Colorado power

Buraqueira na Nicarágua

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A sensação de descobrir um novo lugar é o que faz o ser humano viajar. Foi assim que aceitei o convite do meu amigo, Otavio Jatene, o “Preto”, para uma surf trip em um lugar que sempre me chamou a atenção: Playa Colorado, na Nicarágua. Eu já havia visto muitas fotos da onda, porém não havia pisado por aquelas terras.

Viagem confirmada. Saímos de São Paulo (SP) com direção a Manágua. A previsão era que chegaríamos um dia antes do swell de 3 metros bater na costa. A ondulação chegaria com sua maior força justamente na manhã, depois da nossa chegada.

Chegamos a Managuá, pegamos nossa truck e tocamos direto para a Hacienda Iguana, que fica praticamente a três horas de estrada do aeroporto. Chegamos tarde da noite, nos instalamos numa casa muito confortável bem de frente ao mar, e na mesma noite já era evidente que o dia iria amanhecer com o mar bem grande, pois o estrondo das ondas dizia que a brincadeira era séria.

No dia seguinte, pulamos da cama assim que amanheceu e já fomos dar um check no canto esquerdo da Playa Colorado. Preto já estava na maior fissura, pois o mar estava grande e tinha altos tubos. Saímos caminhando até a ponta esquerda da praia, onde já havia pelo menos umas 40 pessoas na na água. Montei o equipamento e comecei a clicar a sessão.

Fiquei impressionado com o power da onda e o crowd. Jamais imaginei que haveria tanta gente na água, e a semelhança com Maresias (SP) era notável, já que apesar de estar longe de casa me senti muito familiarizado com a praia.

Essa manhã em Playa Colorado foi ótima pra nos situarmos com o pico e sobretudo pra entender que o buraco era bem mais oco do que imaginávamos.

Nas minhas andanças pelo mundo, conheci no Peru o Diogo Cabeda, que apareceu lá na Playa Colorado em busca do swell trazendo junto contigo seu amigo Marcelo Dietrich, também conhecido como Mad Dog. Foi muito legal ter encontrado Diogo e Marcelo, pois formamos um time e ficamos na parceria do surfe.

Na manhã seguinte, decidimos partir pra Playgrounds, uma onda que se chega de barco. Decidimos fugir um pouco do crowd e tentar um pico mais selvagem.

 

Saímos assim que amanheceu com destino a Astillero, que é o porto de onde se embarca pra boat trip. Passamos por Lances Left, mas as condições não estavam muito boas, e tocamos direto pra Playgrounds.

Caí na água pra fotografar. O mar tinha uma corrente bem forte. Como havia duas ondulações ao mesmo tempo (Sul e Sudeste), às vezes a baía fechava com ondas que vinham da esquerda e da direita. Por duas vezes fui cuspido pra fora d’água, e o inside parecia um mini Waimea, com backwashes animais bombando!

 

A onda, apesar de bem diferente de Playa Colorado, satisfez a rapaziada. Ainda tivemos tempo de passar por Popoyo à tarde e a galera pegou altas por lá também.

Apesar de a Nicarágua ter saído da guerra civil há poucos anos, me senti muito seguro e adorei a comida e o povo. O potencial de surfe na Nicarágua é gigantesco, espero que mantenham o mais natural possível e que as grandes imobiliárias não transformem aquela região na nova Tamarindo da Costa Rica .

Espero voltar muitas vezes, pois sinceramente foram as ondas mais “buraco” e mais pesadas que eu tive o prazer de fotografar na América Central.