Coca-Cola dá um gás no WCT

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#Acabou a novela, a etapa brasileira do WCT está confirmada em Saquarema. A Coca-Cola, depois de figurar como apoiador secundário no evento do ano passado, será o patrocinador principal este ano e bancará boa parte dos R$ 900 mil necessitados pela promotora Leilane Barros, da Via Lax, para confirmar a prova em Itaúna. Um dos produtos da marca dará nome ao evento ? especula-se que opção esteja entre os refrigerantes Coca-Cola e Kuat ?, mas o anúncio só será feito numa coletiva de imprensa no dia 9 de agosto, em grande estilo, em Saquarema. Longe das gavetas dos políticos a etapa brasileira do WCT funciona melhor. Mesmo com o dólar extrapolando a casa dos R$ 3 e um evento em que apenas com a premiação gasta-se US$ 250 mil, a iniciativa privada banca com mais segurança e competência que o poder público. É o provável fim do pesadelo das promessas não cumpridas ao surfe. Ano passado, a Prefeitura do Rio disse não ter prometido nada quando o evento estava prestes a começar. Depois de muita pressão da mídia e da ameaça do Governo do Estado de bancar o evento para colher os frutos políticos disso, o secretário municipal de esportes, Ruy César, acabou assinando o cheque de R$ 500 mil. O detalhe é que, no mesmo dia em que confirmou a etapa no Rio, Ruy César anunciou que a Prefeitura continuaria bancando o evento em 2003… Se a Leilane acreditasse na promessa teria os mesmos problemas este ano: Pânico com a possibilidade de fiasco, surfistas fora d´água esperando uma decisão política e o diretor-executivo da ASP Wayne ?Rabbit? Bartholomew ameaçando a prova brasileira… Melhor, portanto, é a participação do poder público apenas como incentivador da entrada da iniciativa privada, com leis de incentivo fiscal. Assim, deu certo este ano. Agora, só falta a entrada das empresas de surfwear. Leilane decidiu que vai ligar para dois dos mais importantes empresários do surfe nacional: Alfio Lagnado, da Surf Co., empresa dona da marca Hang Loose e do licenciamento da Reef Brazil entre outros; e Avelino Bastos, da Tropical Brasil, talvez a mais produtiva fábrica de pranchas da América Latina. “Ainda vou correr atrás de alguns patrocinadores e os dois são as pessoas certas para conversar sobre o surfe brasileiro.”


Queria agradecer aos amigos leitores pela participação na minha primeira coluna. Foram 19 respostas no grupo de discussão e dois e-mails enviados em alguns dias! Sei que nem sempre vou abordar temas com tanta repercussão, mas achei sensacional saber como vocês reagem ao texto. A rapaziada escolheu dois alvos nas respostas. Leitores como Richard Wagner Eckhart concentraram munição nos políticos. Outros, como Thiagão, soltaram os cachorros em cima dos empresários da surfwear. Teve também mensagem de boas-vindas, como a do amigo e centurião do bodyboarding na Waves, Xandão Barros. Mas a melhor frase saiu de uma leitora, a simpática Mônica Valverde ? única no grupo dos 19 prováveis surfistas: “Chegou a hora de fazermos mais e reclamarmos menos.” Você está certa, Mônica. Vamos esquecer um pouco os maus exemplos. Entre os empresários do surfe, não falta quem já tenha feito muito pelo esporte. Não podemos esquecer que o Brasil foi o país que mais cresceu nas ondas nos últimos 20 anos, apesar de toda a crise e da falta de grana. Foi por causa dessa galera do business, que administra as empresas entre uma caída e outra, que um garoto fenomenal da Paraíba e um menino cheio de estilo de Santa Catarina abriram as portas para os brasileiros no circuito mundial. Fabinho e Teco são heróis hoje porque, um dia, alguém acreditou neles. Com o dinheiro desses caras, o país conseguiu ser sede de uma batelada de etapas do World Qualifying Series (WQS) e, com isso, arrombar de vez as portas do WCT, para que entrasse logo um exército verde-amarelo e não mais uns gatos pingados. Se você perguntar a faixa salarial dos gringos ? não vale a do Kelly Slater, claro ? pode acabar vendo que o Brasil tem a maior média salarial do surfe profissional mundial. E jamais tirem da cabeça que vivemos num país de terceiro mundo. Isso é para jamais esquecermos de que o mercado do surfe não é feito apenas de sanguessugas… Rasgadinhas – Muito legal o incentivo da Petrobras no surfe nacional. A empresa, que este ano destinou uma verba milionária para esportes náuticos, vai bancar eventos de nível nacional de surfe feminino e longboard. Só faltou acreditar na etapa brasileira do Mundial de Longboard, sucesso ano passado em Saquarema. Em 2002, a etapa foi cancelada. Rossini Maraca, lenda no surfe nacional e organizador do evento, mandou projeto para a gigante do petróleo brasileiro e não ganhou um tostão. – Antes que alguém pergunte por que, num site de surf, eu escrevo surfe. Afinal, qual o esporte do Peterson, do Fabinho, do Renan e daquele cara que arrebentou no seu pico ontem? Procura no dicionário que está lá. Tenho orgulho do surfe brasileiro, assim com “e” mesmo, sem o sotaque dos gringos. Pergunte ao Romário se ele joga soccer ou football? Tulio Brandão é repórter do jornal O Globo.

Tulio Brandão
Formado em Jornalismo e Direito, trabalhou no jornal O Globo, com passagem pelo Jornal do Brasil. Foi colunista da Fluir, autor dos blogs Surfe Deluxe e Blog Verde (O Globo) e escreveu os livros "Gabriel Medina - a trajetória do primeiro campeão mundial de surfe" e "Rio das Alturas".