Sharp Eye Surfboards

Novos modelos

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Novos modelos e tecnologia de pranchas são como carros de F1: você desenvolve para pilotos especiais e depois adequa para os mortais. Foto: Divulgação.

 

Marcio Zouvi, dono e shaper da Sharp Eye Surfboards, está novamente no Brasil. Ele tem uma longa parceria com Marcio “Tubba” Domingues, que, entre outras marcas, também produz aqui as Sharp Eye. Mas, desta vez, Zouvi não veio shapear e está aqui especialmente para apresentar suas novidades na The Board Trader Show.

Qual o objetivo dessa viagem ao Brasil?

Vim para para levar aos EUA um upgrade da máquina DSD, que usamos para usinar nossas pranchas. Até o Luciano Leão, que criou a máquina, está adotando essa mudança feita pelo Julio Rovai, da “KosBlanks”. Ficou realmente muito bom. Mas vim principalmente para a The Board Trader Show. O projeto da feira é muito bom. Faço a Surf Expo (EUA) há mais de 15 anos. Temos um mercado muito grande aqui e o consumidor, normalmente, interage só com o vendedor na loja, ou com o fabricante, pela internet. Há muitos shapers de fora do Brasil ou que moram em outros estados, e essa é uma ótima chance para que todos possam interagir com seus clientes. Esse é nosso objetivo na TBTS: interagir com clientes e trocar ideias sobre designs.

Novidades sobre pranchas?

Estamos com um modelo novo do Filipe, para ondas boas, e uma nova tecnologia para EPS/Epoxi que estamos indicando para ondas médias e pequenas a ser usada nos modelos que já temos. Estamos acertando os materiais aqui para serem reproduzidos como os da Califórnia, com carbono, tecido de fibra diagonal… É uma construção bem interessante.

 

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A E2 pode ser uma opção incrível, para situações específicas. Foto: Divulgação.

 

O EPS funciona sempre?

A vantagem que vejo nele, em ondas pequenas, perde em mares com muito vento. Há de levar isso em consideração. Não dá para pensar numa prancha dessa para todas as situações, mas é uma ótima alternativa para ser usada nos momentos certos. O modelo Disco, que usamos muito em ondas pequenas e médias com essa tecnologia, mostrou boa vantagem. Ela tem mais flutuabilidade, tem um flex diferente, um “feeling” e “pop” diferentes, é mais leve, o que potencializou as características da prancha. Esse design, popular em ondas mais fracas, melhorou ainda mais. Mas se ventar muito forte, a tecnologia do epóxi acaba não sendo vantajosa. Vejo muita gente, inclusive lá fora, indicando erradamente esse tipo de prancha. Modelos de high performance, que têm as bordas projetadas para cravar na água, mais rocker, dificilmente funcionam com EPS.

O Filipe gostou dessas pranchas de EPS?

Ele não consegue usar EPS. Já tentamos todo tipo de construção. Até no US Open, quando ele venceu, o mar estava horroroso, ondas sem força, e o locutor dizendo que todos estavam competindo de EPS e o Filipe estava com PU, round pin, quebrando as ondas e todos os conceitos e teorias. Mas é a maneira dele gerar velocidade. O extra, que para mim e para você é vantajoso, para ele não faz diferença, não é o que ele quer. Aliás, tive que colocar mais peso na prancha, porque ele estava achando muito leve. Vejo o Slater, por exemplo, surfando melhor com PU.

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Fitas de carbono, tecido com características que oferecem mais resistência, EPS de alta densidade, sem longarina. Os modelos com essa tecnologia ganharam leveza e outras vantagens interessantes. Foto: Divulgação.


E você está usando longarina ou não?

Não. Essa construção da E2 não tem longarina, a densidade do bloco aumentou, o tecido é diferente – para suportar o fato de a flexibilidade ter aumentado – e o carbono também é colocado para ajudar o “pop back” (a volta da prancha à sua curva normal depois de flexionada). Mas também tenho construção normal em EPS/Epoxi com longarina, com bloco de densidade mais baixa, pois ela acaba tendo um comportamento mais próximo do PU. A E2 é bem diferente mesmo, você sente a prancha mais em cima da água.

Qual a diferença básica do novo modelo do Filipe para 2017?

Esse design foi criado em cima do modelo OK, que ele usava em ondas boas. Melhoramos, alterando o rocker. Ele usou em Portugal e disse que a prancha é muito rápida, arisca, e troca de borda com muita rapidez, se é que isso é possível pelo jeito que ele já surfava com a outra. Mas penso que esse mercado de pranchas de alto desempenho está diminuindo. Lá fora você vai nas lojas e vê 90% de pranchas para iniciantes, para ondas pequenas, bico largo, mais relax, mais volume e só 10% high performance. Mas não creio que essas pranchas que faço para Filipe obtenham vendas meteóricas, pois não é todo mundo que consegue surfar com elas.

 

Tem que fazer adequações…

Por isso estou fazendo uma grade de volume, uma grade que recomendo para lojistas já com dimensões para aquele cara que sabe surfar bem poder levar um modelo de high performance numa viagem em que vai pegar ondas boas. É incrível, mas os surfistas profissionais estão se distanciando tanto do resto dos mortais que esses modelos estão ficando cada vez menos utilizáveis.

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O modelo #77, desenvolvido a partir do modelo OK, foi testado e aprovado por Filipe Toledo para seu quiver 2017. Foto: Divulgação.