Picuruta revela fôlego de gato para vencer

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Picuruta no mundial masters ISA 2003. Foto: Marcos Conde.
Considerado um dos maiores surfistas brasileiros de todos os tempos, o santista Picuruta Salazar, 42, continua impressionando e acaba de garantir mais um título mundial à sua vasta coleção. Desta vez, foi campeão no Mundial Master ISA (International Surfing Association), entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

 

Esse título vem menos de um mês depois dele surfar uma onda durante nada menos que 35 minutos, e percorrê-la por 12,2 quilômetros, sem pausa, em plena selva amazônica, durante o fenômeno da Pororoca, no Amapá.

 

Picuruta e David Huzadel na Nova Zelândia. Foto: Marcos Conde.
A disputa do Mundial Masters aconteceu em New Plymouth, Nova Zelândia, e reuniu vinte equipes. Voltando a competir com pranchinhas, porque desde o início dos anos 90 a prioridade foi o longboard, ele deu um verdadeiro show entre surfistas de sua categoria (40 e 44 anos).

 

“Esse título representa o início de uma nova fase na minha vida. Mostrei que tenho surfe para continuar competindo e vou entrar em todos os campeonatos que vierem pela frente”, disse animado o “Gato”, como é conhecido.

 

“Estou muito bem física e psicologicamente, e devo muito ao trabalho com o professor Marcello Árias, no Integral Surfing Training, da Unipran. Também faço spinning na Academia Unimonte, que me garante um preparo muito forte para as pernas”, comentou Picuruta.

 

Picuruta durante a expedição Red Bull à Pororoca. Foto: Rick Werneck.
Segundo ele, o momento mais duro do Mundial Masters foi a semi-final, na praia de Fitz Roy. Ele passou todas as fases muito bem, mas ficou preocupado com o confronto contra o neozelandês Ian Buchanan, ídolo local, e também o australiano Charlie O’ Sullivan, que apresentava um surf radical.

 

“O Ian conhecia bem o pico e achei que poderia perder, mas fui eu quem mais surfou. Depois, na final, o australiano estava muito bem e ficou na frente o tempo todo, até que eu peguei uma direita, cruzei toda a praia, com manobras fortes até o final. Não deixei dúvidas e virei o resultado. Era a minha última onda e sabia que era o tudo ou nada”, contou.

 

Picuruta e o filho Leco Salazar em Santos. Foto: Herbert Passos Neto.
Picuruta também foi campeão mundial no ISA World Surfing Games, em 1998, na Costa da Caparica, em Portugal, na categoria longboard.

 

Depois, voltou a ser campeão mundial por equipes, como técnico, no Mundial de 2000, em Maracaípe, Pernambuco. “É uma sensação muito boa ser campeão mundial. Estou mais motivado do que nunca”, disse Picuruta.

 

“Quando fui convidado, não estava com uma expectativa muito grande, porque sabia que encontraria muitos surfistas que continuam em grande forma. Mas, quanto mais difícil, mais valor damos”, disse.

 

Para Marcos Conde, técnico da seleção brasileira desde 1986 e chefe da equipe no Mundial, Picuruta continua em plena forma. “Ele tem muita vitalidade e um faro enorme para encontrar as melhores ondas. Executa as manobras com polidez, força. Impressiona”, disse Conde.

 

Picuruta Salazar, aos 42, rasga forte no melhor estilo garotão. Foto: Divulgação New Advance.
Animado com o novo título, Picuruta quer batalhar para disputar o Mundial Masters da ASP, em que o Brasil nunca não teve representante. “O Marcos Conde e a Red Bull estão me ajudando nisso e esse é o grande objetivo”, comentou.

 

Mesmo motivado com as pranchinhas, ele não vai deixar o longboard de lado. Entre os dias 20 e 25 de maio, ele disputa o Oxbow Pro Longboard, primeira etapa do Circuito Mundial, na praia de Maresias, em São Sebastião.

 

“Depois, sigo para a Europa, para mais três disputas. Ainda sonho em ser campeão do Circuito Mundial. Batalho por isso há mais de 10 anos”, destacou Picuruta, que é o surfista mais velho e também o mais antigo do Circuito, competindo desde 91, sendo vice-mundial em 92, 94 e 95.

 

Picuruta agora busca o título do circuito mundial de longboard da ASP. Foto: aspworldtour.com/Ellis.
Ainda nos pranchões, ele garantiu, no ano passado, o oitava título brasileiro profissional, justamente em seu “quintal”, o Quebra-Mar, em Santos.