Leitura de Onda

Os 12 eleitos

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Doze homens e um ranking. Jadson André, Top 12 do World Tour, exibe seu talento nos tubos de Teahupoo, Tahiti. Foto: Aleko Stergiou.

O 12 sempre foi mágico para mim. Nasci no dia 12 de dezembro, desde moleque penso em fazer um festão de 40 anos no dia 12/12/12 e passei a vida sendo surpreendido por coincidências absurdas com o número, das quais vou prudentemente poupar meus 12 fiéis leitores. Isso sem falar, é claro, no simbolismo do número para as religiões.

 

Bom, por volta de meio-dia, estava eu lendo o ótimo site Data Surf, do Gustavo Cabral Vaz, que combina o mais completo e versátil banco de dados de competição nacional e internacional com análises interessantes a partir do cruzamento dessas informações, quando dei de cara com um post com o título “Os doze da ASP”. Os oráculos me matariam se eu não o lesse.

 

No texto, Gustavo levanta uma história interessante, que me escapou aos olhos. A ASP, na reformulação de formatos de evento e pontuações de ranking tanto do WT quando nos eventos Prime de acesso, usou como base o 12. Deixo a explicação para o próprio:

 

“Nos atuais WTs, os 36 surfistas que começam a competição são reduzidos a doze após três rodadas de disputas, incluindo a repescagem. Acontece então o ‘no losers round’, a surpresa do novo formato, uma mudança que torceu muitos narizes. Esse round tem quatro baterias de três atletas, que não eliminam ninguém (…).” Gustavo  mostra que a tal fase sem perdedores, em que ficam apenas 12 surfistas, virou meta de uns e obrigação de outros.

 

Ele desvenda o número 12 também nos Primes, evento em que também não  é preciso vencer muito para se manter dentro da dúzia de sobreviventes. “Nos Primes, basta avançar em três baterias: duas com quatro competidores e uma no formato homem-a-homem”.

 

Agora, a mágica por trás do número mágico, na lógica de Gustavo: “Para valorizar os top 12 de suas principais competições, a ASP criou um abismo de pontuação no sistema implantado em 2010. Nos Primes, quem perde no round de 24 soma 1.200 pontos; quem passa garante no mínimo o dobro, 2.400. Nos WTs a diferença é ainda maior: a pontuação passa de 1.750 para pelo menos 4.000 pontos (…). A mensagem é clara: queremos esses doze”.

 

O abismo que separa os 12 primeiros dos demais criou, na avaliação de Gustavo, o fenômeno da renovação das disputas no round de 24. “Essa fase tornou-se mais interessante para os espectadores em geral – fora o drama das pretensões pessoais, há maior variedade de surfistas e nacionalidades, com muitos confrontos clássicos e de geração”.

 

O 12 sempre foi mágico, sagrado: 12 apóstolos, 12 meses do ano, 12 portas da cidade de Jerusalém, 12 horas diurnas, 12 signos, 12 casas do zodíaco… E, por último, mas antes do fim, a previsão, feita pelos Maias, de que o mundo vai acabar como é hoje no dia 21 (12 invertido) de dezembro de 2012.

 

Embora eu seja da turma dos céticos em relação a previsões apocalípticas, torço para que Adriano de Souza seja campeão logo em 2011, antes que seja tarde. Ah, e vou tratar de comemorar meus 40 anos como se não houvesse amanhã. É melhor assim, sempre.

 

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Tulio Brandão é colunista do site Waves e autor do blog Surfe Deluxe. Trabalhou três anos como repórter de esportes do Jornal do Brasil, nove como repórter de meio ambiente do Globo e hoje é gerente do núcleo de Sustentabilidade da Approach Comunicação.

 

 

Tulio Brandão
Formado em Jornalismo e Direito, trabalhou no jornal O Globo, com passagem pelo Jornal do Brasil. Foi colunista da Fluir, autor dos blogs Surfe Deluxe e Blog Verde (O Globo) e escreveu os livros "Gabriel Medina - a trajetória do primeiro campeão mundial de surfe" e "Rio das Alturas".