Espêice Fia

Buguinho é o bicho

0

 

Buggys dispensam tração 4×4, têm manutenção barata e são valentes na areia. Foto: Arquivo Pessoal.

Nada melhor do que um veículo despojado para ir ao surf. Nessa leva, buggys, Gurgels ou qualquer carro em fibra, incluindo Land Rovers em alumínio, são uma maravilha. 

 

A vontade de ter um buggy surgiu depois das idas a Fernando de Noronha (PE). A sensação de liberdade é muito boa e tratando-se da estrada até a Cacimba do Padre, por exemplo, dava pra ver que o veículo era valente.

 

Comprei meu primeiro em 1998 do Augusto Godoy, um amigo de Serrambi (PE). Tendo em vista as dificuldades das estradas à época, era perfeito para o trajeto até Porto de Galinhas (PE). 

 

Desde então, me habituei e não tive mais que me preocupar em lavar carro, areia, sal etc. Era botar uma bermuda, jogar a prancha na traseira – ou amarrar na capota – e pista pro surf. 

 

Pelo fato das rodas traseiras serem largas, os buggys dispensam tração 4×4. Murchando os pneus então, o sujeito vai pra qualquer canto. Claro que outros carros com pneus murchos também ficam valentes na areia, mas o buguinho é o bicho. 

 

Em Floripa (SC), sigo até o canto das Aranhas e permaneço na parte que é permitida na praia do Moçambique. Gostaria mesmo de dar um rolê sobre as dunas nos estados em que essa atividade é turística: Rio Grande do Norte e Ceará. 

 

Em Saquarema (RJ), o buggy é bastante usado e, coincidência ou não, em Floripa (SC), vários outros surfistas já têm esse tipo de carro, principalmente pela facilidade de vestir o long john, descer direto para as ondas e depois passar direto para o chuveiro de água quente. 

 

Fato é que no inverno vale uma capotinha de vedação, caso contrário, mesmo de long, a friaca fica intensa. 

 

Outra vantagem é a manutenção barata. Basta botar o bicho pra rodar. Prejú é quando fica parado. O óleo velho suja alguns componentes do motor e pode dar problema. 

 

Certa vez, coloquei adesivos de meus patrocinadores na lataria do veículo. Desde então, muitos outros surgiram. Assim seguiu até estar quase completo. Tem logotipo de tudo quanto é marca e tudo quanto é coisa: vaquejadas, depósitos de bebidas, farmácia, adesivos de campanhas institucionais, etc…

 

Por onde estaciono, a turma vai pregando coisa. Divertida mesmo era uma buzina que meu buguinho tinha. Soltava rinchos de cavalo, assoviava, imitava galinha e cachorro. 

 

Só tinha um problema. Nego ficava brincando com ela e a bateria arriava sempre. Anulei a bicha.

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.