Surfe e Covid-19

Atividade de risco?

Pesquisadores sugerem que esportes individuais, praticados ao livre e com regras de distanciamento social, possuem baixo risco de transmissão da Covid-19.

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Surfistas já praticam regras de distanciamento social no outside há um bom tempo.Bruno Lemos
Surfistas já praticam regras de distanciamento social no outside há um bom tempo.

Com o surfe ainda proibido em boa parte dos lugares afetados pela pandemia de Covid-19, a revista Surfer saiu em busca de estudos recentes que apontam que atividades físicas, se praticadas ao ar livre e com respeito às regras de distanciamento social, possuem baixo risco de contaminação de Covid-19.

A reportagem cita um estudo de 7.300 casos na China, no qual pesquisadores catalogaram como o vírus foi transmitido. Destes, apenas um dos casos envolveu uma pessoa pegando o vírus enquanto estava ao ar livre, e ainda depois de uma conversa prolongada cara a cara com alguém contaminado.

“O risco é menor ao ar livre, mas não é zero”, diz Shan Soe-Lin, professora de assuntos globais do Instituto Yale Jackson. “Acredito que o risco é maior se houverem duas pessoas  paradas lado a lado por um longo tempo, em vez de pessoas que estão andando e passando uma pela outra”, afirma Shan à publicação The Hill.

A Surfer também citou um artigo de Erin Bromage, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Massachusetts. Ela escreveu como o coronavírus e outros vírus se espalham e esclareceu que as atividades ao ar livre podem ser colocadas no fundo da lista de preocupações.

Bromage ressalta que espirros e tosse emitem a maior parte das partículas de vírus de uma só vez. É o contato prolongado e a respiração no mesmo ambiente fechados onde moram o grande risco de transmissão. São casos de pessoas em asilos, igrejas, festas, reuniões, dentre outros locais onde o vírus permanece por muito tempo no ar.

“A exposição à fórmula vírus x tempo é a base para o rastreamento de uma transmissão”, escreve Bromage. “Qualquer pessoa com quem se passe mais de 10 minutos em uma situação presencial está potencialmente infectada. Qualquer pessoa que compartilhe um espaço com você (digamos, um escritório) por um longo período, está potencialmente infectada”, completa.

Por fim, a Surfer traz uma entrevista da virologista Angela Rasmussen, da Universidade de Columbia, ao The New York Times. Ela afirma que estar na água, ao ar livre, é provavelmente um bom lugar para se estar hoje em dia.

“Na minha opinião, a exposição à água da piscina, água doce em um lago ou rio ou água do mar seria um risco de transmissão extremamente baixo, mesmo sem contar a diluição (o que reduziria ainda mais o risco)”, diz Rasmussen.

“Provavelmente, o maior risco para a recreação aquática no verão são as multidões – um vestiário, uma doca ou uma praia lotada, especialmente se associada a um distanciamento físico limitado ou a uma proximidade prolongada com outras pessoas. As fontes mais concentradas de vírus nesse ambiente serão as pessoas que ficam na piscina, não a piscina em si”, diz.

No Brasil, uma pesquisa recente feita pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e publicada pelo Globo Esporte, indica que ainda é preciso ter cautela ao afirmar que o risco de contaminação para quem pratica atividades físicas ao ar livre é baixo.

O estudo feito pela Faculdade de Engenharia apontou que as gotículas provenientes de um espirro podem ter um alcance de até 10 metros. A aferição foi feita através de uma modelagem computacional, avaliando as distâncias e velocidades dessas gotas. Segundo o pesquisador Nicolas Lima, as trajetórias variam de acordo com a intensidade da atividade física realizada.

“Até quatro metros (parado). No segundo caso, que é uma caminhada leve, as gotículas podem fazer percursos de até cinco metros para trás da pessoa. Em uma corrida, 10 metros. É sempre importante que você mantenha em mente essas distâncias e sempre tente ficar fora do percurso destas gotículas”, explicou.