Palanque Móvel

À espera de um campeão

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Para Pedro Maurity, esse é o momento de Gabriel Medina. Foto: Bruno Lemos / Liquid Eye
 

Depois de uma longa e ansiosa espera, finalmente, é chegada a hora de começar o Pipe Masters. Chegou o momento tão esperado por todos de assistir uma etapa do tour que pode coroar o primeiro brasileiro campeão mundial do circuito.  E é claro, o cenário não poderia ser mais adequado do que as perfeitas e pesadas esquerdas de banzai Pipeline, quebrando a poucos metros da areia.

Reza a lenda que, no início dos anos 60, quando os primeiros surfistas começaram a se arriscar na mais temida de todas as ondas do North Shore Havaiano, enquanto um dos poucos corajosos que estavam dentro dágua tomava aquele vacão no drop, um japonês da areia soltou o grito de guerra “BANZAI”! Em frente ao pico, tinham umas manilhas de uma obra que estava sendo realizada no local e, por conta disso, havia uma placa onde estava escrito “PIPELINE”. A partir dali, os surfistas que estavam na praia nesse dia histórico batizaram a onda como “BANZAI PIPELINE”. O nome pegou.

Ao longo dos anos, a onda ganhou notoriedade e tornou-se objeto de desejo de jovens surfistas mundo afora, assumindo, com justiça, o posto de principal e última etapa do tour, fechando o circuito com chave de ouro.

Vai ser nessa onda que, a partir de hoje, o Brasil poderá ver Gabriel Medina levantar o caneco máximo da ASP e encher de orgulho a massa verde e amarela.

O que dizer de Gabriel Medina como surfista, o que dizer do ano incrível que Medina nos proporcionou, no tour, até o momento?

Bom, é claro que eu e todos os brasileiros que gostam de surf, além dos milhares de fãs gringos que Medina conquistou ao longo de sua brilhante trajetória, aguardamos, ansiosamente, o resultado para, finalmente, soltarmos o grito de “É CAMPEÃO”!

Mas, inicialmente, não podemos deixar de exaltar – independentemente do resultado da etapa – as atuações de Gabriel Medina nas direitas australianas, onde levantou a taça surfando de backside, nas esquerdas perfeitas de Fiji, onde venceu sobrando, e, principalmente, nas morras de Teahupoo, onde tirou tubos insanos e deixou claro para todos que não é mais um garoto, é um surfista maduro, completo e com muita leitura de onda, trazendo para o Brasil o caneco da etapa do tour que foi considerada, por muitos, a mais expressiva de todos os tempos.

Enfim, primeiramente, não dá pra dizer mais nada além de um muito obrigado para Gabriel Medina, por todas as alegrias que nos proporcionou até aqui. Moleque talentoso, sangue bom, que faz questão de elevar a imagem do brasileiro no exterior, dentro e fora dágua, com performances de tirar o fôlego. Confiante e em franca evolução, vem surpreendendo não só os juízes da ASP, mas toda a comunidade do surf, a cada etapa do circuito e em vídeos postados na mídia especializada e nas redes sócias. O moleque tá voando, literalmente.

Em relação à etapa de Pipe, que começará hoje, nos resta torcer. Sabemos que talento Medina tem de sobra e que a qualidade da onda de Pipeline possibilita baterias com notas muito altas, para todos os competidores. Vejo isso como um ponto positivo, pois, hoje, com a técnica que Medina atingiu, acho mais favorável para ele disputar o título em uma onda difícil, mas perfeita, do que em uma etapa com pouco swell e merrecas fechando. Mas é aquela história, campeonato é campeonato, qualquer um ali pode vencer e, da mesma forma, qualquer um pode rodar no início.

No dia da abertura da janela de espera do Pipe Masters, 8/12, aqui no Brasil, se comemorou o dia da Justiça. E, em se tratando do WT 2014, nada mais justo do que Gabriel Medina ser coroado campeão mundial. Ganhou três etapas muito significativas e apresentou um surf polido e, sempre, inovador, elevando o nível do esporte. É difícil falar antes, mas estou levando muita fé de que chegou a hora de gritarmos “É CAMPEÃO”!

Estamos contigo Medina! Vai com tudo, moleque!