Nazaré

Visão de dentro d’água

Videomaker Alex Ribas relata experiência de registrar Nazaré, Portugal, de dentro d'água pela primeira vez.

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Quando assistimos um vídeo de Nazaré quebrando nos dias grandes, podemos imaginar a emoção de estar dentro da água em condições extremas como aquela. Mas surfistas profissionais já estão acostumados com tal adrenalina.

Abaixo, publicamos um relato do videomaker Alex Ribas, que esteve nesta temporada em Nazaré para registrar Bruno Santos e teve a oportunidade de entrar para filmar de um jetski de perto as bombas nazarenas.

“A adrenalina subiu imediatamente na hora em que o Bruninho me falou que iriamos ver as bombas de Nazaré de perto. Tensão, alegria, medo, êxtase. Uma mistura de sentimentos desde a preparação até a chegada no line up.

Começando por colocar uma roupa de borracha e o colete, que fizeram me sentir um astronauta. Bruno Santos, Ian Cosenza, Michelle Des Bouillons e Ulisses Pereira preparavam as pranchas, colocavam as vestes enquanto as batidas do meu coração aceleravam. Afinal existe uma diferença brutal entre ondas grandes e gigantes.

Embarcamos nos jets e segui na garupa do experiente Ian, que pilotou com uma suavidade que me tranquilizou muito, apesar das lombadas de água já na saída do canal.

E finalmente chegamos no line-up. Não estava gigantesco, mas estava grande! Ian foi me passando dicas de como as coisas funcionam ali. Correnteza, repuxo, área de escape e posicionamento. Bruninho veio primeiro e pegou algumas boas ondas.

Confesso que filmar do jet era uma novidade para mim, portanto os desafios também. Balanço, gotas na lente, falta de tempo para configurar a câmera e manter o enquadramento ao meio de um verdadeiro turbilhão de água.

“O que a câmera não registrou, vai estar aqui na minha memória para sempre”, fala Alex Ribas.

Eles trocaram quem fica na corda e Michelle pegou umas bombas também. Ulisses foi o terceiro e mostrou técnica e disposição apesar da pouca idade durante sua primeira temporada nas ondas gigantes. Enquanto isso, eu estava ali, aprendendo a cada take, mas acho que deveria ter ao menos o pé preso numa presilha ou algo assim para conseguir usar as duas mãos com mais tranquilidade. Muitas vezes perdia o enquadramento ou não tinha tempo de mexer nas configurações da câmera.

Bruninho pegou mais umas e logo depois foi a vez do Ian descer umas bombas, mostrando que conhece muito o surfe de ondas gigantes. Numa das últimas ondas de Ian, o Bruninho estava pilotando o jet que eu estava e vi o horizonte todo branco. Perguntei: E agora? Ele só falou ‘Segura!’.

Descemos a mil por hora, correndo da verdadeira montanha de espuma e ainda tive a oportunidade de ver um drop de um outro surfista na base da onda. O coração parceria querer explodir, mas Bruninho fez um percurso perfeito. Fomos mais para o inside e depois da série contornamos as espumas até voltarmos em segurança para o outside.

Ulisses pegou mais umas duas ondas e a maior experiência da minha vida chegava ao fim. No final, consegui registrar alguns momentos, apesar de saber que tenho um longo caminho para fazer uma filmagem perfeita com um jetski. Mas o que a câmera não registrou, vai estar aqui na minha memória para sempre.”