Circuito São Conrado

Cearenses se dão bem

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O sábado (15/10) no Rio de Janeiro foi agitado. A praia de São Conrado, zona oeste da cidade, recebeu surfistas de diferentes lugares do estado para a disputa da primeira etapa do Circuito de Surf São Conrado, uma competição realizada pela ONG Rocinha Surf Escola em parceria com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, FESERJ e patrocínio da Cyclone.

 

Na comunidade da Rocinha, a maior da América Latina, acredita-se que 80% dos moradores tenham raízes nordestinas. Assim como acontece no Rio de Janeiro, na favela do Titanzinho, no Ceará, muitos de seus moradores também enxergam no surfe uma possibilidade de ganho de qualidade de vida e futuro para crianças e jovens sem oportunidades. Foi com essa conexão que dois cearenses venceram em suas categorias as disputas em São Conrado neste sábado (14/10), com ondas de meio metro entre sol e nuvens.

 

Davi Sobrinho, de 19 anos, filho do grande professor João Carlos “O Fera”, fundador da ONG Escola Beneficente de Surf Titanzinho, projeto que há mais de 20 anos contempla cerca de 300 pessoas anualmente, desembarcou no Rio de Janeiro um dia antes da competição começar e desbancou todos os adversários da categoria Open. A final foi disputada ainda pelos surfistas Mathes Mikimba, segundo colocado, Hugo Bitencourt, terceiro, e Cristiano Gomes, local da Rocinha, que terminou na quarta posição.

 

“Estou surfando pela primeira vez no São Conrado e é muito legal saber que, assim como pai faz lá no Titanzinho, existem pessoas que façam pelas comunidades aqui no Rio. O surfe é muito rico e deixa a pessoa com saúde”, disse o orgulhoso Davi.

 

Com apenas 13 anos, o atleta Cauã Costa, local da praia de Icaraí, Fortaleza, é outro que está se destacando nas ondas do Rio de Janeiro. Integrante da novíssima geração do surfe brasileiro, e residindo há um ano na Praia do Recreio, Cauã está chamando atenção com seu estilo inovador e progressivo. O moleque venceu a categoria Mirim em cima de Anderson Pikachu, Luiz Fernando e Pedro Amorim, segundo, terceiro e quarto colocados – respectivamente.

 

Já nas disputas da categoria Junior, destaque para a recuperação sensacional de Kedian Zamora, que avançou até a final na segunda colocação em suas baterias, mas que deu todo o gás na decisão e levou o maior caneco pra casa. Pedro Amorim bem que tentou, mas parou no segundo lugar, seguido por Juninho Malta e Matheus Santos.

Na categoria dos surfistas mais novos do Circuito de Surf São Conrado, a Iniciante, Valentin Neves, filho do bicampeão brasileiro Léo Neves, foi impecável e teve 100% de aproveitamento na competição. Após vencer todas as baterias que disputou, o saquaremense derrotou Cauã Costa na finalíssima, que teve ainda Caio Knappi em terceiro lugar e Vinícius Leone na quarta posição.


Sobre a Rocinha Surfe Escola –
 A Rocinha Surfe Escola foi fundada em 1994, por José Ricardo Ramos, o “Bocão da Rocinha”, com objetivo de formar atletas, realizando um trabalho com as categorias de base, através de treinamentos específicos, práticos e teóricos (técnica de competição). 

A escola conta com apoio da Feserj e da Suderj. Os alunos recebem um ano de treinamento específico, utilizando os equipamentos da escola e ao final do período de treinamento, eles recebem uma prancha e continuam tendo o apoio da escola.

 
Os treinos práticos são realizados na praia de São Conrado, Barra e Recreio. Já as aulas de teóricas são realizadas na própria sede, localizada sob o Complexo Esportivo da Rocinha, através de vídeos, palestras e aulas de conserto de prancha, pois a escola de surfe trabalha com reciclagem de pranchas e doações de equipamentos como: acessórios, roupa de borracha, lycras, etc.

O projeto já atendeu mais de duas mil pessoas, a maior parte moradores da comunidade. Atualmente, 42 atletas são assistidos para formação, totalizando cerca de 240 jovens entre 6 e 18 anos. Existem seis voluntários, além de uma voluntária para ações sociais educativas da Prefeitura do Rio.