Libéria

O nascimento de uma nação

Desde 2003, comunidade de surfistas de Robertsport não para de crescer no país africano da Libéria.

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Apesar de ser um esporte menos desenvolvido no continente africano do que em outras partes do mundo, a história do surfe na África é antiga, e o primeiro registo, em Gana, chega a preceder o registo mais antigo do Havaí, universalmente reconhecido como berço do surfe.

Hoje, essa história alastra-se para a Libéria, a mais antiga república da África. Foi um país destruído por guerra civil, e assim que ainda vive no imaginário do Ocidente, mas em 2003, com o final da guerra, algo aconteceu na cidade de Robersport que começou a mudar o seu rumo.

Alguns surfistas americanos foram surfar na cidade e passaram o seu conhecimento a Alfred Lomax, que se tornou no primeiro surfista liberiano. Lomax, por sua vez, ensinou o esporte para vários locais, e assim começou a se formar uma comunidade.

Um dos aprendizes de Lomax foi Philip Banini, que hoje exibe na sua pousada uma placa com as palavras “when nothing goes right, surf a left”, em referência às esquerdas que se podem surfar em Robertsport. A cidade é agora um dos três destinos de surfe do país, ao lado da capital Monrovia e Harper.

O canadiano Kent Bubbs, que se mudou para a Libéria há 15 anos, explicou à CNN que o crescimento da comunidade surfista na cidade é visível. “A cada ano, há cada vez mais surfistas”, disse. “Os garotos que começaram a surfar agora estão tendo filhos, e os filhos estão surfando. Às vezes, vemos vários membros da mesma família surfando juntos”.

A Libéria conta com um campeonato nacional, organizado pelo Robertsport’s Surf Club em colaboração com a ONG Universal Outreach Foundation, fundada por Kent Bubbs e Landis Wyatt, também do Canadá.

“O surfe transformou-se numa atividade em que os jovens podem se divertir na companhia dos amigos, competir, expressar-se e ultrapassar os desafios ao lado de pessoas com os mesmos interesses”, explica Bubbs.

Irene George ganhou a alcunha de Borboleta porque surfa como se estivesse voando sobre as ondas, mas esse não é o único aspecto que chama a atenção. Irene é além disso a única surfista mulher de Robertsport, e a atual campeã nacional na categoria feminina. A surfista fez uma pausa no esporte para apostar nos estudos, e agora está de volta ao mar e pretende continuar a voar.

Irene quer inspirar outras mulheres a surfar, mas sabe que o caminho é longo. A comunidade surfista está crescendo, mas o surfe ainda é novidade, e muitas pessoas não sabem nadar, explica ela. O seu plano é abrir uma escola de surfe e natação chamada Liberian Future Surf School.

O surto de ebola em 2014 e, mais recentemente, a covid-19, representaram grandes entraves para a economia na Libéria, mas Philip Banini prevê um futuro mais brilhante, com o turismo de surfe contribuindo para o crescimento económico de Robertsport.

Atualmente, a economia da cidade concentra-se na pesca, mas a crescente vinda de turistas oferece outras possibilidades, o que faz com que a economia e a comunidade continuem em crescimento. O Robertsport’s Surf Club terá em breve um espaço próprio onde pretende providenciar aulas de surfe e alojamento. “Quero que saibam na Libéria que existe um esporte chamado surfe, e que muitos liberianos já praticam”, afirma Banini.

Fonte CNN