Um estudo recente revelou que o aquecimento dos mares quadruplicou nos últimos 40 anos. Quase meio século de mudanças invisíveis a olho nu, mas sensíveis a cada braçada, a cada mergulho.
No último ano, as temperaturas oceânicas quebraram recordes dia após dia, num ciclo de calor incessante que durou mais de 450 dias. O mar está febril, e o planeta inteiro sente os sintomas.
Os cientistas explicam que esse aquecimento descontrolado tem uma razão: a Terra absorve mais calor do que é capaz de devolver ao espaço. É como uma banheira onde a torneira está aberta há décadas, despejando energia nos oceanos.
O professor Chris Merchant, especialista no assunto, diz que, nos anos 80, a água quente corria devagar, elevando a temperatura dos mares de forma sutil. Agora, a torneira está aberta no máximo.
E o único jeito de impedir que essa banheira transborde é fechar a fonte do problema: as emissões de carbono que sufocam nossa atmosfera.
O fenômeno El Niño contribui para esse calor anômalo, mas não explica tudo. Quase metade do aquecimento recente vem da própria absorção desenfreada de energia pelos oceanos.
Pior: se nada for feito, o ritmo atual será superado em menos de 20 anos. O tempo que temos é curto, a urgência é imensa.
Surfar nesses tempos se tornou um lembrete diário do que estamos perdendo. Ondas que antes tinham sua cadência previsível agora quebram em ritmos inesperados, correntes que mudam mais rápido do que a memória do corpo consegue processar.
O oceano, nosso termômetro mais antigo, está gritando, e nós ainda fingimos não ouvir.
É tempo de agir, antes que a banheira transborde de vez.
