Tenho pela minha terra um amor sem fim, dependente e incondicional. A cidade pode me maltratar ou me encantar, o sentimento não muda.
Não quero exaltar o que amo desqualificando todo o resto. Mas também não sou hipócrita. Entre as cidades que eu conheci, acho o Rio a de beleza mais completa, também por revelar ao mundo seus contrastes, suas diferenças belas ou aterradoras.
A montanha e o mar, as lagoas e a praia, a Mata Atlântica e os grandes prédios, o asfalto e o morro, o samba e o funk, zona norte e zona sul, o carioca gente boa e o malandro otário.
Uma cidade tão generosa que reúne todos os mundos num só, como uma arca de Noé da humanidade e de suas paisagens.
Esta semana, o pessoal da Unesco resolveu conceder ao Rio o honroso título de Patrimônio Mundial, na categoria paisagem cultural urbana.
Foi a primeira cidade do mundo a ganhar o prêmio. Quem usa o patrimônio, claro, estendeu uma faixa na janela onde se lia “eu já sabia”.
A paixão pela cidade já me fez escolher apartamento para morar pela vista. Quem olhasse para dentro, veria um imóvel destruído, praticamente irrecuperável.
Mas foi só chegar ao parapeito e ficar cara a cara com o cenário da cidade para, em transe, decidir: vamos ficar com as chaves.
Na época, minhas finanças deram um nó, mas, todo dia, quando olho para o horizonte ou para a montanha, a cabeça fica desenrolada.
Hoje, trabalhei bastante em casa. Numa paradinha rápida de cinco minutos, deu tempo de registrar um pouco da beleza que sempre me encantou e, agora, conquistou o mundo. Juntei outras fotos mais antigas. As imagens falam por si.
Viva o Rio.
Tulio Brandão é jornalista, colunista do site Waves e autor do blog Surfe Deluxe. Trabalhou nove anos no Globo como setorista de meio ambiente e outros três anos no Jornal do Brasil, onde cobriu surf e outros esportes de prancha. Atuou ainda como gerente de Sustentabilidade da Approach Comunicação. Na redação, ganhou dois prêmios Esso, um Grande Prêmio CNT e um Prêmio Abrelpe.
