Surf Sem Fronteiras

Associação transforma vidas

Associação Surf Sem Fronteiras usa o surfe como ferramenta de transformação social para jovens e adultos de Florianópolis (SC).

Jonathan Borba é um dos principais representantes do surfe adaptado no Brasil.

Atualmente, doenças como ansiedade, depressão e, na maioria dos casos, a obesidade, têm assombrando uma parte considerável dos jovens ao redor do planeta. No Brasil não é diferente. Segundo estudo divulgado em 2017 pela Federação Mundial de Obesidade, o País deverá ter mais de 11 milhões de crianças obesas até 2025.

Diante deste cenário preocupante, o esporte aparece como uma poderosa ferramenta para a formação de cidadãos. Ele consegue afastar crianças e jovens da violência e proporcionar uma melhor qualidade de vida para grande parte dos seus praticantes. “País do futebol”, o Brasil tem se destacado em outra área do desporto. Dos gramados para o mar, o surfe começa a ganhar um espaço considerável entre crianças e adultos.

Aluno Thiago durante aula na Barra da Lagoa.

Em Florianópolis, surfe vira ferramenta de inclusão social

Começam a chegar na praia às oito da manhã. E logo percebe-se que não são um grupo comum que chega para realizar as aulas de surfe. Cadeiras de rodas, pranchas grandes, e um grande número de voluntários.

Na praia uma tenda traz escrita em letras maiúsculas: “SURF PARA TODOS”. Chama a atenção de quem passa pelas areias da praia Barra da Lagoa.

O objetivo do projeto é claro: “Queremos que pessoas que nunca tiveram a oportunidade de praticar o surfe possam sentir a alegria de viver através dele e que com isso, sintam-se capazes tudo!”.

Fidel Teixeira Lopes, surfista desde os 12 anos, sofreu um acidente de moto aos 27 anos e perdeu o movimento do braço esquerdo. Depois de escutar de alguns médicos que teria que ficar distante do surfe, não desistiu e resolveu buscar novas maneiras de praticar o esporte. Tratamento com fisioterapeuta, adaptação, e, um ano após o acidente, Fidel já estava de volta no mar.

O surfe se faz presente na vida de Fidel desde muito cedo e não seria o acidente que ia deixar com que ele não praticasse mais o esporte. Fidel, junto com a psicóloga Ruthie Bonan Gomes, criaram em 2016 a Associação Surf Sem Fronteiras (ASSF). Baseados nos princípios de inclusão social, compreender a deficiência como expressão da diversidade humana, igualdade entre homem e mulher e acessibilidade, o projeto vem conquistando espaço e atraindo cada vez mais voluntários.

“As dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência são, portanto, resultado da forma pela qual a sociedade lida com as limitações e as sequelas físicas, intelectuais, sensoriais e múltiplas de cada indivíduo. Dessa forma, a deficiência só existe quando não há acessibilidade e somos todos responsáveis pela remoção e diminuição de barreiras sociais”, define a ASSF em seu site oficial.

Hoje os alunos chegam até a Associação através das redes sociais, como diz Tarso, que se inscreveu após ver uma publicação no Facebook direcionando para a página da Associação: “Eu me sinto mais capaz, uma maneira legal de falar sobre o projeto é que a gente realiza o projeto através do modelo social da deficiência, onde o contrário de deficiência não é eficiente, mas sim capacidade. As pessoas nos tornam deficientes, e acham que a gente é deficiente porque a gente não é capaz, e o surfe é mais uma coisa que eu percebi que eu sou capaz’’.

Jonathan Borba, Fidel Teixeira, Juninho, Pablito durante evento na Praia Mole.

Após a aula, houve um campeonato organizado pela Associação de Surf da Praia Mole, onde foi incluído a categoria para deficientes visuais e categoria Open de surfe adaptado feminino e masculino. Porém, devido às condições do mar, as baterias de categorias para deficiente visual e surfe adaptado feminino foram adiadas. A categoria Open masculina foi a única que chegou a ser disputada. Nela, o atleta Jonathan Borba (representante brasileiro de surfe adaptado) ficou em primeiro lugar, seguido de Fidel, Juninho e Pablito.

Fora do mar, apoiadores lutam pela evolução do projeto, como o restaurante Veredas Tropical, onde é disponibilizado o local para encontro, a rampa de acesso à praia e os banheiros adaptados.

A Associação está sempre de portas abertas para quem quiser ajudar, seja como apoiador ou voluntário. Basta entrar em contato através do e-mail surfsemfronteirassc@gmail.com.

Para saber mais, acesse o site Surf Sem Fronteiras.

Amanda Peres é estudante de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá, em Florianópolis.

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