Pasti

Refugiados das ondas

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De onde viemos? Onde estamos? Para onde vamos? E o por quê?
Estas são perguntas que deveríamos fazer com mais frequência a nós mesmos. Alguns já se perguntaram e não tiveram resposta, alguns vivem se questionando e estão à procura dela, mas a maioria talvez nunca tenha se perguntado.

Afinal, precisa-se de silêncio, é preciso um segundo de reflexão, é preciso de “tempo”. Mas como conseguir tempo? Nos dias de hoje já acordamos correndo, atrasados, estamos sempre agitados, no trânsito, no barulho, no crowd dentro e fora da água. Não temos tempo nem para comer sossegados ou mesmo respirar fundo.

Quando se está assim, melhor mesmo é viajar, buscar algum lugar onde o maior problema é escolher a onda a ser surfada.
Refúgio. Todos nós precisamos se desprender do habitual em algum instante e colocar isso no calendário definitivamente.

Precisamos pegar ondas, precisamos sentar no outside e contemplar o visual, mas isso não acontece quando você está pensando se o carro estacionado está seguro, ou que daqui a pouco tem que voltar ao terno e gravata, assinar uma papelada ou ter aquela reunião. Vai acontecer quando você estiver longe disso tudo.

Férias, refúgio e surftrip, três coisas que separadas são ótimas, juntas têm um peso muito maior. Satisfação, alegria, sorriso no rosto e talvez o reencontro consigo mesmo. Tenho visto isso regularmente em todos os rostos que passam por aqui. Trabalhando no Surfing-Village há pouco tempo, acompanhei somente quatro grupos até agora, mas é incrível a semelhança de como eles chegam e saem daqui.

Desembarcam entusiasmados, mas ainda no ritmo da cidade, da velocidade e da agitação, porém quando chega a hora da partida a saudade já os assombra, pois a descoberta do silêncio, ou de apenas o barulho das ondas e do vento nas árvores, além das gargalhadas de alegria da galera só os fazem querer ficar mais e nunca mais irem embora!

Fotografo grupos de surfistas sabe-se já há anos, mas aqui é diferente, consigo acompanhar a mudança nos rostos, vejo meus registros ajudando nesta verdadeira mutação. Surfistas de todos os estilos e níveis vem para cá, cada um procurando fazer de cada momento um registro para ser lembrado mais tarde. É extremamente satisfatório ter o fruto do meu trabalho como fonte de inspiração, lembranças e saudades.

Pasti tem sido isso refúgio de bandeira brasileira no Norte da Sumatra, onde você acorda ao som do mar, olha para o nada e para tudo ao mesmo tempo, onde você dá risada jogando conversa fora, onde você encontra tempo. Porém, o mais importante, Pasti é onde você se encontra, onde você pode achar muitas respostas, inclusive para aquelas perguntas mais difíceis.

Agora pessoalmente, além de tudo que citei acima, sabe o que de verdade me faz querer continuar o meu trabalho aqui? As amizades! Novas amizades que se criam a cada grupo, pessoas que de alguma forma vem buscar este refugio, mas acabam lhe trazendo aprendizado de vida. Em meio as rodadas de Bintang no final de tarde, sempre um ou outro acaba revelando como é sua vida na agitação e agradece por estar aqui, valorizando cada momento e acumulando energia para a volta necessária, porém, revigorado e pronto para planejar a próxima viagem.

Aproveito para agradecer a minha mulher Vica Moraes por todo o apoio, e também agradecer um a um listado logo abaixo. Obrigado por terem me deixado registrar seus momentos aqui e por terem dividido seus mais preciosos dias de folga.

Caetano Rocha, Daniel Aguiar, Diogo Elias, Gustavo Xingu, Marcelo Micheletti, Ben Kelley, Raul Rechden, Isidoro Neto, Raoni Del Persio, Virginia Ferraz, Eduardo “Dudu” Sócio, O casal Alê e Tíci, Beto Alemão, Rodrigo “Vovo” Centurion, Kleber Malafaia, Fabião Leopoldo, Pedro “Portuga” Claro, Victório “VB” Soares, Bruno D’Amico, Jessica Funnell e Anna D’Amico.

E claro, sem deixar de fora a família surfing-village: Mario Pacheco Fernandes e Michelle Pacheco Fernandes, Fernando “Nardeli” Sciamarelli e Ana Paula Kuplich, Paulo ”Paulé” Sciamarelli e Echa Wuisan, André “Mopi” Vieira, Ferre Gabriel “Truta”, as meninas da cozinha, Kristina, Rosmidar e Rosana, Poço e a Awas e os “orelhas secas” que estão sempre por aqui. Obrigado a todos!

Confira mais fotos no site do fotógrafo Everton Luis. Ele também fotografa para o resort Surfing Village.