Jogos Olímpicos

Sonho dourado em Tóquio

Gabriel Medina, Italo Ferreira, Silvana Lima e Tatiana Weston-Webb falam sobre a expectativa para a estreia do surfe nos Jogos Olímpicos.

Gabriel Medina e Italo Ferreira durante o ISA Surfing Games de 2019 no Japão.

No dia 25 de julho, o surfe fará a sua estreia como modalidade olímpica nos Jogos de Tóquio, adiados em 2020 por causa da pandemia de Covid-19. A competição vai acontecer na praia de Shidashita, em Chiba, a 40 km de distância da capital japonesa. Com chances reais de medalha, Italo Ferreira, Gabriel Medina, Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima serão os representantes brasileiros na disputa.

Em outubro de 2019, após avançar às quartas de final da etapa do CT em Portugal, Tatiana Weston-Webb, 24, foi a primeira atleta do País a carimbar o passaporte para os Jogos. Nascida em Porto Alegre (RS) e radicada no Havaí, ela optou por competir com a bandeira brasileira no início de 2018 e afirma que será um sonho representar o País nos Jogos Olímpicos.

“A partir do momento que eu escolhi representar a bandeira brasileira nas Olimpíadas e no circuito mundial só me aconteceram coisas positivas. Para mim será uma honra poder competir nos Jogos com essa torcida”, relata a surfista, que em 2021 ocupa o terceiro lugar no ranking do CT depois de ter alcançado as semifinais na estreia da elite mundial feminina em Pipeline, Havaí.

“A sensação de disputar o campeonato em Pipeline foi incrível, mas logo depois já tivemos a etapa de Sunset cancelada e a de Santa Cruz adiada. Então este ano as coisas ainda estão bem complicadas por causa da pandemia, mas temos que administrar isso e manter o corpo em dia. Não podemos nos estressar com coisas que não podemos controlar”, completa Tatiana.

Tatiana Weston-Webb no trilho de Pipeline na primeira vez do CT Feminino no pico havaiano.

Ao lado de Tatiana nos Jogos, o Brasil também será representado na categoria feminina pela veterana cearense Silvana Lima, de 36 anos, que por duas vezes já foi vice-campeã mundial (2008 e 2009) e fez parte da elite por 13 temporadas, com cinco vitórias em etapas e cinco vezes entre as Top 5 do ranking.

Em 2019, no ISA Surfing Games em Miyazaki – evento que serviu como preparação para os Jogos Olímpicos – a surfista local de Paracuru obteve a medalha de prata e ajudou o Brasil a conquistar o ouro por equipes. Nesta temporada, de fora da elite mundial, ela terá a chance de brilhar novamente em um evento global como as Olimpíadas.

“Acho que como todos os classificados, estou bem ansiosa e focada nas Olimpíadas. É a primeira vez que o esporte vai estar nos Jogos, então o objetivo, além de conquistar uma medalha, será fazer bonito em nome de todos os surfistas”, destaca Silvana.

“Vai ser incrível, mas penso que a ficha só vai cair mesmo quando eu estiver lá em Tóquio, ao lado de toda a delegação brasileira e dos principais atletas do mundo na cerimônia de abertura. Será um sonho realizado representar o Brasil e também o meu Ceará nos Jogos”, finaliza.

Silvana Lima coloca os aéreos em dia para a estreia em Shidashita.

Já entre os homens, o Brasil terá três títulos do Championship Tour em ação nas ondas de Shidashita. Gabriel Medina, 27, e Italo Ferreira, 26, estão entre os principais surfistas da atualidade e em 2019 decidiram o título mundial em uma bateria histórica na decisão do Billabong Pipe Masters.

Campeão do CT em 2014 e 2018, Gabriel Medina ainda possui três vice-campeonatos mundiais e está há sete temporadas entre os cinco melhores do ranking. Desde 2011, ano em que estreou no Tour, ninguém venceu mais etapas do que ele – 14 no total. Medina ainda leva a melhor nos confrontos diretos sobre a maioria dos seus rivais olímpicos.

Apesar de deixar claro que o seu grande foco é ser tricampeão mundial, o surfista de Maresias falou recentemente, em entrevista ao canal de Alejo Muniz no YouTube, sobre a importância dos Jogos Olímpicos. “Acho que Championship Tour e Olimpíadas têm o mesmo peso. São diferentes circunstâncias, porque no circuito mundial a gente compete em vários tipos de onda e viaja o mundo inteiro, então acho que é um campeão mais completo”, argumenta Medina.

“Já nas Olimpíadas você tem uma única oportunidade e naquele tipo de mar, pode estar grande ou pequeno. Já fui lá (em Shidashita) e conheci o lugar, provavelmente a prova será disputada em ondas pequenas. É difícil escolher um preferido, mas ainda acho que o circuito mundial coroa o surfista que provou ser o melhor do mundo. Já Olimpíadas será tudo novo e vamos sentir ainda, mas estou encarando como se fosse um título mundial”, diz o atleta.

Gabriel Medina acredita que Olimpíadas e Championship Tour têm o mesmo peso.

Atual campeão mundial e medalhista de ouro no ISA Games de 2019 no Japão, o potiguar Italo Ferreira também chega como um dos grandes favoritos a conquistar o lugar mais alto do pódio em Shidashita.

Na elite mundial desde 2015, o atleta natural de Baía Formosa explodiu no circuito mundial em 2018, quando venceu três etapas e terminou o ranking na quarta colocação. Na temporada seguinte, ele triunfou em outras três ocasiões e finalmente colocou seu nome na galeria de campeões mundiais.

Também em 2019, Italo conquistou a medalha de ouro no ISA Games do Japão, com direito a nota 10 na final contra o próprio Gabriel Medina, o californiano Kolohe Andino e o japonês Shun Murakami, todos classificados aos Jogos.

“Será a primeira vez do surfe nas Olimpíadas e eu estou muito feliz em participar desta edição histórica. Estou treinando bastante e pretendo dar o meu melhor”, afirma Italo, sem esquecer das dificuldades enfrentadas em todo o mundo por causa da pandemia.

“Torço para que realmente aconteça (os Jogos), mas não temos muito como ter certeza. Estamos vivendo momentos difíceis e a segurança de todos se torna primordial. Espero que possamos competir, estou treinando e me preparando para isso, mas que aconteça de forma segura”, acrescenta o potiguar.

Italo Ferreira espera para que os Jogos aconteçam de forma segura em meio à pandemia de Covid-19.

Apesar do avanço da pandemia de Covid-19 nos últimos meses no Japão, o presidente do comitê organizador dos Jogos, Yoshiro Mori, disse em depoimento recente à agência AFP que seria “absolutamente impossível” adiar os Jogos.

Já Tomas Bach, presidente do COI, declarou na última semana que não há nenhuma razão para acreditar que os Jogos Olímpicos de Tóquio não começarão no dia 23 de julho. Bach afirmou ainda que o COI e a Organização Mundial de Saúde (OMS) vão apoiar as entidades na busca para garantir que os atletas sejam vacinados antes das Olimpíadas.

No entanto, apesar da iminente chegada das vacinas ao país, o apoio da população local diminuiu e uma pesquisa realizada pela agência Kyodo News mostrou que para 80% dos entrevistados os Jogos deveriam ser cancelados ou adiados novamente.

Caso a Olimpíada seja confirmada, o surfe será realizado entre os dias 25 de julho e 1º de agosto nas ondas de Shidashita. A competição vai reunir 40 atletas, sendo 20 no masculino e 20 no feminino, com no máximo dois representantes por país em cada gênero.

A modalidade também já foi garantida pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) nas Olimpíadas de Paris 2024 e terá como palco as ondas de Teahupoo, na ilha do Taiti, a quase 15 mil km distante da capital francesa.

Conheça as ondas de Shidashita, palco dos Jogos:

Highlights do ISA Surfing Games de 2019 no Japão:

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