Treino de luxo

Arpex 5 estrelas

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Durante a última etapa do ASP World Tour na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ), Kelly Slater, Taj Burrow, Mick Fanning e mais alguns tops foram clicados enquanto praticavam um free surf no Arpoador, palco alternativo do evento.

Todos sabiam que as chances de as baterias rolarem no coração da cidade do Rio eram grandes no dia seguinte. O Arpoador é um ícone do surf brasileiro e carioca, quase uma arena do surf, tal a importância desta pequena faixa de areia e pedras que produz ondas longas manobráveis.

Era um dia de fortes ventos do quadrante Sudoeste. O sol brilhava e fazia frio. As ondas balançavam, a maré cheia fazia com que a forte ondulação de Sudeste se chocasse contra o muro do calçadão do Arpoador, a faixa de areia era mínima, era ali ou em Copacabana o surf desse dia.

O campeonato na Barra havia sido cancelado por falta de formação nas ondas, que fechavam implacavelmente nos bancos de areia do Barramares.

Tentando adivinhar onde os tops estariam se refugiando dos ventos e tentando treinar umas manobras, comecei a colocar os meus contatos para funcionar e ficar antenado com o movimento das equipes que saíam do Hotel Sheraton em direção a zona Sul.

Arrisquei a ida para o Arpoador e encontrei um trânsito insano para chegar. Estava preocupado com a luz, ela poderia ir embora enquanto eu acelerava e freava na lentidão irritante dos engarrafamentos na Av. Niemayer.

 

O velho e contraditório stress carioca, em contraste com a paisagem belíssima das praias da orla que trazem uma brisa do mar, fazem a visão flutuar naquele visual da cidade maravilhosa.

Logo que avistei as ondas no Arpex, percebi uma prancha branca voando em uma onda, o logo no bico era vermelho e o cara era careca. Na hora o instinto já estalou, acertei na mosca, o Kelly estava na água!

Ao montar o tripé no calçadão percebi que tinham dois carecas surfando parecidos, suas pranchas brancas tinham os mesmos logos vermelhos da Quiksilver e suas roupas de borracha eram similares. Seria um dublê ou um sósia do Slater? Mas o estilo do decacampeão mundial é inconfundível, apontei a tele e matei a charada, me toquei que o Jake Patterson estava acompanhando o Kelly no Brasil e ali estavam surfando juntos com Mick, Taj, Taylor Knox, Daniel Ross, entre outros.

O free surf rolou intenso nessa linda e fria tarde ensolarada do Arpoador, enquanto meu radio bipava insistente trazendo a informação que o Raoni Monteiro estava surfando uns tubos em Copacabana naquele momento.

 

Fiquei em dúvida e dividido se devia ficar ou não. Mas o trânsito do Rio me deixou “noiado” e acabei pensando que mesmo sendo o Arpex próximo dos tubos de Copa eu poderia acabar perdendo ambos, então relaxei e concentrei meus tiros num só coelho.

A galera local vibrava com o surf do Kelly, era fácil notar um ar de orgulho em seus olhos, afinal o maior de todos os surfistas do mundo estava ali no quintal da casa deles.

Um provável e futuro 11º título mundial valoriza ainda mais essa sessão, será que no ano que vem veremos o Slater voando nas esquerdas do Arpex novamente?

Dizem que o careca quer bater um recorde mundial ao alcançar a vitória de 12 títulos dentro de um esporte individual. O bom de tudo isso é que acompanhamos tudo de perto enquanto a emocionante história do maior surfista de toda uma geração está sendo escrita!