Baixada Santista

Shaper incentiva talentos

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Shaper Éder Oliveira desenvolve projeto para ajudar surfistas e revelar novos talentos na Baixada Santista. Foto: Divulgação.

 

Identificar um futuro campeão não é tarefa fácil. Tem que haver bom “faro” e uma ótima percepção para saber investir no jovem certo para que ele desenvolva no esporte e alcance o objetivo traçado. Pois é! Este é o grande desafio do shaper santista Éder Oliveira, que há dois anos começou um trabalho na categoria de base, na Baixada Santista, no intuito de impulsionar futuros campeões dentro do surfe.

Com 36 anos de experiência na construção de pranchas de surf, e com passagens pelas maiores fábricas do ramo no Brasil, e na Europa, o shaper Éder Oliveira, 51, desde 2014 resolveu desenvolver um projeto ousado, ainda sem nome, mas que vem apresentando resultado nas ondas do litoral sul. O desafio consiste em investir em jovens surfistas, com poucas condições financeiras para adquirirem uma prancha nova, mas que apresentem potenciais dentro do mar. “A intenção é descobrir novos talentos para competições, além de chamar a atenção dos empresários para que apoiem os jovens e consequentemente o projeto”, explica.

Eder é um shaper da época dos clássicos e modernos, de pranchas com monoquilhas, biquilhas, triquilhas e também da era das inovações, com experiência nas grandes fábricas do setor, aprendizado que o fez receber o convite para trabalhar de 2006 a 2008 na Espanha e Portugal, com fabricação de pranchas.

Foi aí que tudo começou e as ideias surgiram! Ele precisou sair do Brasil para dar atenção ao óbvio! E, que apresentava resultados positivos para as marcas investidoras lá de fora. “Vi muitos jovens ganhando uma simples prancha de surf. Muitas vezes usadas e mal conservada. Percebi que um garoto mostra reação surpreendente ao ser incentivado, observei quando estive na Europa e vi crianças que ao receberem este apoio teve um grande crescimento em competições e muitos se dedicaram e conquistaram pódios. Vi jovens também que se afastaram de drogas e construíram metas para suas vidas”. De volta ao Brasil ele esperou o momento certo para colocar em prática esta simples ideia e apresentou o projeto para alguns amigos que logo o ajudaram a colocar em prática.

Um desses amigos é o Sérgio da Silva, o “Sérgio Pro Glass” como é conhecido no universo do surf. Ele é o proprietário de uma grande fábrica de pranchas, a  New Advance surfboards, e cedeu um espaço para que Éder produzisse as pranchas do projeto. “Este para mim foi o principal gesto que alavancou mais ainda a vontade de continuar, de ajudar. O Sérgio teve esta grande sensibilidade ao me apoiar”.

Éder tem a certeza de que se as empresas se unirem ficaria mais fácil investir nas categorias de base, descobrir novos talentos, além de ajudar essas crianças a mudarem a realidade de suas vidas, uma vez que o surf tem este poder, e no Brasil o esporte está em alta e é o único que vem dando mais alegria aos brasileiros. “O surf ganhou repercussão nacional, o que antes era desprezado inclusive por canais de televisão especializados em esportes, hoje ganha destaque no Jornal Nacional e está na boca do povo. É a válvula de escape inclusive para quem nunca colocou uma prancha sob os pés. Enfim, se esses jovens não forem campeões no esporte podemos deixar plantado a semente da cidadania, acredito! Eu quero que eles saibam que o caminho longe de confusão é a melhor opção”, conclui.

O projeto do Éder é simples: fabricar pranchas com o menor preço possível para que futuros talentos possam competir de igual para igual, com equipamento de primeira, e em condições de evoluir no surf. Um dos jovens beneficiados que sensibilizou Éder é o santista Nick Kikuda, filho de surfista que nasceu com cardiopatia congênita (má formação do coração). Hoje, Nick é um dos destaques no surf santista. “O Nick kikuda é a minha maior bênção. Ele que me deu força para lutar com o projeto e sem dúvida continua dando”, confessou Éder.

“Eu dou o primeiro passo para ajudar essa molecada. Barateio ao máximo uma prancha de surf. As vezes até doo a prancha, consigo equipamentos, tento arrumar apoios. Estou lado a lado com eles. Agora, uma coisa que eles têm que apresentar dentro do mar é surf no pé. Disciplina e postura dentro do mar são essenciais. Desenvoltura nas manobras e ter boa leitura de onda são estratégias para estarem além dos demais e são esses diferencias que estão sendo observados pelos ‘olheiros'”, conta Éder Oliveira, que pretende associar o bom desempenho escolar ao seu projeto futuramente.

Início

O projeto começou em Santos com os jovens Nick Kikuda, um dos destaques no surf da nova geração e Tomas Mariano, que foi o campeão do Circuito Santista na categoria júnior. Tem também o Vitor Luiz, que fechou 2015 como campeão da Mirim. Os “meninos do surf” vêm dando trabalho dentro do mar. Na Praia Grande, Kauê Alohinha é o beneficiado e recentemente foi agraciado com uma prancha do shaper Éder Oliveira. O jovem foi pódio em todas as competições que participou em 2016, até o momento.

Agora, o foco está na cidade do Guarujá com os surfistas Samuel Alves, 14 anos, disputa na categoria Mirim, além dos atletas Diego Oliveira, 13 anos, Renan Nascimento, 12 anos, Fernando Jesus, 13 anos, Derek Moura, 13 anos, todos disputam na categoria Iniciante. Os jovens têm como pico de treino a Praia do Tombo, Guarujá.

Até um outline diferenciado foi desenvolvido para as categorias de base assistidos pelo projeto do shaper Éder.  “Tenho feito pranchas pequenas com a mesma hidrodinâmica das pranchas que os profissionais usam. Elas vão chamar a atenção durante as competições. Para o Guarujaense de Surf estarei com sete ou mais atletas usando este novo shape. Será uma inovação na categoria  de  base”, disse.

O shape santista não conseguiria colocar em prática todos esse trabalho sem a colaboração dos empresários da Pro Glass, New Advance surfboards, Na linha da onda, Out Line, Faberglass, Náutica Tintas, Rubber Sticky, Rip Cord e Over Reef e, também do preparador físico Rogério Melo.