Balneário Camboriú

Big surf no Parcel

Parcel de Balneário Camboriú dá as caras com ondulação de peso no litoral norte catarinense.

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Parcel foi o palco da transmissão do Prêmio Surfland Big Waves Brasil.

Uma ondulação atípica, relacionada a um ciclone de difícil leitura. Este foi o cenário para o sinal verde da transmissão do Prêmio Surfland Big Waves Brasil / Mormaii, realizada na última sexta-feira (23), no Parcel de Balneário Camboriú (SC).

Como era uma ondulação grande vindo de Leste, mais rara dos que as de Sul/Sudeste, e que atuaria de maneira lateralizada na costa sul de Santa Catarina, a organização do Prêmio estava bem indecisa do que fazer.

Foi aí que a lenda do surfe catarinense, o big rider Saulo Lyra, contatou os organizadores e sugeriu realizar a transmissão no litoral norte do estado, mais precisamente no Parcel de Balneário Camboriú.

“A ondulação de Leste entra de maneira mais frontal na costa norte do estado. Com a força prevista, com certeza iriam quebrar picos mais raros. Esta era uma oportunidade ímpar de ajudar a fomentar, desenvolver e divulgar o surfe de ondas grandes do norte de Santa Catarina”, explicou Saulo Lyra durante a transmissão.

Matheus Navarro desce a ladeira no mítico pico de Balneário Camboriú.

“A onda do Parcel fica a dois quilômetros da costa, é uma laje de pedras em alto-mar, então ela é sujeita à muita correnteza. Essa onda possui uma força descomunal, porque ela é bem diferente da onda da beira. É um pico de posicionamento muito difícil. Eu sei que vão rolar muito mais ondas pela costa neste swell, mas hoje é um dia em que a gente conseguiu colocar Balneário Camboriú no mapa do big surf”, analisou Lyra.

“Vi surfistas experientes no outside como Willian Cardoso e Matheus Navarro, todos de olhos arregalados de tensão e de alegria pelas ondas que estavam vindo”, disse Saulo Lyra.

José Olegário, vulgo Didi, é ex-atleta, diretor técnico da última gestão da Federação Catarinense de Surf (Fecasurf) e atual Head Judge da entidade. Ele também falou sobre as condições extremas no mar na sexta-feira.

“Confesso que tive muito medo, afinal de contas não estou mais com aquele preparo todo. Mas consegui fazer algumas ondas, fiquei super satisfeito, e vi meus amigos pegando altas bombas. Vi ondas de 10 a 12 pés, todo mundo entendeu desta forma, e a gente está super feliz com isso”, relatou Didi.

Bastidores de um dia histórico com ondas de até 12 pés no litoral norte catarinense.

Balneário no cenário das ondas grandes

Balneário Camboriú sempre foi um dos principais celeiros de profissionais do surfe, tanto de atletas como de staff técnico e de profissionais de imagens, que tiveram as ondas da região como a sua escola básica. O que grande parte da população não sabia era que ali havia um pico de big surf!

Elder Leão, um dos principais locutores de surfe do Brasil, trabalha na secretaria de saúde de Balneário Camboriú e entendeu esta ação como de grande valia para o município.

“Espetacular! Eu estava em casa ouvindo todos que falaram aqui na transmissão ao vivo e sem dúvida nenhuma a gente mostra pro mundo hoje que Balneário Camboriú tem um Parcel de ondas grandes! A gente não tem como mensurar esse ganho para a região”, comemora o gigante da locução.

Mario Tetto, diretor técnico da Fundação Municipal de Esportes, foi até a onda do Parcel de lancha para acompanhar a transmissão. Em um vídeo gravado em alto-mar, afirmou: “É a primeira vez que é realizada uma transmissão na onda mítica do Parcel. Bastante onda, onda grande”, relata. Logo após ele teve que parar de gravar, pois uma onda da série quase pegou a lancha.

Willian Cardoso mostra disposição na bomba do Parcel.

“Ver alguns dos grandes surfistas do Brasil em ondas praticamente internacionais, ondas quase havaianas no quintal de casa, é sensacional! Surfar ali transcende as nossas emoções, as nossas expectativas. A gente volta diferente lá de fora, primeiro porque sobrevivi, segundo porque peguei várias bombas, terceiro porque vi meus amigos também pegando essas bombas.”, comemora Saulo Lyra.

A evolução do big surf no Parcel

Durante a apresentação da transmissão ao vivo no Parcel, Saulo Lyra e Didi bateram um papo muito interessante sobre a estrutura montada e a história do Parcel.

“Sabe o que mais me chamou a atenção hoje nesses anos todos de Parcel? Foi toda a estrutura de hoje, os jet-skis no canal, o pessoal fazendo o resgate lá embaixo, a lancha. Antigamente éramos só nós na água”, relembra Didi.

“Começamos a história do Parcel em 1983 ou 1984. Eu tenho uma foto, que foi cartaz do Parcel Invitation, que era para ter rolado há alguns anos atrás. É o primeiro documento do Parcel, feito em julho de 1985, e de lá pra cá, sempre que a ‘Bolha’ funciona, nós estamos lá””, acrescenta Saulo Lyra.

“A gente sempre foi na moda raiz, remando, com equipamentos inadequados. Mas hoje eu uso um leash 12’ preparado para ondas havaianas, uso uma prancha 8’ com 80 litros, long john com colete salva-vidas. Hoje tinha meia dúzia de jet-skis, duas lanchas, então dá uma certa segurança para que a gente possa dropar de cabeça, se colocar mais no crítico, mais em risco.”

Imagens privilegiadas

Além da transmissão ao vivo do free surf na rara onda do Parcel, duas pessoas fizeram a diferença dentro da água para mostrar ao público o potencial da onda e a habilidade dos surfistas locais: os fotógrafos Joabe Linhares e Ricardo Alves.

A região norte da costa catarinense proporciona diversas ondas propícias para a formação de fotógrafos com habilidades aquáticas, e estes monstros da fotografia ficaram à deriva por horas, remando nas fortes correntes e tomando séries na cabeça para realizar bons registros da onda do Parcel. O apoio de jet-ski em alguns momentos foi fundamental.

“Realmente foram dias incríveis. Energia muito boa! É uma viagem para a gringa sem gastar nada. É uma honra estar podendo ajudar com as minhas fotos”, diz Joabe Linhares, que registrou bons momentos dentro da água. Joabe é fotógrafo aquático nascido e criado na Interpraias, que conhece bem o fundo de pedras dos Parcel. Joabe é proprietário da @interpraiasbc, uma marca desenvolvida para levar o nome da região da Interpraias e falar um pouco sobre a cultura açoriana.

Ricardo Alves (@ricardoalvesfotos) é um fotógrafo muito renomado, formado nos tubos da Praia Brava (Itajaí), sócio da revista Santa Catarina Surf, proprietário da Galeria Bora Brasil e patrocinado pela Teahupoo Surf House. Ele disponibilizou as suas imagens para esta matéria, frisando que “Estamos juntos na mesma causa, que é o surfe”.

Além dos fotógrafos, os atletas também foram os grandes responsáveis pelo show e pelas imagens! Participaram da sessão nomes como Willian Cardoso, Saulo Lyra, Matheus Navarro, Thiago Bruno, Rodrigo Cutelo, Daniel Valença, Gabriel Neves, Jonathan Pinheiro, Alan Marques, Diego Schmitt, Pedro Noberto, Matheus Lamim, Lucca, Júlio Jansen, Ricardo Alves, Marcelo Ulyssea, José Olegário, dentre outros.

“Eu gostaria de salientar a performance do Tiago Bruno, Matheus Navarro e do Willian Cardoso, que fizeram ondas excepcionais, ondas de manobra. Estavam com ondas mais pequenas, ficaram mais embaixo, mas pegaram ondas mais no pocket da bolha e manobraram de maneira bem vertical. Marcelo Ulyssea, com uma prancha 10 pés, dropou duas gigantes lá fora”, destacou Saulo Lyra durante a transmissão do evento.

Replay da transmissão:

O Prêmio Surfland Big Waves Brasil distribuirá R$ 30 mil em dinheiro, além de produtos e serviços, para as melhores ondas surfadas na remada (dentro do território catarinense) nas categorias: Maior Onda Dropada (foto) e Melhor Performance em Onda Grande (vídeo). A disputa acontece no formato interativo e a janela de espera vai até o dia 18 de junho de 2021. Veja as imagens que estão concorrendo, vote nelas, inscreva novas ondas e confira o regulamento oficial aqui.

A apresentação é da Mormaii. Co-patrocínio: Cervejaria Dado Bier. Apoio: Banco Remessa On Line, Apneia Surf Brasil, Hennek Surfboards, Session Store, Cigana’s House, Baiuka Pousada e Restaurante, Açaí Barbacuá; Site Waves, Index Krown, Protetor Solar Sun Tech e Advogada Flavia Correa Vieira. Realização: Big Waves Brasil (BWB) e Swell Eventos. Toda a competição é homologada e supervisionada pela Federação Catarinense de Surf (Fecasurf), que também fará parte da Banca Julgadora.