Eleição conturbada

Crise institucional na CBSurf

Confederação Brasileira de Surfe vive momento delicado, com aplicação de medidas judiciais que comprometem a imagem do esporte.

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Adalvo Argolo e Guilherme Pollastri, antigos aliados e agora rivais de chapa.

Mergulhada numa crise sem precedentes, a Confederação Brasileira de Surf (CBSurf), entidade máxima da modalidade surfe no país, passa por um imbróglio institucional marcado por medidas judiciais que comprometem a imagem sadia do esporte.

Com eleições marcadas para o dia 22 deste mês, as chapas capitaneadas pelo presidente afastado Adalvo Argolo, bem como a chapa da oposição liderada por Flávio Padaratz, têm sido duramente questionadas, tornando imprevisível o desdobramento deste ambiente de medidas judiciais.

Se de um lado a chapa que estava na situação é acusada de um continuísmo sem futuro, a oposição também alimenta uma disputa judicial em que o esporte como um todo é o grande derrotado. Neste cenário não ocorre nenhuma pacificação, nem tampouco um consenso político para o próximo biênio.

Por conta de medidas judiciais seguidas, a impressão é que ganham somente os advogados das partes em conflito. Enquanto isso, o grande derrotado é o surfe nacional, os atletas e profissionais envolvidos na estrutura organizacional da modalidade.

Na última eleição, em dezembro de 2020, a chapa Ouro Olímpico foi vencedora. Porém, o resultado foi questionado pelas chapas adversárias – Nação Surf e Surfa Brasil, que se uniram em uma nova chapa chamada Nação Surfa Brasil, acabando por judicializar a eleição, que culminou com o afastamento do presidente em exercício na época, nomeação de um interventor e anulação das eleições anteriores, com a consequente convocação de novas eleições para o dia 22 de fevereiro deste ano, com procedimento eleitoral específico e nova composição da Comissão Eleitoral.

Diante deste quadro de incertezas, a entidade acabou por ficar sem segurança institucional alguma nos últimos meses, afastando potenciais empresas e investidores interessados em se associar ao surfe nacional e impossibilitando-a até mesmo de receber recursos do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), o que acarreta um prejuízo incalculável para o esporte.

Desta maneira, perde o esporte, com demora na eleição e a impossibilidade de novas ações oficiais da CBSurf.

Esse imbróglio jurídico tem sido marcado por afastamentos de presidente, pedidos de impugnação de chapas e apresentação de documentos que vão embaçando cada vez mais o pleito.

Nesta terça-feira (8), acontece uma nova sessão de julgamento, a 15 dias da data marcada para a eleição, sob a alegação de maior transparência no processo. Nesta sessão a Comissão Eleitoral da CBSurf deverá definir quem realmente poderá concorrer (análise e julgamento das impugnações) e também quem poderá votar – definição da composição do colégio eleitoral.

O fato é que, sem uma pacificação, o processo eleitoral não anda e nem tem perspectivas de ter um final feliz para o surfe. Portanto, vale questionar se o melhor para o surfe brasileiro seria uma trégua nesta batalha de poder, de modo que as novas eleições aconteçam no dia 22 em um ambiente de tranquilidade e que inspire segurança institucional.

A única chapa a não interferir judicialmente até o momento é a chapa Novo Surf Brasil, uma tentativa de terceira via composta pela candidatura de Marcelo Barros, presidente da Federação Baiana de Surfe, com Marco Ferragina, da Associação de Surf da Grande São Paulo, como vice na chapa.

Espera-se, portanto, um desfecho favorável ao futuro próspero do surfe brasileiro, de modo que os atletas possam competir em um ambiente sadio e propício para o desenvolvimento progressivo do esporte, sem medidas judiciais de quem quer que seja, para que prevaleça um convívio saudável e sem crises de qualquer natureza.