Museu do Surfe de Santos

As inovações de Greenough

Conheça a história de George Hamilton Perkins Greenough, shaper que revolucionou as pranchinhas na década de 60.

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Nascido em 6 de novembro de 1941 em uma rica e bem relacionada família da cidade de Montecito, na Califórnia (EUA), George Hamilton Perkins Greenough aventurou-se desde muito cedo nas águas que banham a baía de Santa Mônica.

Greenough iniciou no surfe e no final da década de 1950 passou a experimentar o kneeboard. Sua intenção era estar mais próximo das ondas e sentir a velocidade que ela proporcionava. Seu interesse pela hidrodinâmica conduziram o surfista para os experimentos fora d’água.

Ele passou a fabricar as próprias pranchas e ao longo da vida aprimorou os equipamentos. Greenough ainda estava no Ensino Médio quando acrescentou uma quilha na sua prancha, no formato de uma barbatana de um atum, um peixe rápido e manobrável. A nova quilha era quase um terço menor do que as quilhas tradicionais. Além disso, por ser mais flexível, permitia que a energia fosse armazenada e depois liberada nas suas curvas, funcionando como uma mola. O experimento deu certo e Greenough alcançou níveis no surfe acima do padrão da época.

Em 1964, aos 23 anos, ele visitou a Austrália e conheceu Bob McTavish e Nat Young. Os surfistas ficaram entusiasmados com a exibição de Greenough sobre sua kneeboarder e Nat Young resolveu apostar na nova quilha. Foi com ela que Nat disputou e venceu o Campeonato Mundial de 1966, em San Diego. Bob considerou aquela pequena invenção de Greenough uma grande revolução.

Ao mesmo tempo, Greenough evoluiu na construção das pranchas, tornando-as semelhantes às suas kneeboards. O resultado foi o encurtamento de suas pranchas de surfe e o formato de colher (spoon), com 1,5 metro de comprimento, 23 polegadas de largura e rabeta estreita. Seus inventos causaram a revolução das shortboards entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970.

A obsessão pela melhoria do desempenho das pranchas levou Greenough à novas criações, entre elas a adaptação de uma câmera de filmar em alta velocidade presa aos ombros do surfista, um embrião da GoPro atual. Ele tentou, antes de tudo, integrar o surfista à natureza, na velocidade, no movimento e na magia das ondas. Seu filme The Innermost Limits of Pure Fun usou imagens e sons captados de dentro do tubo e deixou os surfistas alucinados durante a exibição. Foi o primeiro filme a levar o público literalmente para o universo e interior das ondas grandes.

Os efeitos captados ainda influenciaram a banda inglesa Pink Floyd. A banda ficou tão animada que ofereceu o seu repertório para o próximo filme do surfista. Em 1971, Crystal Voyager, um filme levemente autobiográfico, roteirizado por Greenough, mostra sua busca por novas e enormes ondas. Greenough conseguiu aproveitar o talento do Pink Floyd para compor as trilhas sonoras do filme. Isso porque um suposto encontro na Austrália sacramentou o uso de Echoes, principal música programada para Meddle, álbum lançado na época, numa das melhores sequências do filme.

O surfe moderno deve muito à mente curiosa de George Greenough. O inovador surfista reside em Byron Bay, na Austrália.