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Japão, fantasma do tour

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Devido à dificuldade de comunicação, o Japão é um dos lugares mais temidos pelos atletas do WQS. Foto: ASP Japan / SJY.

Desde criança sempre admirei a cultura japonesa, as artes marciais, a arquitetura, o estilo de vida, as roupas e muitas outras coisas que me chamavam atenção. Mais tarde, quando experimentei a comida, consolidei meus conceitos sobre o Japão.
 
Competir no circuito mundial trouxe para a minha vida umas das coisas que acho mais legal, que é conhecer outros países e suas culturas. E um desses lugares em que vamos é o Japão.

 

Não conhecemos muitos lugares diferentes dentro do país por causa da competição, que nos prende a um determinado lugar, mas a cada vez que voltamos, fazemos novos amigos e conhecemos cada vez mais um pouco.

 

Este ano foi, até então, o ano mais especial pra mim na ?terra do sol

nascente?.

 

Pedro Henrique e André Silva tiram onda no sushi bar. Foto: Arquivo pessoal Pedrinho.

Antes, na Califórnia, na competição anterior, parecia um terror, pois eu não sabia com quem ficaria e como chegaria ao campeonato que se tornou até então o meu melhor resultado no Japão.

 

Para explicar melhor, o Japão é um dos lugares que a galera mais ?teme?, porque a comunicação é praticamente zero, poucos falam inglês e é impossível ler qualquer coisa na rua, como placas, mapas ou até mesmo saber como pedir um lanche ou uma bebida se você não falar ou souber ler em japonês.

 

Para complicar ainda mais, a língua possui três ou quatro escritas diferentes – a mais antiga poucos japoneses legítimos sequer sabem. Por isso, alguns surfistas acabam optando por não ir a essa etapa.

 

Depois de vôos trocados para não chegar sozinho ao tão temido Japão, fiz minha barca, como chamamos nosso grupo de viagem, com os surfistas profissionais Jean da Silva e André Silva, que também competiriam no mesmo evento.


Jean já tinha um esquema de transporte e um hotel reservado. Sendo assim, não havia complicação alguma, estava resolvido nosso problema de comunicação.

 

Já instalados no hotel e com as pranchas prontas para a ação, fomos quase que todos os dias muito cedo à praia; acordávamos por volta das 4:30 horas e saíamos lá pelas 5:30 da manhã. Ainda estávamos com o fuso horário da Califórnia, o que era ótimo, pois aproveitávamos melhor o dia.

 

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Pedrinho conquistou seu melhor resultado no tour ao ficar em terceiro na etapa de Tahara. Foto: S. Yamamoto / ASP Japan.

O mar não estava muito bom; ondas pequenas todos os dias com formação boa e melhores momentos durante as mudanças de maré, água muito quente, o que era ótimo, e tempo aberto, muito sol com temperatura alta, chegava a ser abafado.

 

O Japão é bem interessante, pois nesta época do ano faz muito calor, daqueles dias sufocantes, e no inverno faz muito frio, a ponto de nevar.

 

É bem engraçado que o mesmo lugar tenha climas tão extremos. Outra coisa interessante é que as frutas, coisa que temos com tanta abundância no nosso Brasil, são coisas raras, e muito caras; uma banana ou um melão são bem caros e vendidos à unidade.


Daí vocês imaginam uma semana sem comer nenhuma fruta, ou quase nada. É bem difícil quando falta algo tão comum no nosso dia-a-dia e que nos damos conta da importância que tem.

Jean da Silva, Pedrinho e amigos no Japão. Foto: André Silva.


A gente nunca sabe o que Deus tem preparado pra nossa vida. Muitas vezes, quando as coisas estão perfeitas para dar certo, não dão, acontece tudo errado.

 

Em outras, quando parece que não vai dar certo, dá! Tenho tentado levar uma vida na palavra de Deus, buscando no Senhor Jesus o caminho a seguir, e uma coisa já aprendi: na vida dos que nele crêem, é a vontade dele que prevalece.

 

Cada coisa tem seu tempo, sem dúvida essa viagem foi uma benção para mim. Fiz mais um bom resultado este ano no WQS e me aproximei mais ainda do WCT de 2009. Sei que ainda não é o suficiente, cabe a mim agora aproveitar a boa fase, treinar cada vez mais e focar rumo a 2009.


Quero agradecer a todos que estavam comigo lá durante todos esses dias, tanto os brasileiros que moram no Japão e que foram em massa à praia, vibrando pelos compatriotas na competição, e os que pela internet acompanharam bateria a bateria, mandando aquela força positiva pra todos nós lá em Tahara.


Obrigado a todos!