Corte no CT

WSL nega petição de atletas

World Surf League rejeita petição de atletas da elite e afirma ser impossível atender ao fim da regra de corte no meio de temporada.

Bastidores em Bells estão movimentados com a negativa da WSL em suspender o corte de meio de temporada.

Uma petição assinada por 30 surfistas da elite mundial, entre homens e mulheres, foi entregue à direção da World Surf League para pedir o cancelamento do Mid Season Cut – corte de meio de temporada e que estabelece redução do número de atletas nas etapas – de 36 para 18 entre os homens e de 24 para 12 entre as mulheres, no meio da temporada, mais precisamente depois da prova de Margaret River, Austrália.

Nesta sexta-feira, a entidade negou-se a atender a solicitação dos surfistas e respondeu à petição com um documento escrito em duas folhas, assinado por Erik Logan, CEO da WSL, obtido pelo The Inertia.

Clique aqui para ler a primeira folha

Clique aqui para ler a segunda

A resposta veio de forma categórica por parte da WSL com alegações de que tem e terá sempre as portas abertas a todos quantos pretendam dialogar, mas que esta petição não pode ser validada, pois isso prejudicaria contratos já efetuados com patrocinadores, assim como a própria WSL considera estar inequivocamente no caminho certo da evolução do surfe enquanto competição.

A resposta da WSL também informa que fará uma reunião em Bells Beach com Jessi Miley-Dyer e outros membros da direção da WSL na tenda VIP da prova, quando uma sessão de esclarecimento responderá a todas as questões que os surfistas e treinadores tenham para colocar.

Abaixo, a petição do surfistas, obtida pelo site Surf Total:

“Prezada WSL, esta é uma petição oficial, em nome dos Surfistas do Championship Tour, pedindo que o formato de corte a meio do ano seja revisto, na sequência de uma discussão aprofundada, que ocorreu no WPS Meeting em 11 de abril de 2022.

Aqui estão algumas das questões de maior preocupação para os Surfistas em relação ao corte no meio da temporada:

Uma parte substancial dos Surfistas está muito preocupada que o corte deste ano os deixe com rendimentos reduzidos, após o impacto que este novo formato teve nos seus atuais contratos de patrocínio, com reduzidas perspetivas de requalificação para o CT 2023. Além disso, o nível de premiação em dinheiro nos eventos da Challenger Series (CS) está muito abaixo dos níveis esperados quando o Comitê Especial aprovou o novo formato do CT.

Os Surfistas incorrem em grandes custos, em relação à renda média individual, para competir em eventos de CT e CS, o que torna insustentável.

Em 2020, quando a WSL negociou conosco este novo formato, disseram que os calendários do CT e CS não teriam nenhum conflito. Poderíamos terminar o CT e depois focar no CS. Agora, ter os Surfistas do CT para competir também em eventos de CS resulta num “congestionamento de eventos” para muitos Atletas, que precisam competir em eventos consecutivos de CT e CS, potencialmente afetando negativamente a sua preparação para os eventos restantes do CT.

Além disso, houve um aumento de lesões nesta temporada, o que agrava o problema. Não há transparência em relação ao futuro dos Surfistas que se lesionaram durante/antes do Pipe e não podem fazer o corte, com apenas 2 wildcards de lesão disponíveis. Alguns deles podem nem ter a chance de surfar o Tour, depois de trabalhar/investir tanto para se qualificar. Muitos ainda surfam/competem lesionados na tentativa de se requalificar para o CT do ano que vem.

Não é saudável que atletas de elite venham a competir em tantos eventos num período tão curto. A maioria deles está mentalmente exausta e a saúde mental sempre foi nossa maior preocupação. Como próximo passo para esta petição, os Surfistas gostariam de se reunir o mais rápido possível para discutir estas preocupações. Entendemos que novos formatos precisam ser explorados para tornar o CT sustentável. Também entendemos que o evento em Margaret River foi vendido a um valor premium devido a ter o “cut dramático”, mas não queremos que esse corte aconteça.

Sentimos como surfistas que mostramos a nossa vontade de trabalhar com a WSL, mas a WSL não mostrou muita vontade de trabalhar conosco. Tentamos voltar à WSL com ideias e propostas durante a covid que teriam sido melhores para todos nós. Tentamos ajudar ao encontrar soluções para economizar dinheiro e realizar eventos mais rapidamente, fazer baterias sobrepostas, alterando o formato do round 1/2 para o que é agora, e surfar nos rounds 1 e 2 em más condições na maioria dos eventos para que os eventos possam terminar mais cedo, ou no dia em que a WSL decidir.

Sacrificamos o nosso prêmio em dinheiro duas vezes nos últimos cinco anos, quando concordamos em manter a repescagem no formato de 2018 e evitar o corte no ano passado. Ainda estamos nos recuperando do que passamos o ano passado, quando lidando com os custos mais altos para viajar, devido aos cancelamentos de eventos de última hora, quarentena e outros desafios logísticos.

Também mostramos a nossa disposição ao adotar o conceito de WSL Finals, pois queríamos apoiar a Liga na criação de novos produtos para gerar receita para o negócio.

O corte do meio do ano tornou muito mais difícil ser um surfista do CT do ponto de vista da saúde mental e financeira e não o vemos como um caminho sustentável a seguir.”

Obrigado pela atenção, assinado pelos Surfistas do Campeonato Mundial:

Conner Coffin, Connor O’Leary, Filipe Toledo, Frederico Morais, Griffin Colapinto, Italo Ferreira, Jack Robinson, Jadson Andre, Kolohe Andino, Leonardo Fioravanti, Matthew McGillivray, Miguel Pupo, Morgan Cibilic, Owen Wright, Yago Dora, Callum Robson, Carlos Munoz, Imaikalani DeVault, Jackson Baker, Jake Marshall, Liam O’Brian, Lucca Mesinas, Carissa Moore, Lakey Peterson, Malia Manuel, Tatiana Weston-Webb, Bettylou Sakura Johnson, Gabriela Bryan, India Robinson e Luana Silva.

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