A tentação dos fundos artificiais

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Um dos assuntos do momento na comunidade surfística são os recifes artificiais e a criação de ondas perfeitas.
Conforme já publicado na Waves, em artigo de Eduardo Terra, os recifes artificiais foram desenvolvidos e têm sido utilizados para a proteção de recursos pesqueiros, ou como forma de aumentar a produção de peixes em determinadas áreas.
Já a criação de fundos perfeitos (com ondas cinematográficas) é algo muito tentador, e, no futuro, existem todas as condições para que isso aconteça. No futuro, entenda-se bem. Hoje em dia, seja por desinformação, ou por ganância, alguns profissionais têm apresentado projetos bastante equivocados de construção de recifes artificiais.
Segundo Alessandro Athiê , mestre em Oceanografia pela USP na área de recifes artificiais, antes de mais nada é preciso fazer um rigoroso estudo sobre a circulação oceânica do local onde se pretende implantar um recife para criação de ondas. Estudos sobre a entrada de swells (direção, tamanho e freqüência) e sobre a movimentação dos bancos de areia também são essenciais. Devemos lembrar que esses estudos são muito complexos, caros e demorados, e apenas especialistas no assunto podem realizá-los de modo correto.
De acordo com Athiê, a maioria dos projetos que aparecem pecam pela ausência desses estudos, o que tem levado à indicação de locais bastante inapropriados para um recife artificial. Nesse ponto, lembra ele, o mais importante a ser considerado são as condições oceanográficas, e não as turísticas. Para o pesquisador, as praias com maior potencial são aquelas muito longas e extensas, como as do Rio Grande do Sul, sul de Santa Catarina e litoral sul de São Paulo. Estas praias não têm proximidade com costões rochosos que influenciam bastante as correntes e a movimentação da areia.
Ainda deve se passar algum tempo até que recifes artificiais possam ser estabelecidos com segurança (sem afetar negativamente o meio ambiente), com a finalidade de gerar ondas perfeitas. Estudos ainda devem ser feitos e a tecnologia ainda precisa ser desenvolvida, mas cedo ou tarde os recifes artificiais sairão do imaginário para a realidade.
Assim, enquanto esperamos esse dia, podemos nos divertir nos picos de sempre!