Billabong Eco Festival

Collins de volta para o futuro

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Richie Collins manobra durante o Billabong Eco Festival 2008 na praia do Forte (BA). Foto: Daniel Smorigo.

O norte-americano Richie Collins, 39, é um veterano do circuito mundial presente à praia do Forte, Bahia, sede do Billabong Eco Festival, 16ª etapa do WQS 2008 com distribuição de US$ 110 mil em prêmios.

 

?Decidi voltar às competições no ano passado porque pretendo disputar campeonatos novamente no Hawaii. É um sonho, um objetivo que tenho?, diz Collins em entrevista exclusiva ao Waves nesta quarta-feira.

 

Surfista de Newport, Sul de Los Angeles, Califórnia, Collins é um legítimo representante do surf moderno, tendo sido um pioneiro do floater. ?Mas o australiano Cheyne Horan foi o primeiro surfista que vi dar um floater?, admite com humildade.

 

?Cheyne foi um surfista muito inovador. Nunca venceu o circuito mundial, mas deixou sua marca?, explica.

 

Collins e sua double wing swallow 4 fins. Foto: Daniel Smorigo.

Collins pretende correr o WQS deste ano e, se for preciso, também o do ano que vem para alcançar seu sonho de voltar à elite do WCT. ?Sei que isso é difícil tanto física quanto mentalmente. Mas estou elevando meus objetivos para conseguir chegar ao WCT na idade de 40 anos, algo que homem nenhum conseguiu até hoje?, diz.

 

?Se eu não conseguir, tudo bem, já tenho uma boa desculpa: estou com 40 anos!?, brinca.

 

Atleta que teve seu auge no circuito mundial no final dos anos 80, quando disputava baterias contra os ex-campeões mundiais Tom Curren e Tom Carroll e os não tão ilustres Barton Lynch e Damien Hardman, Collins começou a surfar com 6 anos e estreou no tour com 18 em 1987, participando até 1993.

 

Richie Collins: moicano amigável e fã do café da manhã de brasileiro. Foto: Daniel Smorigo.

Mas, para ele, os melhores surfistas da história vêm dos anos 70. ?Gerry Lopez, Shaun Tomson, Ian Cairns, Rabbit Bartholomew, Peter Townend, Larry Bertleman, Dane Kealoha e vários outros eram caras sensacionais, surfavam muito e tinham equipamentos terríveis. Hoje, ninguém surfa com aqueles caras pegavam. É incrível isso?, filosofa.

 

Amante de Sunset, ele diz que aprendeu a surfar aquela direita poderosa observando os irmãos Michael e Derek Ho, assim como Bobby Owens, segundo orientação recebida pelo mestre Ken Bradshaw, todos renomados surfistas havaianos.

 

Para voltar ao rip de competição e estar em condições de desafiar os tops da atualidade, Collins também busca inspiração nos ensinamentos do xadrez. Isso mesmo, o tradicional jogo de tabuleiro que exige estratégia para ser bem sucedido na partida.

 

?Se você não sabe o que o seu adversário é capaz de fazer numa bateria, é muito difícil superá-lo?, ensina. ?Você tem que estudar seu adversário, analisar seus pontos fortes e saber fazer tudo melhor que ele?, diz.

 

Ele explica que analisou o surf de Adriano Mineirinho em Merewether, Austrália, e diz que não surfaria como o brasileiro. ?Mas preciso surfar tanto quanto ele para ser capaz de derrotá-lo no WCT?, justifica.

 

Collins vislumbra um belo futuro para o garoto do Guarujá. ?É um grande surfista e está vivendo uma fase de aprendizado. Se Kelly Slater parar de competir no ano que vem ou no próximo, Adriano será um dos favoritos ao título mundial. 2010 pode vir a ser o ano dele?, aposta.

 

Ele acha que Mineirinho terá uma trajetória semelhante ao do havaiano Andy Irons, que levou alguns anos até ser campeão mundial e provar para si mesmo que poderia repetir a dose.

 

?Não sei, por exemplo, se Mick Fanning, que foi merecedor do título no ano passado, é um cara que pode ser campeão novamente. Ele precisa saber o que quer. Ele talvez precise, assim como o Taj Burrow, de um bom técnico?, sugere.

 

?Kelly Slater, por exemplo, teve um ótimo treinador. Ninguém menos que Tom Curren?, justifica.

 

Amante do café da manhã brasileiro, ?o melhor breakfast do mundo com suas frutas, pães, queijos e frios?, Collins veio ao Brasil com uma prancha de quatro quilhas e rabeta double wing swallow feita por ele mesmo, clonada de uma prancha shapeada nos anos 80 pelo pai Lance Collins, hoje um pacato fazendeiro no estado do Tenessee.

 

Apesar do visual punk moicano dos anos 80, Collins não aparenta nenhuma agressividade e só se exalta quando fala da nova geração. ?Os garotos de hoje não analisam os adversários, caem no mar e surfam como malucos?, detona.

 

Para a odisséia em busca de uma vaga no WCT, Collins conta com patrocínios modestos: a surf-shop Frog House e a empresa de lareiras Red Hot Chimeny.