Snowsurfers

Descidas de gelo

Surfistas trocam as ondas pelas montanhas durante encontro anual do snowboard brasileiro no sul do Chile.

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No topo das montanhas geladas, o capacete, botas, roupas de frio e óculos protetores estão no lugar das bermudas, lycras ou roupas de neoprene no momento do drop.

Desde a origem do snowboard é inegável a semelhança entre esse esporte e o surfe. O prazer de deslizar sobre uma prancha nas ondas, apenas alguns segundos, é tão intensa que a busca por curtir uma das sensações mais nobres dos esportes ultrapassa o nível do mar e da orla marítima.

Desde os anos 1960, cada vez mais surfistas sobem as montanhas para dropar e reproduzir as manobras do surfe.

Gerry Lopez, Laird Hamilton, Darrick Doerner, Johnny Boy Gomes, dentre outros, são exemplos de surfistas que optam por deixar de lado as tumultuadas ondas havaianas para curtir o sossego e as manobras nas longas descidas das montanhas nevadas, onde as palavras “crowd” e “haole” perdem o significado negativo.

Em família, tudo junto e misturado

Nada como ter o privilégio em desfrutar uma session de surfe em família. Quem não gostaria de estar lado a lado com filhos e esposa ou marido batendo papo entre uma série e outra? Depois da praia, relembrar frações de segundos lúdicos que se eternizam na mente pelo resto da vida.

Que delícia…

Hoje, com o crescimento do esporte e aumento do número de praticantes é mais fácil momentos como esses virar realidade. Afinal, há muito mais famílias adeptas aos esportes outdoors e ao surfe.

Outra forma de compartilhar esses momentos é nas montanhas e nas estações de ski.
Várias famílias se organizam e economizam dinheiro para encarar as viagens para neve, tudo para aproveitarem os esportes em um ambiente agradável e saudável perto da natureza.

Para nós do Brasil, uma oportunidade em curtir com a família e amigos as emoções do surfe na neve é o Campeonato Brasileiro de Snowboard, que está em sua 24º edição. Esse evento é organizado pela Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) e acontece pelo quarto ano consecutivo nas encostas do Vulcão Lonquimay, em Corralco, uma estação de ski no Chile.

Depois de encarar um voo internacional, outro de Santiago a Temuco, e mais duas horas e meia passeando de carro, você chega ao Parque Nacional das Araucárias Milenares, em meio a árvores que podem chegar a mais de 3 mil anos. Um hotel cinco estrelas é a base temporária de grande parte de surfistas que trocaram a areia da praia para a neve.

O preço é de US$ 160 por dia, o que dá direito a estadia, um belo café da manhã e o jantar, meia pensão, promocional para quem está no campeonato. Normalmente é bem mais caro…

A cada ano que passa mais amigos se reúnem para esse evento e junto a nova geração de fissurados por pranchas. Muito bacana ver a molecadinha sob a batuta dos “pais instrutores”, se superando e fortalecendo o conceito multiesportivo.

Apesar desse evento ser um campeonato é a oportunidade em interagir com amigos e trocar informações e adquirir mais habilidades nas clínicas com experientes esportistas como a atleta olímpica Isabel Clark Ribeiro.

Cada um no seu nível, isso que é legal.

Nas diferentes texturas de neve, a neve fofa, onde a prática do snowboard é mais parecida com a sensação de surfar, pode ser considerada como uma seção épica de surfe em ondas perfeitas. É claro que nem sempre a condição está perfeita para uma sessão de neve fresca, mas nem por isso é menos divertido e desafiador.

Já nas rampas de saltos no “big air” ou nas pistas de boarder cross, mesmo com a neve mais dura, onde o controle da velocidade e técnica de curvas usando bem as bordas da prancha, o treinamento da habilidade funciona muito bem para o equilíbrio e para o “board drive” , a pilotagem da prancha no surfe nas ondas do mar. É muito fácil no snowboard se imaginar surfando uma longa onda.

Uma dica para quem quiser conhecer mais os esportes de neve é entrar em contato com o Snow Club, um plano de benefícios que pode facilitar a viagem de quem quer conhecer bons esquemas para as trips de snowboard.

E vale lembrar que nos esportes de prancha, mais importante que exibir a performance, é sentir o prazer em se superar, arriscar e conseguir a nova manobra. Essas referências de conquistas estão acima da competitividade e é definitivamente o que interessa na essência da palavra diversão.

Conceito que não deve ser esquecido, em uma época onde se tornar esportista profissional e viver do esporte parece ter virado mais importante que o prazer em simplesmente estar sobre uma prancha, compartilhando o esporte e a natureza com os familiares e amigos.

Bons drops!