Ralando a espuma

Por dentro da prancha

Rogério Arenque fala sobre a importância no processo de fabricação de uma prancha e na valorização dos profissionais.

Pranchas de surfe são simples? Nem tanto. Seu propósito é simples, sem delongas, são feitas para trazer diversão e alegria.

A princípio, a prancha deve possuir duas características trabalhando em harmonia: velocidade e manobrabilidade.

Velocidade envolvendo poder de remada e projeção na onda e manobrabilidade envolvendo todas as curvas que se queira executar no decorrer do trajeto. É aí que a coisa começa a complicar e a simplicidade vai por água abaixo.

 

A grande variedade de designs e materiais oferecidos no mercado de hoje em dia, podem ser uma benção ou uma maldição para o surfista. Verdade seja dita: 90% dos surfistas não fazem idéia de como equalizar essa quantidade enorme de variáveis e diversidade de materiais, ficando completamente à mercê do que lhes é apresentado. 

 

Lidando praticamente com a sorte na maioria das vezes, o surfista pode encontrar um fabricante comprometido com o desempenho e qualidade ou simplesmente cair no conto das inúmeras campanhas de marketing que assolam o mundo das pranchas. Inicialmente, para se ajudar, o surfista deve ter em mente alguns fatores: muitos deles influenciam no comportamento de sua prancha, mas só a combinação desses fatores é que trará o parecer final.

 

Elementos isolados não representam a característica do conjunto. Mesmo a rabeta, para a qual se atribui muita influência, depende de outros fatores para influenciar de maneira significativa a performance das pranchas.

Pranchas são essencialmente feitas para surfar, ela pode até ficar linda e maravilhosa no canto de sua sala, mas a não ser que seja essa sua intenção, precisa ter conceito e comprometimento na fabricação para funcionar adequadamente.

Pranchas retrô têm conceitos definidos, não basta misturar aleatoriamente características de épocas diferentes, laminando com qualquer pigmentação e chamá-las de “retrô”. É necessário respeitar as características de cada fase para que o surfista possa realmente experimentar o “feeling” de cada época, revivendo a evolução das pranchas e da performance.

 

O barato sai caro, essa máxima se aplica à qualquer mercado e com as pranchas não poderia ser diferente. Trabalho bom não é barato e trabalho barato não é bom. Matéria prima barata não é boa e matéria prima boa não é barata. Laminadores, lixadores e shapers competentes devem ser valorizados.

 

Lembre-se que a prancha é feita quase totalmente de forma artesanal e a mão de obra aplicada é de extrema importância. Todo cuidado é pouco nesse campo, seu shaper local pode usar material importado na sua prancha por um preço muito menor que o de uma marca gringa licenciada no Brasil, que muitas vezes tem pouquíssimo comprometimento no aspecto da matéria prima que quase nunca são feitas com o mesmo material com que são fabricadas em seus lugares de origem. Procure saber qual material estará na sua próxima prancha, as diferenças vão muito além da vida útil, na verdade são determinantes também no que se refere ao desempenho.

Portanto, sempre tenham em mente, a habilidade e experiência do seu shaper, o comprometimento dele com sua equipe e a qualidade do material empregado. Esses fatores serão fundamentais para evoluir seu surfe, trazendo mais satisfação para o surfista, em qualquer nível de habilidade.

 

Texto escrito por Rogério Arenque e Adriano Garcia (Macarrão).

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