Hang Loose Pro 1987

Lembranças de Tom Carroll

Máurio Borges relembra o aniversário de 32 anos de uma vitória inesquecível de Tom Carroll no Hang Loose Pro de 1987 na praia da Joaquina (SC).

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Tom Carroll no auge de sua forma e no topo do pódio na Joaquina no longínquo ano de 1987.Bruno Alves
Tom Carroll no auge de sua forma e no topo do pódio na Joaquina no longínquo ano de 1987.

Era uma tarde fria, cinzenta e em alguns momentos com uma chuvinha fina que insistia em ir e vir, quando não apertava. Confesso que aquele chuvisco pouco incomodou o público, que continuou protegido na praia com seus guarda chuvas e guarda-sóis improvisados, a fim de acompanhar os últimos confrontos daquele domingo, 13 de setembro. E posso garantir que quem ali estava, voltou de alguma maneira diferente pra casa.

Após um início de semana com boas ondas o mar foi baixando até as finais. E se na área do campeonato, bem em frente ao palanque, as ondas haviam sumido, restava ondas inconstantes de até 1 metro, em direção ao meio da praia, mas em uma condição não muito animadora.

Nesse cenário, os australianos Tom Carroll e Mark Sainsbury são chamados pelo locutor, ao som de Sunday Morning, do Bolshoi, uma até então desconhecida banda inglesa que havia lançado essa música no ano anterior e se tornou a trilha sonora da segunda edição do Hang Loose Pro Contest para depois explodir nas Fm’s Brasil afora.

Tom e Sainsbury caminham pela areia com semblantes fechados, concentrados, cercados de alguns seguranças e distantes de todo frenesi causado pelo momento especial e com os olhos voltados para o mar. E o que se viu na sequência daqueles instantes, mudou definitivamente a forma de se abordar uma onda.

A performance de Tom foi avassaladora! Seu approach na remada, a troca de borda a cada manobra – gerada pela força e explosão das suas pernas – sem falar nas conexões precisas para passar do outside ao inside (naquela época o trecho percorrido na onda valia nota). Tom embalava com total domínio a sua Byrne e manobrava em qualquer espuma que surgisse a sua frente, para em seguida, mudar de direção e reconectar com velocidade e precisão qualquer outra coisa que se movesse. Tom literalmente criava a onda… Ainda lembro do silêncio ensurdecedor que tomou conta da praia, e o público atônito, boquiaberto, se quedou paralisado.

Bicampeão mundial nos anos de 1984 e 1985, Tom passou praticamente desapercebido na primeira edição do Hang Loose Pro Contest em 1986 ao perder de forma prematura ainda na primeira fase para o novato David Eggs. Restou-lhe então cair nas festas e nas loucuras mundanas até altas horas da madrugada nas noites quentes da Ilha, principalmente na boate Chandon, no centro da cidade, em parceria do peruano Magoo de La Rosa, para no ano seguinte, triunfar em alto estilo.

Há exatos 32 anos de uma vitória memorável, essa performance inesquecível precisa ser lembrada, reverenciada, celebrada. Carroll, ao final daquele longínquo ano de 1987 não conseguiu reconquistar o título de campeão mundial. Mas isso é uma outra história…

Importante dizer que quem esteve lá na Joaquina jamais irá esquecer o que viu e as transformações que se sucederam desde então.

Obrigado, Tom!
Foi um imenso prazer assisti-lo no ápice da sua forma.
Vida longa, eterno campeão!