Espêice Fia

Velha guarda em Barra Velha

Roni Ronaldo e Saulo Lyra, Seletiva Master 2011, Barra Velha (SC)

Falta pouco mais do que um mês para o Mundial Master da ISA em El Salvador. Na busca por um bom time, a CBS (Confederação Brasileira de Surf Amador) realizou em parceria Fecasurf (Federação Catarinense de Surf) a terceira etapa da seletiva no último final de semana no Balneário de Barra Velha, Norte do estado de Santa Catarina.

Com a etapa fechada e divulgada há cerca de três semanas, alguns atletas não conseguiram se organizar para viajar e participar. Mesmo assim, surfistas de peso marcaram presença e as disputas continuaram acirradas. Tinha gente do Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, e, é claro, Santa Catarina. Foi sentida neste evento, principalmente em seu estado de origem, a ausência de Flávio Padaratz.

Há rumores de que ele e outros surfistas, na tentativa de chegar ao evento no sábado de manhã, acabaram “entalados” na BR-101 devido a um enorme congestionamento. Mesmo com o evento começando às 10 horas, não conseguiram chegar. Não sei se o fato também se deu para Ricardo Tatuí, pois havia falado com ele durante a semana em que o mesmo estava na cidade de Garopaba, Sul do estado.

De fato, por ter sido em “cima da hora”, o número de surfistas foi menor do que nas outras duas etapas iniciais. Isso fez com que a organização realizasse o evento em um único dia, no sábado. As ondas estavam coladas durante a semana, mas começaram o dia subindo.

Encontrei o surfista catarinense Carlos Santos no saguão do hotel na hora que ia para o treino matinal, logo o relato foi: “Mano, está flat, nem sei se vai rolar hoje”.

 

Chegando à praia, um único surfista se encontrava no outside, era Álvaro Bacana. Quando descia uma ladeirinha de terra rumo à praia, Bacana pegou uma onda e vi que o negócio estava diferente do que Carlinhos havia relatado. De fato o mar estava reagindo, pois ele havia dito que pegou até um tubo. “Foi mesmo?”. Indaguei. Achei que ele estivesse zoando, mas a verdade foi confirmada por um molequinho local que entrou no pico logo em seguida.

As primeiras baterias foram da categoria Master, que tiveram dois rounds classificatórios. Já que as demais, entraram direto nas semifinais, sendo que a Grand Kahuna apenas dois participantes marcaram presença: Odalto de Castro, do Ceará, e Jorge Bittencourt, da Bahia.

 

Odalto, que havia tido um infarto antes do evento em sua terra natal e não participou daquela etapa, mostrou que está com a saúde em dia e venceu a disputa. Mas com o segundo lugar, é Jorge quem encabeça a atual liderança da categoria.

Até o começo da tarde, a superfície do mar estava lisinha, porém o vento maral foi apertando à medida que o funil competitivo fazia o mesmo. Na final Grand Master as condições estavam bem difíceis. As ondas balançavam bastante e dificultaram um bocado a peformance. Consegui uma onda boa e uma regular durante a disputa contra Jojó de Olivença, Marcio Zanotti e Junior Marciel.

 

No outside havia uma laje que fazia a onda quebrar. O ponto do drop causava um certo transtorno, pois além da disputa em si, tínhamos que nos antenar para remar e dropar na hora certa, caso contrário a espuma nos engolia ou ficávamos para trás. Foi assim que perdemos a melhor série da bateria. Jojó era o que estava mais posicionado e não conseguiu pegar nenhuma onda, eu que vinha voltando do inside e de certa forma já cansado, também não consegui entrar.

Achei que ninguém surfou bem nesta bateria devido às condições. Para minha sorte, foi difícil tanto para mim quanto para os outros. Juninho não se achou, Zanotti também não e Jojó, que pegou a última onda, não conseguiu virar.

Sorte a minha, que marquei mais 1.000 pontos e entrei na briga da classificação para tentar ir ao Mundial em La Libertad. Se essa bateria não foi lá estas coisas, na final Grand Kahuna ja vi melhores ondas. David Husadel, em casa e com boas manobras, bateu Cardoso Junior, do Ceará, Sergio Penna, do Rio, e seu conterrâneo Saulo Lyra.

Mas foi na final da Master que o bicho pegou. Bateria disputadíssima, todos os atletas pegaram boas ondas apesar do mar picado. Jojó abriu na frente com 8.00 pontos e Roni Ronaldo com um 7.00. O baiano vinha sempre “zigue-zagueando” bonito, já Roni e Bacana (estreante na Master), desferindo boas pancadas. Juninho Maciel surfou leve, tal seu peso pena e, talvez por isso, não tenha conseguido boas notas apesar das boas ondas que pegou.

Correr duas, três categorias por evento é coisa para moleque quando ainda amador. Será?

Alguns atletas Grand Master optam por correr também a Master. Nessa, o cansaço aparece. Algumas vezes ajuda pelo treino constante, às vezes pode atrapalhar, mas o fato é que Jojó mesmo relatando estar cansado antes da final, venceu a disputa e segue na liderança do ranking Master como candidato máximo a representar nosso país em El Salvador.

A próxima parada será entre os dias 1 e 2 de outubro no estado do Rio de Janeiro. Masters de todo o Brasil, vamos marcar presença para terminarmos o circuito com chave-de-ouro e levarmos um time de primeira!

“Inté…”

 

Resultados da Seletiva Master para o Mundial da ISA

 

Master

 

1 Jojó de Olivença (BA)

2 Álvaro Bacana (MA)

3 Roni Ronaldo (SC)

4 Junior Maciel (SC)


Kahuna

 

1 David Husadel (SC)

2 Sérgio Penna (RJ)

3 Cardoso Júnior (CE)

4 Saulo Lyra (SC)

 

Grand Master

 

1 Fábio Gouveia (PB)

2 Jojó de Olivença (BA)

3 Marcio Zanotti (ES)

4 Júnior Maciel (SC)

 

Grand Kahuna

 

1 Odalto de Castro (CE)

2 Jorge Bitencourt (BA)

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