Espêice Fia

Memórias tubográficas

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Onda resgatada da memória de Alejo Muniz especialmente para coluna Espêice Fia. Foto: Aleko Stergiou.

Fábio Gouveia não escapa do corte e também para na gaveta com tubo cabuloso em Teahupoo. Foto: Aleko Stergiou.

Esta situação muitas vezes acontece em barcas maravilhosas de surf ou até mesmo em um dia clássico em um dos muitos “breaks” espalhados pelo nosso litoral.

 

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Fazemos aquela manobra, pegamos aquele tubo ou quando executamos aquele aéreo ou um drop atrasado ao mesmo tempo em que estava lá um fotografo a nossa frente, tendo congelado o momento mágico.

Antigamente ainda era pior, o cara passava dias sonhando com o momento até que a foto fosse revelada. Porém, hoje em dia com as digitais vemos no momento.

Mas, para a quantidade de surfistas profissionais e até mesmo aqueles que sonham em ter uma foto publicada em uma revista ou site especializado, muitas vezes bate uma decepção, ou seja, falo daquelas fotos que saíram boas e que acabaram engavetadas. Ficam só naquela promessa de uma “possível publicação”.

Lembro de ter visto certa vez uma foto de Paulo Moura e outra de Pedro Henrique, ambas em momentos de tubo profundo, água clara e que nunca tinham sido usadas até aquela data.

Profissionais de marketing das empresas que patrocinam atletas, responsáveis pelos anúncios das mesmas, têm o costume de guardar boas fotos para garantir caso nada melhor apareça. Mas muitas vezes o momento passa e as mesmas ficam defasadas. Logo aquela foto de um tubo de sonho realmente fica no sonho, de ser vista publicada.

Muitas vezes aquele surfista local de alguma praia teve sua onda da série clicada, porém a mesma nunca sai em uma publicação. Às vezes por interesses de terceiros, pois esse ou aquele outro atleta tinha patrocínio e para dar uma força para marca que viria a contribuir com a própria publicação teria, entre aspas, prioridade.

Mesmo não sendo justos com os demais (já estive do outro lado da moeda), os veículos também têm suas razões, pois é a engrenagem do mercado. É fato que depois da internet, a coisa melhorou muito, pois muito mais gente passou a ter espaço, ou até mesmo se auto-publicar, seja em facebooks, blogs, etc. Já ouvi muitas reclamações também de praticantes aspirantes a atletas profissionais por não terem esta ou aquela foto publicada.

Nesses casos, muitas vezes a resposta é a mesma que muitos fotógrafos dão, ou seja, o atleta estava ali, ele clicou, mas aí vem a mesa de edições e tudo muda. Nesta, o fotógrafo também deixa de ter seu retorno, pois se esforçou para fazer um bom material.

Mas na “mesa”, de repente a análise passa a ser diferente, às vezes qualidade da luz, encaixe acoplado a algum contexto de material que está em pauta, entre outros, logo aquela foto com um belo momento fica engavetada até que um dia, quem sabe, com sorte, venha a ser publicada.

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.