Espêice Fia

Panamá celebra legends

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Equipe brasileira durante abertura do Mundial Maste. Foto: Arquivo pessoal Fábio Gouveia.

Reviver uma competição como o Mundial  ISA Masters do Panamá é uma coisa muito gratificante para quem já foi em uma do gênero.

Porém, para os que estão indo pela primeira vez, é uma grande oportunidade de ter esse sentimento de representar o país em uma competição de surf em equipes.  

No Mundial Amador de Porto Rico, em 88, foi minha primeira vez, e de lá acabei saindo campeão da categoria Open.

 

Em 2000, participei como profissional na categoria Open no ISA em Porto de Galinhas (PE), mais precisamente na Baia de Maracaípe, onde o cearense Fabio Silva sagrou-se campeão e o Brasil finalmente venceu por equipes.

Chuva embaça chegada da galera. Foto: Arquivo pessoal Fábio Gouveia.

Desta vez no Panamá, a competição Master traz muitos atletas que fizeram parte dos eventos profissionais no passado e que disputaram muitas etapas do WQS e WCT.  

É, por exemplo, o caso de Victor Ribas, que teve a melhor posição obtida por um brasileiro até os dias de hoje, na temporada de 99, quando foi o terceiro colocado.

Satisfação muito grande em encontrar o peruano Magoo de la Rosa, o australiano Glenn Pringle e o sul-africano David Malherbe, entre outros. Bom constatar que todos ainda estão no rip e surfando muito bem.

Uma das coisas mais legais desse evento é realmente o desfile de abertura, no qual as delegações dos visitantes passam na via principal da cidade em meio aos aplausos da hospitaleira gente panamenha.

Todos interagindo e algumas camisas da nossa selenção de futebol (é nova!) aparecendo aqui e alí para nossa alegria, afinal o nosso Brasil é sempre bem vindo. A tradicional cerimônia das areias é demais e fiquei todo arrepiado em estar junto com Andrea Lopes alí naquele momento.

Desfile terminado e lembramos do sufoco que as delegações passaram pra chegar no local, já que as fortes chuvas dos últimos dias tinham alagado parte da via de acesso à cidadezinha de Soná.

 

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Santa Catalina faz a cabeça dos legends. Foto: Arquivo pessoal Fábio Gouveia.

Depois de dirigirmos cerca de 40 minutos, tivemos que esperar mais uma hora para que as águas abaixassem. Acabamos parando nossos veículos antes do alagamento da via e seguimos em caminhonetes disponibilizadas pela organização do evento.

E toda a chuva logicamente acabou deixando um lamaçal crítico em toda área do campeonato, onde muitos compararam a um cenário Woodstock. Marzão bombando entre 1 e 2,5 metros nesses primeiros dias, o surf  tem rolado intensamente.

Dos mais “novos” masters entre 35 e 40 anos aos mais experientes, digamos assim, sempre há uma session agradável para assistir.

 

Time brazuca unido no Panamá. Foto: Arquivo pessoal Fábio Gouveia.

Sendo esta quarta-feira o quarto dia de disputas, puxo aqui boas performances de alguns considerados favoritos como o porto-riquenho bicampeão mundial Master, Juan Ashton.

Seu porte físico combina com seu surf e se encaixa com as fortes ondas de Santa Catalina. As ex-tops Andrea Lopes e Heather Clark (África do Sul) também proporcionaram boas performances até agora e a brasileira a cada bateria que passa vai adquirindo mais confiança.

O australiano Rod Badwin, mesmo com o joelho machucado, vem surfando de forma acelerada, bem como o brasileiro Sérgio Penna, finalista no Brasileiro Master em Saquarema.

Alexandre Morse, nosso outro integrante na categoria Kahuna, vem fazendo suas ondas e também está classificado para a terceira fase.

Fábio Gouveia participa da cerimônia de abertura. Foto: ISA / Gatica.

Na Grand Master, para atletas entre 40 e 45 anos, tanto eu como Juninho Marciel achamos boas ondas e passamos nossas baterias.

Juninho chegou um pouco antes e está conhecendo bem a onda, que, aliás, é um pouco difícil de ser lida. Muitas vezes as séries entram em picos distintos, hora mais para o point, hora mais para o rabo e hora mais ao inside, que muitas vezes proporciona as melhores ondas, pois acabam vindo mais cavadas e emparedadas.

Carlos Santos, local da praia da Vila, em Imbituba, vem surfando de forma bonita e sólida, ponto alto de seu surf. Mesmo com idade para disputar a Grand Master, Carlinhos surfa na categoria abaixo dos 40, mas nem por isso deixa de ter reais chances de vitória.
 
Na repescagem, até o momento, apenas Victor Ribas e o senhor Roberto, nosso Grand Kahuna. Vitinho caiu para sua segunda chance em bateria duvidosa, onde até seus oponentes acreditavam que ele poderia ter avançado.

Também achei que Roberto teve uma onda mal julgada, porém ambos, ao receberem nova chance, com certeza vão estar pilhados para voltar ao evento principal e ajudar nosso time a tentar realizar nosso sonho de conquistar o título.

 

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.