Barulho do Mar

Outono extremo na Jagua

João Paiva e Marquito Moraes narram outono de big swells na Laje da Jagua, umas das ondas mais sinistras do Brasil.

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O mês de maio foi especial para quem gosta de ondas grandes em Santa Catarina. Com uma ondulação grande atrás da outra atingindo o sul do Brasil, João Paiva, Marquito Moraes e a equipe Jagua Boys aproveitaram as bombas e surfaram ótimas ondas na Laje da Jagua, a lendária onda de Jaguaruna, litoral sul do estado.

Integrantes do Projeto Barulho do Mar, Marquito Moraes e João Paiva foram a fundo na missão de pegar alguns dos swells mais cabulosos na estação, como você pode ver no vídeo acima, publicado no canal de YouTube Barulho do Mar.

Confira abaixo um relato dos surfistas sobre a experiência de fazer partes destas sessões extremas em Jaguaruna.

“Espírito de união”, destaca João Paiva

“Surfar na Lage da Jagua é sempre denso e intenso. Começa pela expectativa, que é sempre grande, afinal as previsões e os gráficos nem sempre batem com a realidade e com o humor da laje. E também pela logística, que é cara e trabalhosa.

A equipe sai de Garopaba por volta das 3 da madrugada, dirige mais de 200 km até Jaguaruna e se reúne com a equipe na base. Lá analisamos a condição no primeiro clarear do dia, arrumamos os equipamentos, colocamos os jet-skis na água com pranchas, fotógrafos e filmmaker. Navegamos por pouco mais de 20 minutos até chegar ao local onde quebram essas ondas.

Tudo sempre em equipe porque a união é a regra de ouro no surfe de ondas grandes. Chegando lá fora, você escolhe onde se posicionar e daí são 5, 6, às vezes 7 horas de surfe ininterruptas. Todo mundo sai de lá muito cansado e ainda tem de colocar o jet na areia, depois nas carretas, tirar tudo da praia, lavar os jet-skis e os equipamentos, colocar tudo nos carros e voltar para Garopaba.

Depois de um dia desses a gente chega em casa literalmente moído, mas feliz demais com a sensação da missão cumprida e com a satisfação pessoal de ter desafiado seus limites!

O mais legal do espírito do big surfe é a união, é diferente de tudo que eu já vi e vivi até hoje nesse esporte. A união, o zelo, a alegria de ver os amigos surfando, de colocar um amigo na onda, é sempre especial”, descreve João Paiva.

“Dispostos a pagar o preço”, define Marquito Moraes

“Pegar essas ondas é o que faz tudo valer a pena. Chegar até lá com tudo pronto já é um baita trampo e lá fora a situação é hostil. Surfar ondas tão grandes literalmente em cima das pedras é bom e é perigoso, mas rende ótimos momentos para aqueles que estão dispostos a pagar o preço.

É preciso estar atento e forte e dar o bote na hora certa. A onda da laje não é brincadeira, principalmente a direita. Na hora a adrenalina é grande e nem sempre a gente tem a exata noção do tamanho, aí quando sai da água e vê as imagens é que a gente se dá conta do tamanho das ondas. Um vacilo e elas literalmente te esmagam.

Se eu tivesse que resumir tudo em duas palavras eu diria que se trata de dedicação e perseverança. Nós prezamos muito pela segurança de todos que estão lá. Todo mundo tem de chegar lá bem e todos têm de voltar bem. E quando acontece algo de errado, todos irão te ajudar.

Se investe muita grana para correr atrás dessas ondas e quando algo dá errado é uma frustração grande, mas quando nós acertamos o dia e conseguimos surfar boas ondas a sensação é indescritível”, diz Marquito.

Projeto Barulho do Mar

Marquito Moraes e João Paiva cresceram surfando na Praia do Imbé, litoral norte do Rio Grande do Sul, e passaram a vida viajando atrás de onda. Ambos decidiram morar em Garopaba, litoral sul de Santa Catarina, e foi lá que a amizade se estreitou e onde nasceu o projeto de viver intensamente o espírito do surfe caçando grandes e grandes emoções.

Marquito tem 41 anos, surfa todos os tipos de onda, mas gosta mesmo é das ondas grandes. Já venceu o Prêmio Greenish de Maior Onda Surfada no Brasil e é frequentador assíduo da Laje da Jaguaruna, uma das maiores ondas do Brasil.

João Paiva tem 52 anos e continua um surfista fissurado. De pranchinha, pranchão, stand up ou fazendo tow-in, João é daqueles caras que está sempre na água. Pai de família, empresário, empreendedor, sócio na marca Index Krown e da Garopaba Surf House, faixa preta de jiu-jitsu e de taekwondo e praticante de muay thai e de boxe.

Marquito e João têm a missão de surfar as melhores e as maiores ondas do Brasil e do mundo, mostrando para todos que é possível continuar surfando, evoluindo e superando seus limites a partir dos 40 ou dos 50 anos de idade.

Acompanhe o projeto no site e no Instagram, @projetobarulhodomar.