ASPOA

Diretoria engajada

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Festa de premiação da primeira etapa do Circuito ASPOA 2017. Foto: Gabriel Saudade.

 

O surfe de Porto Alegre vem trilhando um caminho bastante promissor. Quando a gente fala na capital gaúcha, sempre vem aquela velha história: sem praia, distância, frio, grana, sacrifício e paixão. Mesmo assim, ela carrega o título de cidade brasileira não litorânea com maior número de surfistas pelo total de habitantes. Difícil não citar isso.

Em termos de competição, a principal válvula de escape dos porto alegrenses é a ASPOA (Associação de Surf de Porto Alegre), que realiza etapas pedindo licença para as associações do litoral gaúcho.

 

Ela está aí há mais de 10 anos, desde a época que os celulares não tinham internet para conferir o Wavescheck, muito menos para ver o CT ao vivo em qualquer café ou boteco. Mesmo com poucos recursos, sua atuação sempre foi intensa, conservando quase que uma religião alternativa de água e sal por trás da agitada vida urbana.

Do início do ano pra cá, uma coisa mudou decisivamente: agora todo mundo aqui sabe o que é a ASPOA. Nunca uma equipe tão numerosa havia se reunido para abraçar a causa. A iniciativa veio de um grupo de surfistas quase e recém formados na faculdade em várias áreas e prontos para dar uma nova injeção de adrenalina nas veias da associação.

 

 

Com esse novo gás, a primeira etapa do Circuito ASPOA 2017 reuniu inúmeras marcas importantes da cidade. Por isso, teve novidades como imagens de drone, yoga, massagem, limpeza de praia gigante, shows, manteve o bom e velho churrasco gaudério e rendeu matéria de página inteira no maior jornal gaúcho, o que era bem incomum até então. Ainda assim, a parte que mais mudou por aqui foi o pós-evento, que combinou o momento da premiação com o que Porto Alegre tem de mais badalado: a vida noturna.

Dias depois de fazer bonito e vencer na água, o surfista é recebido calorosamente por amigos e desconhecidos em uma noite de diversão e cerveja gelada no CÉU Bar + Arte, na Cidade Baixa de Porto Alegre. O espaço, administrado pelo também membro da diretoria da ASPOA Frederico Lincoln, faz uma combinação de entretenimento e cultura que dá um toque especial em seus eventos. Isso tem atraído a atenção de parceiros empreendedores, artistas, músicos e, é claro, de uma galera que só vai pra beber e se divertir mesmo.

Para se ter uma ideia, a última festa da associação no CÉU, premiação de um Snapshot realizado no Farol de Santa Marta, teve até V12 pra galera testar – você já deve ter visto algum vídeo daquele aparelho de academia da Mormaii que parece uma mistura de halfpipe com touro mecânico. Esse, por sinal, ainda é um dos poucos existentes no estado. Trazer essa jóia para a capital gaúcha foi uma iniciativa da Academia do Jardim, um lugar com toda estrutura para treinos fora d’água.

 

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Diretoria da ASPOA reunida em evento na capital gaúcha. Foto: Reinaldo RLJ.

 

Durante o evento, o V12 seduziu os surfistas com a precisão dos movimentos e intensidade do treino e deu oportunidade para quem nunca ficou em pé na prancha ter uma noção da coisa. Victor Moreira, formado em educação física e proprietário da academia, avaliou o brinquedo:

“É uma máquina legal por ser bem diferente. Trabalha com praticamente tudo em termos de força, velocidade, coordenação, alongamento. É um equipamento divertido para todas as idades. Ele utiliza todo o corpo, a articulação do joelho, quadril tornozelo… Poucos equipamentos abrangem tudo isso. Tem mais de mil exercícios já cadastrados. A Mormaii teve uma ótima sacada”, diz.

Conforme o clima esquenta e o verão se aproxima do sul, o movimento ganha ainda mais força. A agenda da associação prevê ao menos três eventos de praia até o fim do ano. Dois deles serão etapas do tradicional Circuito ASPOA. O primeiro já tem data para acontecer. Vai ser dia 22 de outubro, na praia de Imbé, e contará com 10 categorias, dando continuidade ao primeiro circuito feminino da história da cidade e oferecendo pela primeira vez modalidades muito praticadas pelos porto alegrenses, como kite.

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Cartaz da etapa do Circuito ASPOA 2017. Foto: Divulgação.

Ainda assim, o terceiro evento programado, em formato inédito para a ASPOA, é a novidade mais surpreendente e feliz por aqui. O projeto consiste em uma edição de inverno do memorável Surfest, festival de surf que contou com maior público e retrospectiva na história do Rio Grande do Sul. Eduardo Linhares, um dos idealizadores e sócio da Surfari, nos trouxe mais detalhes sobre a iniciativa, agendada para 28 de outubro:

“Voltar com o Surfest pra mim também é uma felicidade. De certa forma, também fui pego de surpresa com esse sentimento coletivo que acabou gerando a ideia do Surfest de inverno. A ideia nasceu de forma tímida, mas com um sentimento muito bom. Acho importante dizer para não esperarem um evento como o do verão. O formato é outro. A ideia é ir bem ao encontro do nosso surf de inverno, traduzir aquela ideia para essa nossa realidade de água gelada.”

Para quem não sabe como funciona o Surfest, o negócio é o seguinte: todo surfista de Porto Alegre tem seus parceiros de bate volta no litoral. Inspirada nisso, a Surfari lançou uma competição entre barcas. Na primeira edição, cada barca contava com quatro membros nas categorias performance, single fin, fantasia e fotografia. A mega estrutura com palco e várias tendas oferecia um monte de atividades legais e reuniu mais de 8 mil pessoas no Pier de Atlântida em fevereiro de 2016.

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Primeira edição do Surfest, no Pier de Atlântida. Foto: Vicente Lang.

 

A ideia de reativar o conceito, quase dois anos depois desse dia histórico, recebeu apoio imediato de parceiros como a ASG – Associação de Surf de Garopaba, Mormaii e Corona, além da ASPOA, é claro. O principal propósito por trás disso tudo é homenagear o surfista Lucas Zuch, inspiração para o nome dessa edição do evento. Eduardo Linhares, o jovem gênio do surfe criollo, explica a homenagem para o eterno parceiro de Surfari:

“O nome Surfest Luz é uma homenagem direta pro nosso Lucas Zuch. Esse projeto já tava na gaveta quando o Zuch tava aqui com a gente. Enfim, já passaram esses 6 meses ou mais desde o acidente. E, trabalhando sozinho, vi que precisava botar as coisas na rua, mesmo sem que tudo esteja perfeito ou 100% certo. Estou cheio de medos, inseguro com algumas coisas, mas acho que sempre foi assim, sabe. A diferença é que antes a gente se apoiava um no outro e agora tem outras pessoas me apoiando e eu servindo de apoio para essas pessoas. Tem muitos amigos se oferecendo para ajudar na organização.”

Lucas Zuch nos deixou em março deste ano, durante uma sessão de surfe na Barra da Tijuca. Seu jeito de ser e perspectiva do esporte comoveram e contagiaram milhares de pessoas, até quem nunca tinha trocado uma palavra com ele. Não só no sul, mas em todo o Brasil.

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Eduardo Linhares (à esq.) e Lucas Zuch (à dir.) com a barca Resting Bird, vencedora do Surfest 2016. Foto: Johnny Marco.

 

Seus amigos vivem lembrando e relatando que é tanta saudade que nem conseguem parar de pensar nele. Esse sentimento motivou vários outros sonhadores a seguirem seus passos e correrem atrás do fortalecimento desse movimento cheio de luz que é o surfe. Ele acreditava que se mais pessoas surfassem o mundo seria um lugar melhor.

Para acompanhar o desenrolar desse segundo semestre especial demais para o surfe de Porto Alegre, é só se conectar com a página ASPOA no Facebook, ou @aspoa2017, no Instagram. Já as informações completas do Surfest de inverno estão em facebook.com/surfest2016.