Fruto do surf

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Silvério Filho aproveita temporada para colher maça e levantar um troco a mais. Foto: Arquivo pessoal.

No último mês de março, o serviço de imigração da Nova Zelândia liberou 17 mil vagas para estrangeiros participarem da temporada de colheita de maçã. Isso mesmo, colher maçã.

 

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E não é que a colheita de maçã dá dinheiro. Em busca da grana, brasileiros assim como europeus arriscam um dos trabalhos mais intenso para levantar um troco.

 

Resolvi me jogar junto com meu parceiro da 4Iconz para viver esse dia-a-dia por mais de um mês e acabamos descobrindo que muitos buscam na maçã, a grana para continuar

viajando e explorando novas culturas.

 

Depois de uma longa jornada de trabalho, a recompensa. Foto: Arquivo pessoal.

A galera do surf está sempre presente, e encontra nesse trabalho a oportunidade de comprar uma passagem para Indonésia ou qualquer outro pico paradisíaco na busca por ondas perfeitas.

 

Quando ouvi dizer que dava pra levantar mais de US$ 200 por dia, não pensei duas vezes em abandonar meu conforto para cair em Hawkes Bay, ainda mais sabendo que é uma região que tem altas ondas e inúmeros picos inexplorados.

 

Transição de verão para inverno foi mais um fator decisivo para eu fazer esse trabalho, pois ainda não temos neve para fazer as viagens de snowboard, nem o calor do verão para vender trips de surf.

 

Sendo assim, essa parecia ser uma boa opção para fazer uma grana e surfar ondas diferentes.

 

Ficamos instalados em um trailer dentro de uma horta de maçã orgânica. Mesmo equipado com frigobar e aquecedor, nada de telefone, internet ou qualquer conforto, a cozinha e banheiros eram divididos entre os ocupantes das outras cinco caravans espalhadas pelo “alojamento”.

 

A missão começava as 7:30 horas da manhã com tiros de uma bazuca feita para espantar passarinhos.

 

O trabalho consiste em posicionar a escada para alcançar as maçãs do topo e colher o máximo de frutas possível. Quanto mais se colhe, mais dinheiro se ganha. Sendo assim, maçã vale dinheiro. A mesma grana que paga mais uma temporada em Bali ou quem sabe no Tahiti.

 

Pegamos boas ondas, conhecemos praias iradas na região, encontramos bancadas de coral e fundos de pedra de ótima qualidade, tudo isso sem crowd. O contraste do visual de fazendas e praias é o principal diferencial dos picos.

 

Nossos vizinhos no alojamento eram um casal de europeus que estavam na colheita pelo quarto ano consecutivo. Eles vêm da Europa todo ano para visitar a Nova Zelândia, participam da colheita e na seqüência seguem para a Indonésia curtir dois meses de férias pegando altas ondas e comprando mercadorias para vender no verão europeu.

 

Estamos no meio de abril e a jornada está no fim. Apesar de trabalhar feito louco, posso afirmar que a colheita da maçã não é lenda.

 

Dinheiro no bolso, passagem marcada e quando eu estiver dentro d’água em algum lugar do Pacífico, vou lembrar de quantos degraus subi para poder esperar a melhor da série.