Espêice Fia

A história mudou

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Gabriel Medina durante um momento relax em Noronha, quando o surf divertido, os desenhos e as guloseimas tinham mais intensidade na vida do atleta. Foto: Fabio Gouveia.
 

As gerações vem e vão. Tudo passa rápido. Me orgulhava de ver nas revistas a “turma do Waimea 5000” com os registros das primeiras vitórias de brasileiros na extinta IPS, que antecedeu a ASP. Aquela geração era forte, mas os tempos eram outros. Salve Daniel Friedmann, Pepê Lopes, Cauli, Valério, Tendas, Otávio Pacheco, Bocão, Rico, Rabelo, Taiu, Picuruta, Dadá, Tinguinha, Dantas e tantos outros pioneiros e peças importantíssimas no nossa escalada rumo a um futuro título mundial.

Nossa geração já pegou uma época melhor. Os anos 90 foram show. Ribas chegou próximo em 99, poderia ter ido mais além com algumas baterias que foram duvidosas em favor de alguns dos seus adversários naquele ano. Eu e Teco formamos a dupla dinâmica, como ficamos apelidados. Piu Pereira veio com Renan Rocha, Peterson Rosa, Herdy, Tatuí, Jojó, Tadeu, Neco e tantos outros como também.

Pablo Paulino, Pedro Henrique e mais uma vez muitos outros até a chegada do Mineirinho, que prematuramente foi tendo os excelentes resultados. O guarujaense veio pra ficar, colheu e segue colhendo seus frutos. Já figurou duas vezes na ponta do ranking e segue evoluindo e se solidificando cada vez mais, independente da atual posição no ranking corrente ou final da temporada anterior.

O circuito atual está no começo e neste exato momento traz Gabriel Medina na liderança. Em que estágio nós estamos? Até que um dos nossos seja campeão mundial sempre existirá aquela interrogação, como sempre existiu, diante dos bons feitos às gerações anteriores. “Está longe ou está perto do tão sonhado título?”.

Não tenho acompanhado o surf competição como deveria, mas nos relances que vejo, Mineiro é o mais preparado. Medina está cada vez mais entupindo sua bagagem e deve estar se espelhando na garra e determinação do Adriano, que, por sua vez, absorve toda a energia do prodígio de Maresias, como também de Toledo, Pupo, Alejo, um pilhado Jadson e um experiente Raoni, que foi um desses em que apostávamos muito e que ainda pode nos dar surpresas.

O título parece perto e ao mesmo tempo longe, até que realmente as finais façam parte do cardápio mais constantemente. É difícil palpitar, tal como esperamos em que esta “nova ASP” dará. Realmente só o tempo dirá. Mas segue nossa torcida e orgulho em ver este estágio que o surf brasileiro atingiu.

Tudo passa rápido, outro dia estávamos em Noronha, na pousada da Tia Zete, quando em meio à inocência precoce, cliquei esta foto de Gabriel relaxado. As preocupações ali eram surf divertido, desenhos e guloseimas. Agora a história é outra: tá cheio de bicho-papão, mas tenho a impressão que está se formando o campeão.

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.