Solitário Surfista

A viagem do Pensador

Gabriel O Pensador lava a alma em barca de altas ondas à Indonésia.

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Gabriel O Pensador num canhotão em Lakey Peak.

Neste ano de pandemia eu tentei focar no trabalho. Consegui lançar três músicas novas (Vamo Aí – feat Ponto de Equilíbrio e Gabz, Aglomeração a 2 e A Cura Tá no Coração) e fazer algumas lives, mas a verdade é que a agenda estava vazia, então resolvi fazer uma viagem de surfe quando soube que abriu uma possibilidade de conseguir visto para a Indonésia no final da temporada.

De última hora acabei levando meu filho mais novo, Davi, que tinha resolvido aprender a surfar havia duas semanas em Saquarema (RJ). Fiquei muito feliz com a chegada deste novo parceiro, ao invés de fazer a trip de “Solitário Surfista”, levei o moleque comigo.

A primeira parada foi em Bali para procurar os destinos de improviso. Lá encontrei alguns amigos, como sempre acontece, dentre eles o Everaldo Pato e família, Lucas Silveira e o Bruninho Santos, que são grandes surfistas e que eu admiro muito. Também tive o prazer de colocar o Davi junto, já que o Bruninho e o Pato estão com os filhos surfando muito.

Teve um dia em Bali que o fotógrafo de surfe Thiago Tonello nos convidou para pegar umas ondas pequenas em Pandawa. Davi ficou amarradão, pois lá também encontrou o Kelly Slater, e isso já serviu de inspiração pra ele.

Na sequência, fomos com alguns amigos para Desert Point e G-Land. Depois eu ainda resolvi conhecer uma parte de Sumbawa, Lakey Peak e outro picos. Já estava para voltar ao Brasil, quando soube de um novo swell grande, que chegaria no final do mês. Consegui adiar minha volta para dar um pulo, literalmente, nas ilhas Mentawai, com destino ao Hidden Bay Resort.

Lá a gente fechou a trip com chave de ouro! O swell era mesmo bem consistente, e eu tinha pouco tempo pra aproveitar, mas o vento virou para as direitas e tive que encarar Bankvaults, uma onda bem difícil, de backside. Consegui aproveitar bem e saí de lá com o gostinho de quero mais, para tentar desenvolver melhor no ano que vem, ou assim que puder, esse surfe de backside em ondas rápidas e tubulares, que é uma coisa nova pra mim. Grab rail e acelerar nas direitas são novidades pra mim.

Curti bastante, tomei uns caldos fortes também, mas deu pra checar que o pulmão está em dia. Essa direita de Bankvaults é pesada. Estava lindo demais, uma condição de pirar só de olhar as séries entrando. Josh Kerr, que já encontrei por lá outras vezes também, deu show como sempre.

Foi uma experiência marcante, mais uma vez, e fui muito bem recebido pelo Alexandre Ribas e pela Luana Panek, do Hidden Bay Resort, o que gerou esse laço de amizade mais forte.

O surfe sempre nos proporciona novas amizades e uma vontade de estar junto. Então espero voltar, de preferência com meu parceiro Davi, mas também com mais calma no ano que vem, torcendo para que as condições da pandemia melhorem para todo mundo.

Dessa vez a gente ainda teve que driblar essas restrições, fazendo testes de Covid-19 pra poder sair de um lado para o outro e circular pela Indonésia, mas eles estão fazendo um trabalho bem feito de controle da doença.

Valeu muito a pena. Agora eu voltei com a cabeça feita e com a alma lavada para fazer mais músicas.