Cris Stockler desbrava Pico Alto

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Marcelo Freitas, Cris Stockler e Luisfer ao fundo Punta Rocas, Peru.. Foto: Arquivo Pessoal.
A surfista carioca Chris Stockler, 33 anos, entrou para a história do esporte como a primeira brasileira a dropar Pico Alto, em Punta Hermosa, no Peru, no dia 18/04 deste ano.

 

“Fiquei extremamente maravilhada. É um drop eterno e o volume de água é magnífico. Foi tudo que eu sempre sonhei”, disse ela, que três dias depois encarou o pico fazendo tow-in.

 

Essa onda só quebra a partir de 10 pés e chega aos 30 pés plus. “Sempre quis pegar ondas grandes, mas não sabia que ia gostar tanto.

 

Fica até difícil me tirar da água”, conta a surfista.

Esse pico foi surfado pela primeira vez em 1965 pelos amigos Pancho Aramburu, Felipe Pomar e Joaquim Miroquezada. A melhor época para surfá-lo é entre abril e maio.

 

Chris chegou ao Peru no dia 14/04, junto com o longboarder brasileiro Marcelo Freitas. Primeiramente, eles foram surfar em uma onda chamada Kon Tiki, que quebra a 800 metros da praia, com o tamanho variando entre 6 e 8 pés.

 

“Depois de duas horas de surf, fui a última a sair. Meus amigos queriam saber se eu atravessava uma piscina de 50 metros por baixo da água quando nadava, se fazia outros esportes”, explica Chris, que antes de surfar já praticava esportes náuticos, como apnéia – modalidade de mergulho – e wakeboard.

 

“No dia 18/04, quando completei exatos três anos e seis meses de surf, resolvi comemorar surfando sozinha em Kon Tiki. Foi maravilhoso estar ali, o mar, os pelicanos, os golfinhos, altas ondas e eu”, conta ela.

Quique, Cris Stockler, LuisFer e a gunzeira usada para surfar Pico Alto.. Foto: Arquivo Pessoal.

Naquele mesmo dia, Chris recebeu a notícia do seu amigo Luis Fer que Pico alto estava quebrando.

 

“Acho que nunca comi tão rápido na minha vida. Troquei de roupa voando e caminhamos durante uns 15 minutos. Chegando na praia, só dava para ver uma espuminha bem longe. Varamos o quebra-coco, que é chatinho, e à medida que você vai chegando, a onda ganha tamanho e beleza”, disse Chris.

 

Segundo ela, Marcelo inaugurou o dia, pegando uma direita lindíssima.

“Eu demorei mais uns 10 minutos até pegar o ritmo de remada das ondas, que estavam com 12 pés. Mas também quando entra, é um sonho só. Peguei uma direita e depois peguei só esquerdas, pois os meninos estavam na direita. Até que levei um puxão de orelha do Luis Fer e do Marcelo para que eu pegasse direitas também”.

Isso porque lá os fotógrafos só tiram fotos das direitas, porque a esquerda é mais escondida e perigosa.

 

No dia seguinte, ela checou o pico com Luis Fer e o Quique, dois amigos locais. “Chegando lá, o quebra-coco estava ainda maior. Peguei logo uma linda direita. As ondas estavam mais em pé e um pouco maiores. O dia estava com muita neblina, o que dava um clima legal”.

 

Chris surfou com uma gun 9″6′ emprestada do LuisFer e com um strep de 20 pés. Os longboards que ela levou não davam nem para a primeira remada.

Depois desta experiência, ela quer surfar Jaws com 20 pés. Para isso, já está se preparando física, emocional e mentalmente.

 

“Preciso de um suporte maior, que dê possibilidade para eu treinar em ondas maiores e por mais tempo. Gostaria que uma empresa de peso reconhecesse o meu potencial e investisse no meu treinamento”, deseja ela.