Gato fiscal

Confederação aciona STF

Confederação Brasileira de Surf pede a revogação de MP que retira boa parte do financiamento do esporte de base do País.

Equipe brasileira na última edição do ISA World Junior, em Hyuga, Japão.Divulgação
Equipe brasileira na última edição do ISA World Junior, em Hyuga, Japão.

A Confederação Brasileira de Surfe (CBSurf) entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) junto ao Superior Tribunal Federal (STF), em Brasília, pedindo a revogação da Medida Provisória 841, editada pelo presidente Michel Temer há duas semanas, que retira boa parte do financiamento do esporte de base do país.

De acordo com o Blog Olhar Olímpico, o pedido argumenta que a MP é inconstitucional e que tem como maior beneficiária a Caixa Econômica Federal, e não a segurança pública, como define o governo.

Em tese, a CBSurf é pouco afetada pela MP, uma vez que ela recebe recursos descentralizados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que por sua vez até passa a receber mais verba do que antes. Mas há um entendimento de que a retirada de quase meio bilhão de reais do setor deve causar um efeito cascata de grandes proporções.

Contratado pela CBSurf, o escritório Zveiter, da família que por anos comandou o STJD do futebol, apresentou a ADI na última sexta-feira. No documento, a confederação alega que a MP é inconstitucional, uma vez que há “ausência do requisito constitucional de urgência”. “Sob o argumento de pretender destinar mais dinheiro a segurança, a MP acaba ferindo garantias previstas na Constituição Federal”, escrevem os advogados.

O pedido cita posicionamentos públicos feitos por entidades e clubes e diz que, “mais grave ainda”, são dados “significativos” apresentados por reportagem deste blog, que mostrou que a MP tira dinheiro do esporte e destina mais de R$ 700 milhões para ampliar a premiação da Mega Sena.

“O que se verifica é que o governo apostou na narrativa de que estava tirando recursos especialmente do esporte para aplicar em um novo Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) quando na verdade seu proposito é favorecer a Instituição Financeira, em flagrante inconstitucionalidade material quanto às normas, insculpidas nos artigos 217 e 6º, da Constituição Federal”, aponta o documento. Na própria sexta-feira, a ADI foi distribuída, por sorteio, para o ministro Ricardo Lewandowski.

Enquanto a decisão do STF não sai, a MP continua valendo, apesar de o governo já ter admitido aos esportistas que não soube medir o impacto da medida. O Congresso Federal tem até 120 dias, contados a partir do último dia 11, para aprovar a MP. Uma comissão mista de deputados e senadores já foi formada para produzir um relatório. No total, 95 emendas foram apresentadas, com a maioria delas devolvendo o dinheiro do esporte.

Fonte: Blog Olhar Olímpico (texto assinado por Demétrio Vecchioli).

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