obra. Foto: Divulgação.

“A maneira mais simples de entender como uma rabeta tem efeitos na maneira como uma prancha vai funcionar é pensar em termos de superfície total sob as quilhas e sua curva. Por um lado você tem a curva suave e a área, de baixa superfície, de uma pintail, pelo lado oposto, os cantos angulosos e a área maior de uma rabeta square, quadrada, a forma mais antiga de rabeta. Todas as outras formas estão em algum lugar entre essas duas.

 

Embora a velocidade total de uma prancha seja a combinação de muitos fatores (especialmente rocker e concave), a área de superfície da rabeta é um elemento chave. A flutuação e o lift da prancha, quando você empurra a rabeta para baixo, determinam isso – quanto menos ele afunda, mais velocidade mantém, especialmente em velocidades mais baixas.

 

A curva dessa parte do outline determina o quanto ela é solta – uma curva suave cria menos turbulência e agarra na onda, enquanto uma curva quebrada manobra mais facilmente. Assim, uma forma suave, como um round pin arredondado, é igual a mais estabilidade e “drive” – perfeito para manter a sua linha em ondas grandes, cavadas e poderosas. Uma curva quebrada, com uma forma de área maior, como uma square, planará mais e será mais solta – melhor para manter a velocidade e movimentar a prancha para todos os lados em ondas menores e fracas.

 

Então, como eu disse, todas as outras formas são algum tipo de solução entre os dois extremos. E, embora existam muitas formas diferentes, para minhas pranchas pequenas geralmente fico com quatro rabetas básicas que funcionam melhor e cobrem todas as necessidades – round pin, round, swallow e squash. Eu só uso pin clássico para gunzeiras e não uso square, porque uma squash faz o mesmo trabalho, mas com curvas mais suaves”.

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A forma da rabeta ajuda muito a definir a maneira como a água terminará sua corrida pelo fundo da prancha. Isso implica na funcionalidade geral de cada modelo. Foto: Divulgação.

 

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SQUASH: a forma mais popular, especialmente para ondas pequenas e médias.

 

O volume extra sob as quilhas cria um lift (levanta a prancha da água, como se fosse decolar) que ajuda a impedir que a prancha atole em baixas velocidades, enquanto os cantos soltam rapidamente, permitindo cruvas mais rápidas e movimentos mais radicais. Em compensação, a squash oferece menos controle em ondas grandes – é como dropar um ladeirão num skate com eixos soltos.

 

 

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SWALLOW: este é um design realmente versátil, com muitas variações, de fish super largo, para ondas pequenas, aos mais estreitos, para quando as ondas estão bombando.

O que todos eles têm em comum é como a linha de borda com curva mais suave e área reduzida da rabeta dá mais estabilidade e unidade para uma prancha larga e rápida.


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ROUND: bom para os surfistas que procuram um alternativa versátil em ondas de qualidade, este é um bom ponto médio, onde a velocidade e a manobrabilidade de uma squash encontram a segurança e curvas suaves de uma pin.

Aliás, Gabriel está usando quase que só round, porque ele tem habilidade suficiente para surfar com velocidade em qualquer tipo de onda, e a round é mais completa para todas as situações. Até 2014 cerca de 70% das pranchas dele tinham rabetas swallow. Isso mudou, como seu surfe – ele agora tem mais power.

 

 

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ROUND PIN: Novamente, um ponto médio entre uma rabeta round e uma pin, o round pin oferece muita segurança na parede da onda e suavidade nas curvas, fluides em ondas boas – perfeito para uma segunda prancha no quiver para traçar longas linhas em paredes estensas.

 

“No fim das contas, o fator que mais afeta o desempenho de uma rabeta é a área de saída da água que passou pela prancha. Assim, é bom conhecer a teoria sobre rabetas, mas vale lembrar: a chave para uma boa prancha não é um único elemento e sim como todos os diferentes elementos trabalham juntos”.

 

Este texto, publicado e disponível aqui, apenas em inglês, foi escrito em 25 de dezembro de 2016.