Inclusão no Surfe

História de Jade Lie

Conheça a história de Jade Lie e sua iniciação nos campeonatos Para Surfing.

Jade Lie, Campeonato Para Surfing Local, praia do Borete, cidade Itapojuca (PE).

Jade Lie, Campeonato Para Surfing Local Cyclone, praia do Borete, cidade Itapojuca (PE), 2023.

 

“Esse foi seu primeiro campeonato, não ganhou a ponto de receber um troféu, mas ganhou coragem, recebeu carinho e aplausos de muitas pessoas que nem conhecia, se sentiu incluída naquele círculo de surfistas. Mostrou que nem sempre é o troféu, mas também a alegria de viver, superação, e de como fazer sua mãe transbordar de felicidade nessa jornada”, destaca Joca, seu padrasto e coach.

Jade nasceu na Ilha da Magia, em Florianópolis (SC) e com 4 anos de idade, se mudou com os pais para o litoral paulista.

Aprendeu a surfar com seu irmão mais velho, Pedro Tanaka, que a ensinou mergulhar desde pequena e depois começou a levá-la para surfar. Pedro corria campeonatos de surfe e ela sempre o acompanhava.

A surfista tinha uma forte ligação com seu irmão e ele também sempre cuidava dela enquanto os pais estavam trabalhando. Porém, no auge da Pandemia do Covid-19, Pedro sofreu um acidente de mergulho e não resistiu. “Jade sofreu muito, porque era muito ligada ao irmão mais velho, nele ele existia amor e segurança”, conta Ana Tanaka, mãe de Jade.

Amor entre irmãos, Jade e Pedro. @pedro_tanaka / Instagram
Amor entre irmãos, Jade e Pedro.

Durante esses dois anos de luto, o que proporcionava conforto para a família, era o surfe. Que até hoje faz parte do dia a dia e da diversão de Jade e seu padrasto Joca, que tem uma escola de surfe chamada Experiência Litoral, onde oferece aulas de surf, yoga e passeios de barco, em São Sebastião (SP).

Recentemente, a família ficou sabendo que a CBSurf incluiu as categorias síndrome de down, autista e surdo mudo. “Vimos a oportunidade de mostrar que é possível meninas com síndrome de down surfar. Fiquei tão emocionada que comprei as passagens para Recife e juntei minhas economias para ir na primeira etapa. Significava muito para mim, era algo que ia além do ‘surf performance’, era a inclusão da nossa menina”, destaca Ana.

Quando já haviam comprado passagem para Recife (PE), recebem a notícia de que a etapa do Para Surfing foi cancelada e ocorrerá somente no mês que vem em João Pessoa (PB). Mesmo assim, a família decide aproveitar e conhecer a cidade.

Chegando a Recife (PE), ficaram sabendo que estava rolando o Para Surfing local da Cyclone, na praia do Borete (PE), mas sem categoria. Jade participou acompanhada do seu padrasto Joca, surfou três ondas e recebeu um prêmio de destaque.

“Ela se sentiu muito feliz em estar vivendo tudo aquilo, se sentiu satisfeita consigo mesma. Vimos no olhar”, conta a mãe.

Ana também comenta sobre a importância do padrasto nessa nova fase de Jade: “Sem o Joca, o surfe da Jade não seria possível, pois foi com ele que ela ficou de pé pela primeira vez, com a prancha correta e os estímulos corretos para que fosse possível”.

Complementa: “E o olhar que ele tem de fazer com que a Jade não sinta aquela pressão do campeonato faz toda a diferença. E é assim que o brilho dela aumenta, com toda essa técnica misturada com carinho e amor, fez a coragem da Jade aflorar nos campeonatos”.

Ana Tanaka deixa uma mensagem final sobre a história da filha no surfe: “Existem muitas barreiras a serem quebradas para ser atleta de surfe, exposição, medos, falta de patrocínio. Mas o fato de ela ser menina e com síndrome de down, nos mostrou algo muito mais do que pontes a serem atravessadas”.

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