Pneumonia tira vida de Francisco Rosa

Outro local da Rocinha, Bruno Pão Rodrigues, durante a semifinal

O bodyboarder cearense Francisco Rosa, um dos melhores atletas brasileiros até hoje, faleceu nesta quinta-feira (dia 25) à noite, no Guarujá, vítima de pneumonia.

Fatalidades da vida, um bodyboarder experiente, que surfava todos os dias, vivia no mar, morrer de pneumonia.

Francisco Rosa tinha 32 anos e foi o primeiro nordestino a brilhar no cenário nacional. Fez várias finais no Circuito Brasileiro, sempre chegando nos campeonatos como favorito.

Ele faleceu às 18h55 – com infecção, que causou a falência de múltiplos órgãos. A opinião sobre Rosa sempre será unânime: uma pessoa muito boa, sem inimigos.

Vida longa à memória de Francisco Rosa
Por Washington Teixeira wash-ro@iron.com.br

“Caramba, meu!!! Quem é esse cara, brother!!!!??? Irado!!! Só porradão, o cara é muito solto!!!”. Foi assim que nos conhecemos em meados dos anos 80, na praia do Pernambuco, Guarujá, depois de uma inspiradíssima session entre uma e outra bateria do campeonato Phillipines.

Estávamos com Gustavo Antunes, Charles Nascimento, Maneco, André Torquato, Emílio Mansur, Sérgio Fat e mais uma galera de São Paulo. Já nem me lembro todos os nomes dos que começavam a se atirar nas competições, os quais já admirava das revistas e informativos da época. Entre eles, uma pessoa que para mim seria a encarnação do espírito guerreiro e ousado do nosso esporte. Um cearense típico, de sorriso franco, contador de história e piadas, fácil para fazer amizades.

Conseguia até mesmo tornar a gagueira em marca registrada, assim como seus potentes “ell-rollos”. Naquele dia, quando saiu da água, para nosso espanto, veio até nós pobres mortais, para se enturmar com a plebe locaL. Essa pessoa era Francisco Rosa. Ontem, dia 25 de janeiro do primeiro ano do terceiro milênio, quando todos deveríamos estar ainda festejando o nascimento de uma nova era, estávamos chorando o desaparecimento deste nosso estimado e eterno amigo. Queria que todos pudessem lembrar dele como eu, pois ele significava ainda um pouco do que resta do bodyboarding como essência, amor, busca e integração.

Agora nos resta refletir e lembrar que mesmo na entrada de um novo milênio, certos males como o que vitimou Rosa ainda assolam e rondam nossas vidas, além de como é importante e gratificante estar aqui para contar nossas histórias e apreciar a vida. História esta que me remete à cada Copa Cavalo Marinho, etapas do brasileiro de bodyboarding, campeonato mundial e trips em que nos encontramos, rimos e talvez tenhamos até discutido… mas, sempre procurando nos divertir, criando as bases de um esporte forte, para que houvesse cada vez mais eventos e que assim todos pudessem se encontrar cada vez mais e mais.

E deste modo passaram-se os anos paralelamente aos eventos e fomos tendo cada um nossas vidas, nossos trabalhos, esposas e filhos ? no meu caso. Mas sempre admirei a capacidade dele se renovar sempre e se manter continuadamente entre os top bodyboarders do País, presente em todos os mais importantes eventos. E era isso que gostaria de ver encarnado em todo ser que respira bodyboarding, pois tenho certeza que se cada um ter apenas um pouco deste espírito, como tinha nosso amigo Rosa, podem estar certos que daqui em diante podemos realmente trabalhar por um novo milênio mais justo, com mais saúde, mais atenção dos poderes públicos, mais justiça social, muita onda, muitas trips e muitos eventos.

Tenho certeza que tudo que Rosa nos deixou de bom servirá como um ensinamento do tamanho da dor que está no coração de quem sempre torceu por ele e de seus familiares. Vida longa ao bodyboarding.

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