Litoral Sul

Lixo internacional nas praias de SP

Praias do litoral de SP recebem lixo tóxico internacional; 11 galões de plástico chineses coletados na última quarta-feira (2).

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Foram coletados 11 galões chineses.

As praias do Litoral Sul de São Paulo, principalmente em Peruíbe, continuam a receber diversas embalagens descartadas de países da Europa, América do Norte, África e Ásia. Há quatro anos, a ONG Ecologia e Movimento (Ecomov) começou com ações de limpeza nas faixas de areia da região e, desde então, se tornou rotina remover garrafas plásticas, latas de alumínio e aerossóis. Na última quarta-feira (2), por exemplo, foram coletados 11 galões de plástico chineses.

De acordo com o voluntário Gilmar Rodrigues, de 58 anos, que encontrou os galões, todos os dias são coletadas garrafas pets com selos internacionais na Praia de Parnapuã, em Peruíbe. “Até então eram garrafas, mas agora já estou achando em fardos”, ressalta.

O voluntário informou armazenar, em casa, 12 sacos com lixos internacionais. Um deles, segundo Gilmar, pesa algo em torno de 60 kg. “A maior parte [das embalagens] é de água das forças armadas do Canadá”. Os itens estão guardados há dois meses para serem retirados pela Ecomov.

Segundo a Ecomov, os itens mais registrados nas praias do Parque Estadual Itinguçu, em Peruíbe, são da China – representam 60% dos materiais. Os dados foram coletados até setembro deste ano.

De acordo com o ambientalista e parceiro da Ecomov, Amilton Pedroso de Aguiar, a rota para a coleta de resíduos nas praias é feita por trilhas, mas, às vezes, é realizada de barco se o volume de lixo for grande.

Ong realiza atividades de limpeza.

Material cancerígeno

A Ecomov afirma ter registrado a coleta de embalagens de solventes, aerossóis, produtos inflamáveis e de alto risco à vida, como o metabissulfito (conservante), que é potencialmente cancerígeno.

De acordo com Rodrigo Azambuja, presidente da Ecomov e educador ambiental, o primeiro registro e coleta de material com metabissulfito foi em 2019. Desde então, segundo ele, todos os anos seguintes novas embalagens com o produto foram encontradas.

Pedido ao MP

A ONG ressalta que apresentará um quarto pedido ao Ministério Público para tentar coibir o descarte de lixo pelos navios de forma desordenada. A Ecomov faz relatórios a cada ação e, com o balanço, junta informações que devem ser enviadas até dezembro deste ano ao Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente Gaema, do MP.

Atualmente, um inquérito investiga o lixo nas praias do Sul do estado e em praias preservadas. Os materiais são analisados pelo Gaema. Em abril deste ano, algumas empresas que fazem a limpeza dos navios foram convocadas pela promotoria para análise de ações de gestão ambiental.

Segundo Rodrigo Azambuja, a ONG e outras empresas querem unir forças para criar uma lei de obrigatoriedade de contratação de serviços de limpeza dos navios no Porto de Santos, pois, para eles, o material contaminado provém de embarcações que passam pelo cais santista.

“A ideia é ter uma lei que multe embarcações que não prestam contas dos resíduos ao entrarem na barra do porto de Santos”, ressaltou o presidente da Ecomov.

Fonte G1