Luel Felipe

Hora da reinvenção

Pernambucano Luel Felipe fala sobre a saída da Seaway e comenta o novo momento na carreira.

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Luel Felipe está fora da Seaway depois de oito anos de parceria.

Faz pouco tempo, o pernambucano Luel Felipe, de 27 anos, perdeu o patrocínio da Seaway, empresa que defendeu as cores durante oito anos. Nesse período, como ele mesmo fala, pôde evoluir na carreira e ganhou quilometragem importante no mundo do surfe.

Com o acordo encerrado, Luel procura se reinventar, nos dias atuais. Um plano tem data marcada para iniciar. Na Cacimba do Padre, em Fernando de Noronha, o local de Maracaípe quer jogar duro no Hang Loose Pro Contest. Começar bem a temporada e sedimentar o ataque ao topo da divisão de acesso da WSL.

Luel reconhece as dificuldades. Com dinheiro curto, precisa ser certeiro. Ao lado de tudo isso, procura conviver em paz com a pressão carregada por aqueles que não podem errar. Ao mesmo tempo, mostra-se seguro. E revela que aprendeu direitinho com o passado: “Vi que a preocupação que carreguei durante anos não me levou a lugar nenhum”.

Como rolou a saída da Seaway?

Esperava sair. Não cheguei aos objetivos propostos pela empresa. Foi por esse motivo. E a equipe que compete sempre tem uma demanda maior de investimento. Saíram todos que competem. Mas o sentimento é de gratidão. A Seaway sempre me deu oportunidade. Mas chegou a hora de seguir meu caminho.

Qual o sentimento na hora da notícia?

Ao mesmo tempo que agradeço por tudo, foi difícil. Da marca vinha um dinheiro fixo todo mês, que garantia muitas coisas. Agora dependo mais do que vou fazer. Vivo sem esse patrocínio. As coisas mudam. Agora, para viajar, por exemplo, existe a possibilidade até de vender algo para fazer dinheiro, ficar na casa de amigos. Vai ser correria.

Para Luel, é hora de se reinventar.

Como manter foco diante disso tudo?

Agora tem que fazer acontecer. Por mim e pela competição. E, na realidade, tem um fator positivo. Não faltavam dedicação, responsabilidade, empenho nas baterias. Mas agora não tenho mais aquele conforto do patrocínio. Tem que fazer valer de qualquer jeito. E isso é bom para mim.

Essa competição em Noronha significa o quê?

A etapa de Noronha é a mais importante do ano para mim. A premiação é muito boa, a pontuação do campeonato, a mesma coisa. É um pontapé inicial para que tudo possa acontecer no decorrer da temporada. A intenção é começar o ano bem. E virar a chave.

E as pretensões de modo geral?

Queria ir para a Califórnia. Mas não dá. Esse momento eu preciso reorganizar minha vida. Até para não complicar tudo. Vou adotar uma tática diferente. Com o lado financeiro com pouco fôlego, é preciso selecionar melhor os eventos. Não posso entrar em qualquer um. O negócio é Austrália e mais competições seis mil e prime.

Como é estar de volta a Maracaípe?

Estar em casa vai ser bom. Posso treinar mais a parte física. Posso me concentrar melhor para os eventos a seguir. É uma maneira de conseguir mais um pouco de foco.

Como você tem se virado neste momento delicado?

Como o começo da temporada é em Noronha, em casa, as coisas ficam mais baratas. Mas disputar o Tour é caro. De cara, os custos com filiação, inscrição e seguro ficam em torno de U$ 1,6 mil (R$ 6 mil). Dei um jeito.

Qual o planejamento para ir bem em Noronha?

Estou fazendo muito físico, com o personal Dorgival Júnior. É uma onda mais forte. O evento começa no dia 19 de fevereiro, quero chegar lá no dia 10, mais ou menos. E treinar muito. Entrar no rip da onda. A parte de coach vai ser feita por Iapa (Rildo Iaponã). Ele vai filmar, vamos criar estratégias.

Focar no presente é a meta do pernambucano.

A ideia também é afinar as coisas com os locais da Cacimba?

Conheço muita gente em Noronha. Tenho vários amigos. Eles vão me passar informações importantes das condições de onda e como posso me sair melhor. Vai ter esse suporte. Essa etapa é muito importante. Praticamente decide um ano.

E o lado psicológico com toda essa pressão?

É importante trabalhar a mente. Estou com um psicólogo, Fernando Moreira, que tem me dado todo suporte desde o ano passado. É uma das questões mais importantes. Nos últimos anos, me cobrava muito para não perder, até para continuar com o patrocínio. Aconteceu de perdê-lo e vi que essa preocupação não me levou a lugar nenhum.

E a tática para levar mais leveza a mente?

Agora penso em apostar no presente. O objetivo é trabalhar o hoje para fazer acontecer. Assim como a intenção é vencer em Noronha, tudo tem seu tempo. Porque é preciso focar no dia a dia. E colocar a força na hora certa. E fazer os pontos para crescer.